Boletim Letras 360º #235
Bom reencontrar você novamente por aqui para inteirar sobre o que se passou durante outra semana de atividades do blog Letras in.verso e re.verso no ambiente do Facebook. Essas notícias foram as últimas publicadas por lá e agora aqui reunidas para o conforto daqueles que não conseguiram acompanhá-las em tempo real ou mesmo porque queiram reencontrar certa novidade partilhada. Boas leituras!
António Lobo Antunes, destacado dentro e fora de Portugal: na terra natal, um novo romance; no Brasil, a reedição de um de seus mais importantes títulos. |
Domingo,
03/09
>>> Estados Unidos: Morreu John
Ashbery
A informação
foi confirmada pelo companheiro do poeta, David Kermani. Vencedor do Prêmio
Pulitzer em 1976 e muitas vezes mencionado como forte candidato ao Nobel,
morreu em sua casa em Hudson, Nova York. Nascido em Rochester, Nova York, em
1927, escreveu mais de 20 títulos. Praticou um tipo de poesia vanguardista e
experimental, em certa medida controvertida por seu estilo complexo. Poucos
poetas foram tão exaltados em vida; e Ashbery foi o primeiro poeta vivo a ter
um volume publicado pela Biblioteca Nacional dos Estados Unidos dedicada
exclusivamente ao seu trabalho. Self-Portrait in a Convex Mirror (Autorretrato num espelho convexo), sua obra mais conhecida, além
do Pulitzer, obteve outros dois dos mais importantes galardões literários em
língua inglesa: o National Book Award e o National Book Critics Circle Prize; e
em 2011, foi-lhe atribuída a National Humanities Medal e reconhecido o mérito
por mudar "o modo como se lê poesia". De uma geração que incluiu
Richard Wilbur, W. S. Merwin e Adrienne Rich, ele se destacou por sua audácia e
por seu jogo de palavras, por suas variações modernistas, por seu humor,
sabedoria e deslumbrantes alusões e impressões sensoriais. O Letras preparou um perfil do poeta, disponível aqui.
Segunda-feira,
04/09
>>> Brasil: Uma
Noite, Markovitch, primeiro romance de Ayelet Gundar-Goshen, revelação da
literatura israelense, será publicado aqui em 2018
Passado nos
anos anteriores à criação do Estado de Israel, o romance é influenciado pelo
realismo fantástico latino-americano, o que rendeu comparações com Gabriel
García Márquez. O livro foi traduzido para mais de dez idiomas e no Brasil sai
pela Todavia.
>>> Brasil: Sairá, pela
primeira vez no país, uma antologia com poemas de Nicanor Parra
O poeta
chega aos 103 anos em 2017 e continua na ativa. No seu país, o Chile, além das
homenagens tem sido publicados livros inéditos seus. Por aqui, o extenso jejum
e silêncio em torno da poesia de Parra está com os dias contados. A Editora 34
prepara para 2018 uma edição que reúne uma seleção de poemas escritos entre
1954 e 1972. Há três anos, no centenário do poeta, o Letras escreveu esta post.
Terça-feira,
05/09
>>> Brasil: Não é a primeira vez que O príncipe, de Maquiavel ganha edição por aqui, mas esta é uma que tem seus méritos próprios
Este é um
dos livros mais influentes e polêmicos do pensamento ocidental. Ao escrever
este breve tratado, usando de toda a sua experiência para instruir um herdeiro
dos Médici sobre as formas de ascender ao governo e depois mantê-lo em suas
mãos, o autor expôs de forma inaudita os meandros e as artimanhas do poder.
Redigido por volta de 1513 e publicado somente em 1532, O
príncipe tem despertado ao longo dos séculos as mais variadas e
acaloradas interpretações. Ciente das múltiplas interrogações que cercam este
livro inclassificável, Diogo Pires Aurélio — professor de Filosofia da
Universidade Nova de Lisboa e tradutor da edição agora apresentada pela Editora 34 — propõe uma operação radical: não aplainar as asperezas inerentes à linguagem e
ao pensamento de Maquiavel, mas sim levar o leitor de língua portuguesa a
redescobrir a força do original, com toda a sua carga de polissemia, concretude
e vivacidade de expressão. E trilha dois caminhos. Numa abrangente introdução, recompõe
a trajetória do pensador italiano, inserindo-a no contexto de época e pontuando
os diálogos e as leituras que a obra provocou ao longo do tempo. Em sua
tradução — que recebeu o Prêmio da União Latina em 2009 — ele reproduz com
maestria os tons, os ritmos e os afetos da linguagem maquiaveliana. O resultado
é um conjunto primoroso que, em edição bilíngue, resgata no século XXI a
agudeza, o desafio e o prazer desse clássico da literatura e da ciência
política.
>>> Brasil: Reedição de
mais um título da obra de Valter Hugo Mãe
Desde o fim
da Cosac Naify que a obra do escritor português passou a integrar o catálogo
da Globo
Livros e é editada pelo selo Biblioteca Azul.
Depois da apresentação do inédito Homens imprudentemente poéticos e
da reedição de Desumanização, chega às livrarias O apocalipse
dos trabalhadores. Eis a oportunidade de re-ler a história de Maria da
Graça e Quitéria, empregadas domésticas que nas horas vagas fazem bico de
carpideiras e, vivendo entre as agruras da profissão e as desilusões amorosas,
ainda conseguem ter esperança. A nova edição, seguindo o padrão das editadas em
Portugal, reproduzem um texto de uma figura da cultura de língua portuguesa
sobre a obra; neste, o prefácio é de Ignácio de Loyola Brandão.
