Boletim Letras 360º #238
Na postagem 469 do Instagram do Letras oferecemos aos nossos leitores a opção de escolher dois títulos para integrar parte da próxima promoção a ser realizada pelo blog. Esperamos sua opinião. E em breve apresentamos a novidade no âmbito dos nossos 10 anos. Fique atento!
O boom Margaret Atwood. A escritora canadense alcança o auge com a expressiva expansão da sua obra para a TV e a redescoberta de seus livros. No Brasil, depois de O conto da aia é reeditado Vulgo Grace. |
Segunda-feira,
25/09
>>> Brasil: Reedição de
Vulgo Grace, de Margaret Atwood
Embalada
pelo estrondoso sucesso de O conto da aia (adaptado recentemente
como um seriado), a Editora Rocco,
amplia o gosto dos leitores que redescobrem a obra de Margaret Atwood com a
reedição de Vulgo Grace. A obra também ganhará adaptação como série
para TV. O romance foi escrito partir de um caso real ocorrido no Canadá na
década de 1840 e conta a trajetória de Grace Marks, uma criada condenada à
prisão perpétua por ter ajudado a assassinar o patrão, Thomas Kinnear, e a
governanta da casa, Nancy Montgomery. A história contada por Margaret Atwood
tem início em 1859, quando a protagonista Grace já está presa. James McDermott,
também condenado pelas mortes, há muito fora enforcado. Grace mora no presídio,
mas devido ao bom comportamento, trabalha durante o dia na casa do governador
da penitenciária em uma Toronto do século XIX com costumes bastante
tradicionais. Apesar de iletrada, os relatos que Grace faz, de próprio punho,
em diários e cartas, e seu bom comportamento em todas as instituições por onde
passou, impressionaram clérigos, médicos e políticos da época. É nessa época
que chega à cidade um médico interessado em doenças mentais e em estudar o
comportamento dos assassinos. Dr. Simon Jordan está ali para coletar
depoimentos de Grace. Se conseguir ir adiante, pretende descobrir se ela mente
ou se realmente tem problemas de memória, que a impedem de se lembrar do que
aconteceu no dia da morte do Sr. Kinnear e de Nancy.
>>> Brasil: Um nova
edição e tradução da peça Cavaleiros, de Aristófanes
Esta é a
quarta peça escrita pelo autor grego, mestre da antiga forma de drama conhecida
como Comédia. A peça é uma sátira da vida social e política da Atenas clássica
durante a Guerra do Peloponeso, e neste ponto tem o perfil típico de todas as
primeiras peças do autor. É única, no entanto, por ter um número relativamente
pequeno de personagens, concentrando sua ação principalmente num só homem, o populista
pró-guerra Cléon. Cléon havia processado Aristófanes por caluniar a pólis numa
peça anterior, Babilônios (de 426 a.C.), o que fez o jovem
dramaturgo jurar vingança em Acarnianos (425 a.C.). A vingança veio
no ano seguinte, com Cavaleiros – uma peça muito fundamentada pela
alegoria e considerada por pelo menos um estudioso moderno como 'um fracasso
constrangedor'. Com este trabalho Aristófanes conquistou o primeiro prêmio no
festival das Leneias. Uma edição bilíngue com tradução de Ana Maria César
Pompeu é publicada pela Editora Substânsia.
Terça-feira,
26/09
>>> Colômbia: Recuperado
filme roteirizado por Gabriel García Márquez
Tiempo de
morrir, a obra-prima do diretor mexicano Arturo Ripstein inaugurou o Festival
de Cinema Latino-americano de Biarritz; trata-se de uma versão restaurada,
rodada em preto-e-branco, de um western cuja apresentação data de 1965. O
roteiro do filme e o texto é do escritor Prêmio Nobel de Literatura, este
último composto ao lado do amigo Carlos Fuentes. O festival homenageará García
Márquez com outra versão de Tiempo de morrir e Edipo alcalde – estes dois
filmes dirigidos por Jorge Alí Triana. O evento presta assim um tributo à face
cinematográfica do escritor.
>>> Brasil: Um mergulho
no eu de Moacyr Scliar
Uma “deliciosa autobiografia sui generis”, assim define a L&PM
Editores, autora da edição. Moacyr Scliar – ficcionista, autor de vários
clássicos brasileiros e um dos nomes nacionais mais publicados em todo o mundo
– abre seu coração e sua vida. Partilha conosco da sua infância aos anos de
maturidade, tudo permeado por histórias: as que leu (e que o formaram) e as que
escreveu. Eis Uma autobiografia literária. O texto, ou: a vida.
Quarta-feira,
27/09
>>> Brasil: Dois livros
inéditos do H. G. Wells saem pela Editora Carambaia
Como
anunciado por aqui noutra ocasião, eis agora, a ideia pronta. A Caixa H. G.
Wells reúne os livros A Guerra no Ar" e O Dorminhoco.
São obras nas quais o autor, como ele mesmo explica em um dos prefácios, cria
"fantasias sobre possibilidades". Os romances, inéditos no Brasil,
são distopias nas quais, com seu conhecido vigor imaginativo, H. G. Wells
descreve cenários futuristas apocalípticos, revelando sua visão sobre o impacto
do desenvolvimento de tecnologias bélicas e relações de poder na sociedade do
século XX. O primeiro, de 1908, é um romance considerado premonitório, em que
Wells antecipa uma guerra com a utilização de máquinas voadoras e bombardeios
aéreos, algo tecnicamente inexistente até então. Ataques aéreos desse tipo só
se tornariam realidade a partir de 1914, durante a Primeira Guerra Mundial. Já
em O Dorminhoco, escrito em 1899 e com uma segunda versão em 1910,
narra a história de um inglês insone que, depois de muito custo, cai no sono.
