Duas peças de Harold Pinter
Por Pedro Fernandes Toda criação artística resulta de uma obsessão do seu criador. No caso de Harold Pinter – apesar de não nos encontrarmos diante de um criador de narrativas – sua obsessão foi a linguagem. Essa preocupação não se é demonstrada a partir de um exercício estilístico no que isso possa significar num trabalho com a gramática de uma língua; essa preocupação se demonstra numa dimensão mais profunda porque se relaciona com um interesse de esgarçar, a partir das condições comunicativas mais triviais aquelas possibilidades que dizem ser a comunicação a mais perfeita das criações. Harold Pinter parece zombar desse preceito ou tomar como tese a constatação de que o caos é ordem da comunicação ao colocar em suspenso – seja pela repetição, pelo artificio da dúvida ante o dito ou mesmo pelo questionamento direto sobre as maneiras de dizer – a linguagem. Para isso, trabalha com as sentenças mais objetivas possíveis, aquelas usuais e pragmáticas do nosso cotidiano no