Boletim Letras 360º #234

Aqui estão as notícias que divulgamos durante a semana na página do Letras in.verso e re.verso no Facebook. Este espaço virtual, aliás, alcançou os 66 mil seguidores. Nós não temos outra coisa a dizer se não muitíssimo obrigado por esse carinho todo. 

João Cabral de Melo Neto. Foto: Orlando Brito


Segunda-feira, 28/08

>>> Brasil: Uma entrevista em grande parte inédita com João Cabral de Melo Neto ganhará edição em livro

Trata-se da entrevista realizada pelo diretor Bebeto Abrantes para o documentário Recife-Sevilha (2002), pouco antes da morte do poeta. Originalmente, o material tinha quatro horas e meia e foi condensado no filme de 52 minutos. Transcrita, a gravação resultou em mais de cem laudas. Aí estão frases como "Temos de escrever sobre copo de água, não emoção ou saudade". O título deve sair em 2018, pela Editora Autêntica.

>>> Estados Unidos: A "Jacobean Traveling Library" remonta a 1617 é agora vista como uma precursora dos modernos aparelhos portáteis de leitura

A observação vem da Universidade de Leeds, instituição que analisou este arquivo; William Hakewill, um advogado inglês e deputado, encomendou uma biblioteca em miniatura - um grande livro, que possui outros 50 livros menores, todos encadernados em capas dura com laços de tecido coloridos. Quais livros estavam nesta biblioteca portátil, destinados a acompanhar os nobres em suas jornadas? Naturalmente, os clássicos. Teologia, filosofia, história clássica, poesia clássica. As obras de Ovídio, Sêneca, Cicero, Virgilio, Tácito e Santo Agostinho. Muitos dos mesmos textos que apareceram no The Harvard Classics três séculos depois, e agora a nossa coleção de livros eletrônicos gratuitos. Estudiosos apontam que possivelmente, foram criadas outras três bibliotecas de viagem. Eles agora estão disponíveis na British Library, na Huntington Library, em San Marino, Califórnia, e no Toledo Museum of Art em Toledo, Ohio.

Terça-feira, 29/08

>>> Brasil: Vem aí a poesia de Wallace Stevens

Uma das figuras cuja obra se apresenta como uma das mais importantes da cena modernista nos Estados Unidos. Em 1955, ganhou o Prêmio Pulitzer de Poesia com uma antologia que reunia sua produção poética. Parte dela, a com os poemas de O imperador do sorvete e outros poemas, seu livro mais famoso, editado em 1922 e também seu primeiro título, ganha edição pela Companhia das Letras em novembro próximo. O livro foi traduzido pelo também poeta Paulo Henriques Britto.

>>> Brasil: A cidade de Ulisses é o próximo romance de Teolinda Gersão a sair deste lado do oceano

Um homem relativamente experiente, Paulo, enamora-se de uma jovem estudante, Cecília. Ambos são artistas. Idas e vindas, maravilhas e tragédias marcam o romance que desembocará, anos depois, numa exposição de arte no mais importante museu português. No meio de tudo, Lisboa, tema da exposição, lugar que enseja uma história de amor mítica. Mítica como a origem do título do romance: reza a lenda que Lisboa foi fundada por Ulisses ‒ sim, o personagem de Homero, protagonista da Odisseia ‒, durante a sua viagem de volta para sua Ítaca e para seu grande amor, Penélope. O livro é publicado pela Oficina Raquel e a escritora vem ao Brasil em outubro para a apresentação.

Quarta-feira, 30/08

>>> Brasil: Elena Ferrante ensaísta

Elena Ferrante, voz extraordinária que provocou grande comoção na literatura contemporânea, tornou-se um fenômeno mundial. Ao longo das últimas duas décadas, o “mistério Ferrante” habita a imprensa e os leitores. Mas, afinal, quem é essa escritora? Nas páginas de Frantumaglia, a própria Elena Ferrante explica a escolha de permanecer afastada da mídia, permitindo que seus livros tenham trajetórias autônomas. Defende que é preciso se proteger não só da lógica do mercado, mas também da espetacularização do autor em prol da literatura, e assim divide pensamentos e preocupações à medida que suas obras são adaptadas para o cinema e para a TV. Diante das alegrias e dificuldades da escrita, partilha a angústia de criar uma história e descobrir que não é boa o suficiente, e destaca a importância do universo pessoal para o processo criativo. Nas trocas de correspondência, nos bilhetes e nas entrevistas, contempla a relação com a psicanálise, as cidades onde morou, a maternidade, o feminismo e a infância. Frantumaglia é um autorretrato vibrante e íntimo de uma escritora que incorpora a paixão pela literatura. Em páginas reveladoras, traça, de maneira inédita, os vívidos caminhos percorridos por Elena Ferrante na construção de sua força narrativa. A edição é da Editora Intrínseca.