Ele dorme em 1897 e acorda em 2100, em uma megalópole. Esse cenário do futuro
descrito por Wells inspirou o filme Metrópolis, de Fritz Lang
(1927). Woody Allen também se baseou no enredo distópico de Wells para criar o
roteiro de O Dorminhoco, de 1973.
>>> Brasil: Uma crônica
lúcida e dolorosa de resiliência e desespero que discute a todo o momento sobre
o lugar do povo judeu e sua cultura no mundo
O romance
Por dois mil anos sai pela Editora Amarilys. De tintas
autobiográficas e em registro de diário, é a obra mais conhecida de Mihail Sebastian. Seu protagonista, um jovem judeu cujo nome jamais é mencionado,
registra seu contato com diferentes facetas da sociedade romena ao longo dos
anos, naquilo que chama de “um tempo de espasmo” – o período entre guerras
que testemunhou a ascensão do fascismo e colocou em xeque a intelectualidade
europeia. Da universidade, onde tentava passar despercebido pelos grupos de
agressores antissemitas, à vida profissional adulta, o protagonista convive e
conversa com reacionários, revolucionários, fanáticos e libertinos, sem jamais
se identificar com nenhum grupo particular. Mas isso não o impede de perceber
que nem amizades de longa data nem um esforço de assimilação o protegem de ser
visto como um pária.
Quinta-feira,
28/09
>>> Brasil: Uma nova
edição de Gilgámesh
Ele que
o abismo viu é uma das versões do mito de Gilgámesh, a que é atribuída a
Sin-léqi-unnínni (séc. XIII a.C.), considerada a mais completa e importante
dessa tradição acádia, preservada em tabuinhas de argila que foram descobertas
entre 1872 e 2014. O texto, traduzido do acádio e anotado por Jacyntho Lins
Brandão, traz para o leitor brasileiro a mais ampla reconstrução do poema, que
é o mais antigo registro literário que conhecemos. Na tradição que remonta a
mais de quatro mil anos, ele é anterior a Homero, a Hesíodo e aos textos
bíblicos. Nesse longo (e ainda fragmentário) poema encontramos, já elaborados
de forma sofisticada, ideias, valores e leituras do mundo – além de vários
mitos que aparecerão na tradição literária posterior, como a criação do homem a
partir da argila, o dilúvio e a construção de uma arca para salvar as
criaturas, humanos e animais. A edição é da Autêntica
Editora.
>>> Brasil: Mais um
livro profundamente afetivo e lírico do escritor Bartolomeu Campos de Queirós
ganha edição pela Global Editora
E segue o
mesmo projeto gráfico editado pela extinta editora Cosac Naify. A narrativa de
Elefante flui em um ritmo leve e poético e aborda a temática do
amor. O narrador da história nos conta como um pequeno elefante invade o seu
sonho sem pedir licença e, desta relação, no plano onírico, nasce um diálogo
entre os dois. Ele entrou no meu sonho, sem licença. Chegou pequenininho
como se fosse filho da insignificância. Seu andar perdido, pisando dúvidas,
parecia transportar o passado em suas costas. Por meio da conversa do narrador
com seu inconsciente, emergem do texto sonhos, planos, perigos, mistérios e
medos. Antes a mesma casa editorial havia apresentado Vermelho
amargo, cf. anunciamos por aqui noutra ocasião.
Sexta-feira,
29/09/17
>>> Brasil: A Mona Lisa nua? Seria este um esboço realizado por Leonardo Da
Vinci
O arquivo
estava desde 1862 numa coleção de arte renascentista no Museu Condé, no Castelo
de Chantilly, a norte de França, reporta a BBC. La Gioconda (outra da
designações para o famoso quadro de Da Vinci) é uma das mais conhecidas obras
de arte da humanidade e este esboço poderá ser mais uma pista para confirmar a
identidade da mulher que figura na pintura a óleo. Uma das dúvidas quanto ao
trabalho “em parte” do esboço por Da Vinci, segundo o curador Mathieu
Deldicque, em declarações à AFP, citado pela mesma publicação britânica, é que
uma parte do desenho foi feito “com a mão direita” e o pintor era canhoto. No
passado, uma pintura da Mona Lisa nua já tinha sido atribuída a Da Vinci, mas
esta é a primeira vez que há tanta confiança por peritos na atribuição ao
pintor de um desenho do gênero.
>>> Brasil: Saint-Exupéry
viandante. Nova tradução para Em Correio Sul
O escritor
francês registra sua experiência como aviador comercial e descreve a rotina dos
primeiros bravos homens a se arriscarem como pilotos do correio aéreo. A obra,
publicada originalmente em Paris em 1929, ganha nova versão com tradução e
projeto gráfico inéditos. Nesta aventura, o autor francês cria Jacques Bernis,
um aviador solitário e oprimido pela árdua e monótona labuta como piloto de uma
agência postal, que inaugura uma nova rota ligando a Europa à África. Ao narrar
os dramas do personagem, Saint-Exupéry contrapõe a eles a rotina exaustiva do
correio aéreo. As constantes viagens de Bernis lhe tiram a paciência necessária
ao trabalho, e o fazem perder-se entre memórias e fatos, a ponto de ele não
poder mais distinguir se sobrevoa o deserto ou suas lembranças. Correio Sul, o
primeiro romance do autor, tem a história de amor entre Bernis e a mulher
casada Geneviève, que rejeitada pelo marido após uma tragédia encontrou abrigo
nos braços do piloto. Traduz a obra Jonas Tenfen.
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