Quarta-feira,
06/09
>>> Portugal: As
tentativas de Fernando Pessoa em escrever romances
A Assírio
& Alvim publica em Portugal agora em setembro mais um volume dedicado à
ficção pessoana: A porta e outras ficções tem edição e tradução de
Ana Maria Freitas, inclui quatro inéditos, entre os quais duas tentativas de
romance. Estes últimos são textos da fase da juventude do poeta conotada com a
famosa Empresa Íbis — Oficinas a Vapor, uma tipografia que Pessoa abriu em 1907
e fechou em 1910, e que constituiu o seu primeiro projeto empresarial. Escritos
por volta de 1909, os dois textos, "Marcos Alves" e "Reacção",
reúnem uma série de questões, temáticas e percepções que Fernando Pessoa viria
a retomar anos mais tarde e que, por isso, não deixam de ser importantes.
>>> Portugal: A editora E-Primatur publicará a partir de outubro, a obra completa de Luís
Vaz de Camões
Com
organização, introdução e notas de Maria Vitalina Leal de Matos, professora na
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e a maior especialista na obra do
autor de Os Lusíadas, esta edição irá incluir as novas descobertas
e debates mais recentes, de modo a apresentar “de forma definitiva o corpus de
obras do poeta nacional por excelência”, referiu o editor. O primeiro volume
será dedicado à épica e às cartas escritas pelo poeta. O segundo, de lírica e
teatro, só deverá sair no decorrer do próximo ano. A coleção é a primeira do
gênero a sair desde a década de 1980.
Quinta-feira,
07/09
>>> Portugal: Uma
obra para celebrar os 150 anos do nascimento de Raul Brandão
A vida
e o sonho é um título que pretende oferecer uma perspetiva geral da obra
do autor. Além de cobrir todos os gêneros literários sobre os quais Brandão se
debruçou, o livro — organizado por Vasco Rosa — inclui ainda "notas e guias de
leitura que contextualizam o leitor". A edição sai pela portuguesa E-Primatur
Editora.
>>> Brasil: A nova
tradução de Alexandra, do poeta alexandrino Lícofron
Neste poema
épico, elaborado sob a forma de um monólogo trágico, Cassandra profetiza quase
mil anos de história, da queda de Troia até a fundação de Roma e as conquistas
de Alexandre — antecipando a Eneida de Virgílio e incluindo um
reconto da Odisseia de Homero. Cassandra fora amaldiçoada por
Apolo, que fez com que ninguém acreditasse em seus vaticínios. Assim, o poema
traz uma linguagem elíptica, repleta de neologismos e alusões enigmáticas, que
tem desafiado os estudiosos desde a Antiguidade e conquistado a admiração de
muitos escritores, de Mallarmé a Celan, de Marguerite Yourcenar a Paul Auster.
A edição agora apresentada pela Editora 34 é
em formato bilíngue e traz a primeira tradução da obra ao português, proeza
realizada por Trajano Vieira, que recriou em nossa língua a riqueza poética e a
métrica perfeita do original.
Sexta-feira,
08/09
>>> Portugal: Livro de
inédito de Agustina Bessa-Luís sairá em outubro
A Editora
Relógio d’Água, nova casa da escritora portuguesa continua a reedição das obras
completas de Agustina Bessa-Luís. Depois da publicação de livros como A
sibila, que saiu agora com prefácio de Gonçalo M. Tavares, a editora vai
agora lançar Vale Abraão com prefácio de António Lobo Antunes e Fanny Owen,com prefácio de Hélia Correia. Mas, a melhor novidade é
a aparição de mais um inédito da escritora. No mês seguinte, em que se
comemoram os 95 anos da Agustina Bessa-Luís, a editora trará Deuses de
Barro. Escrito na sua juventude. Da obra havia se perdido o manuscrito,
mas de que se encontrou uma versão datilografada os editores pensaram em
trazê-lo aos leitores; na época, Agustina havia assinado o texto com o
pseudônimo de María Ordoñez.
>>> Portugal: Suspeições sobre o novo romance de António Lobo Antunes
Até
que as pedras se tornem mais leves que a água está entre as novidades na
ficção portuguesa nos próximos meses e se configura no ponto fulcral das
apresentações da rentrée em 2017 — ano para os especialistas como o mais
desolador da ficção nacional inédita dos últimos anos e sagração para um
escritor sem rivais. O jornal português Diário de Notícias, autor
da novidade, não adiantou mais qualquer informação sobre o novo livro.
Recentemente, num texto para a revista "Visão" com este mesmo título
agora anunciado, o escritor refletia sobre o ato da escrita e revelava o
andamento sobre a conclusão de seu projeto literário, planejado, segundo ele,
para até 2020 com a aparição de cinco novos títulos.
>>> Brasil: Nova edição
de um dos romances mais conhecidos de António Lobo Antunes
Publicado em
1979, esta obra já foi traduzida para mais de quinze idiomas e é considerada um
clássico da literatura portuguesa contemporânea, além de uma referência
obrigatória. Há muito fora de catálogo, depois de várias reedições no Brasil,
a Alfaguara
Brasil reedita agora Os cus de Judas. Logo depois de voltar da
guerra de independência em Angola, um médico do Exército português resolve contar
suas experiências no país africano. Com um texto denso e inovador, o escritor
constrói a história de seu narrador-protagonista, um personagem que, a partir
de "uma dolorosa aprendizagem da agonia", vê sua vida e seus valores
estilhaçados pela melancolia.Em um fluxo narrativo que mistura lembranças da
infância, da vida em Portugal e a descrição dos horrores da guerra e da loucura
humana, o autor cria um testemunho inesquecível sobre o sangrento conflito
angolano.
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