>>> Brasil: Novo livro de Pepetela, Se o passado não tivesse asas

Duas personagens femininas, dois momentos de um país. Ambientado em Angola durante a guerra civil e no pós-guerra, este romance de Pepetela, conjuga as trajetórias de Himba, menina que, sozinha no mundo, tenta sobreviver em meio ao conflito, e de Sofia, que deseja uma vida melhor em tempos de crescimento econômico - porém ainda marcados pela desigualdade social e violência. São narrativas que se combinam e completam, somando-se à experiência pessoal do escritor, ex-guerrilheiro do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA). Trata-se de um mergulho nas últimas duas décadas de história do país africano e, sobretudo, de uma reflexão sobre a fragilidade do ser humano e suas mais aterradoras contradições.

Quinta-feira, 31/08

>>> Inglaterra: Um ano para relembrar o lugar do único irmão das Brontë

O ponto inicial para a iniciativa foi a descoberta da sombra de Patrick Branwell numa coluna numa das raras pinturas em que estão presentes o clã. O que à primeira vista só parecia um elemento de composição da tela de 1834, uma coluna de cor ocre no centro do retrato realizado por ele, esconde um esboço que havia realizado de si. Ao que parece o pintor teria mudado de ideia da autorrepresentação e realizado por cima a tela com as irmãs. Eis então um motivo de revelação sobre o oculto Branwell e agora a celebração no ano de bicentenário de seu nascimento pelo Museu de Yorkshire dedicado à família, apresenta uma exposição que recupera parte de sua obra e de sua biografia.

>>> Chile: Ganhará adaptação para a grande tela o romance O terceiro Reich, de Roberto Bolaño

É a segunda adaptação de um romance do escritor chileno realizada por Alicia Scherson e a produtora Isabel Orellana. Depois de muito lutar com a preparação do roteiro e de modificar o título do filme que agora, diferentemente do título do romance, passa a ser "1989" e o cenário, que deixa de ser a Espanha para ser o Chile se iniciará as filmagens da obra. Este ano é o da época de transição da ditadura militar de Augusto Pinochet para o possível governo democrático. A narrativa gira em torno de um turista alemão, Udo Berger, que visita Chile com sua namorada. Ele é obcecado pelo jogo de mesa "Ascensão e queda do Terceiro Reich", do qual é campeão pela Alemanha. Os dois partilham compartilham do gosto com um casal de argentinos até que o rapaz desaparece no mar. Berger fica no Chile para averiguar o que se passou, encontrando-se então com algumas personagens sombrias, lideradas pelo misterioso ‘Quemado’. Assim, a historia "se converte num thriller psicológico, sem perder seu humor".

Sexta-feira, 01/09

>>> Portugal: Em novembro sai a primeira edição da poesia completa de Mário Cesariny

Com organização e prefácio de Perfecto E. Quadrado, um dos grandes especialista em surrealismo português e amigo próximo do poeta o livro sai pela Assírio & Alvim. Apesar de os livros de poesia mais populares do surrealista português terem vindo a ser republicados ao longo dos anos, a sua poesia nunca tinha sido reunida num só volume. A tradução de Cesariny de Iluminações – Uma Cerveja no Inferno, de Jean-Arthur Rimbaud, vai também voltar ao catálogo da Assírio & Alvim no final do ano. A obra estava esgotada há vários anos.

>>> Brasil: A nova edição de Musashi

Esta é a obra literária mais vendida da história do Japão - mais de 130 milhões de exemplares em suas diversas edições, além de cerca de 15 versões cinematográficas ou televisivas. No Brasil, a edição da Editora Estação Liberdade vai na 5ª. As principais personagens dessa obra passaram a integrar o cotidiano nipônico, e a obra tornou-se livro de cabeceira e guia da arte de viver para gerações de japoneses. A edição comemorativa agora reeditada - caixa contendo a obra em três volumes e livreto ilustrado com representações do grande samurai nas gravuras ukiyo-e - foi lançada originalmente aqui por ocasião dos 10 anos de Musashi no Brasil, da marca de 100 mil exemplares vendidos dos dois volumes da edição anterior e das comemorações de 100 anos da imigração japonesa. A elogiada tradução de Leiko Gotoda - primeira versão integral da obra no Ocidente - abriu caminho para toda uma safra de traduções diretamente do japonês no Brasil. Este romance épico baseado diretamente na história japonesa narra um período da vida do mais famoso samurai do Japão, que viveu presumivelmente entre 1584 e 1645.

.........................
Sigam o Letras no FacebookTwitterTumblrGoogle+InstagramFlipboard

Comentários

AS MAIS LIDAS DA SEMANA

A poesia de Antonio Cicero

Boletim Letras 360º #607

Boletim Letras 360º #597

Han Kang, o romance como arte da deambulação

Rio sangue, de Ronaldo Correia de Brito

Boletim Letras 360º #596