Boletim Letras 360º #231
Amigo leitor que acompanha sempre ou casualmente as publicações de Letras in.verso e re.verso, bem-vindo! Olha mais uma edição de um canal criado há 231 semanas para reunir todas as notícias que circulam em nosso Facebook.
Segunda-feira,
07/08
>>> Brasil: A nova
edição de História do olho, de Georges Bataille
Esta obra é
uma narrativa erótica que mescla as reminiscências mais dolorosas a uma
fabulação livre de peias, armada de tal modo que o jogo da ficção retire às
circunstâncias pessoais o seu peso opressivo - sem contudo falseá-las. A novela
acompanha as descobertas, feitos e extravagâncias sexuais do narrador e de sua
amiga Simone, dois jovens que vivem magicamente à margem da censura adulta,
percorrendo um cenário de sonho que faz pensar num conto de fadas noir. A
cada novo lance, os dois entregam-se aos vários objetos do desejo que se
oferecem ou se impõem a ele, num círculo completo de metamorfoses. Nesta
narrativa surpreendente de um aprendizado singular - trata-se, afinal, de dois
adolescentes, o excesso promete transcendência. O livro, que fazia parte do
espólio da antiga Cosac Naify, sai pela Companhia das
Letras no segundo semestre de 2018.
>>> Brasil: Uma edição
especial para marcar os 50 anos do lançamento de Meu pé de laranja
lima, de José Mauro de Vasconcelos
É só em
2018, que o livro faz meio século de sua primeira edição; mas foi numa semana
perdida de 1967, em Ubatuba, que o autor de As confissões do Frei
Abóbora (1966, Prêmio Jabuti de Melhor Romance) pôs fim na história de Zezé, ou,
como ele coloca no subtítulo, na “história de um meninozinho que um dia
descobriu a dor”. Para marcar a data, a Editora Melhoramentos – responsável
pela obra desde o início de sua publicação – reedita a obra, ainda este ano,
numa edição comemorativa. Desde a primeira vez que obra veio a lume já foram
mais de 150 edições no Brasil e 2 milhões de exemplares vendidos – o recorde
foi em 1969, com 320 mil cópias comercializadas, e, embora os números tenham
perdido a força com o passar dos anos, eles ainda impressionam. Em 2016, por
exemplo, a editora diz que vendeu nada menos de 35 mil exemplares. Sucesso
também na TV, no cinema e no exterior, com tradução em 15 idiomas e presença em
23 países.Desde 2003, não havia uma nova edição da obra no Brasil. No volume
que sai agora, em capa dura e novo projeto gráfico, a ilustração de Rui de
Oliveira na capa foi substituída pela de Laurent Cardon. O volume traz, ainda,
um texto informativo sobre o livro, o autor e o contexto histórico da obra,
além de notas de rodapé feitos pelo escritor Luiz Antonio Aguiar. Uma biografia
fecha o volume, cuja presença é mais massiva em escola do que em livrarias.
Terça-feira,
08/08
>>> Brasil: Relatos
de um gato viajante, de Hiro Akikawa
O gato Nana
está viajando pelo Japão. Ele não sabe muito bem para onde está indo ou por
que, mas ele está sentado no banco da van prata de Satoru, seu dono. Lado a
lado, eles cruzam o país para visitar velhos amigos. O fazendeiro durão que
acredita que gatos só servem para caçar ratos, o simpático casal dono de uma
pousada que aceita animais, e o marido abandonado pela esposa que ama animais. Mas
qual é o motivo dessa viagem? E por que todos estão tão interessados em Nana e
Satoru? Ninguém sabe muito bem o que está acontecendo e Satoru não diz nada,
mas quando Nana descobrir o motivo da viagem, seu pequeno coração passará por
uma das mais difíceis provas de suas sete vidas. Narrado em vozes alternadas,
esse romance emocionante e divertido nos mostra um jovem de grande coração e um
narrador-gato muito esperto, numa amizade que desafia as fronteiras de um país
e da própria vida. O livro sai pela Alfaguara Brasil.
A tradução é de Rita Kohl.
>>> Brasil: De Lydia Davis, Nem vem. Ficções
O estilo que
desafia qualquer tentativa de classificação - não é exatamente poesia, nem
conto, nem ficção, nem memória - retorno às livrarias brasileiras. Nem
vem reúne 122 narrativas que se equilibram entre relatos de sonhos,
passagens reescritas de Flaubert, cartas para gerentes de marketing, relatos de
situações cotidianas, conversas entreouvidas e obituários locais. Seja
observando o comportamento das vacas pela janela da cozinha, seja ponderando
sobre o aspecto das ervilhas numa embalagem, a escritora deixa sua marca
inconfundível que mistura inteligência, humor e uma boa dose de estranheza.
Publicado pela Companhia das
Letras e com tradução de Branca Vianna.
Quarta-feira,
09/08
>>> Londres: Uma nova
adaptação para Orgulho e preconceito para a TV em 2020
Lançado em 1813
– mas escrito muito antes –, o clássico de Jane Austen já foi alvo de inúmeras
adaptações no teatro, no cinema e na televisão. Só na BBC já houve cinco
versões, sendo a mais famosa aquela com Jennifer Ehle como Elizabeth Bennett
que fez de Colin Firth, no papel de Mr. Darcy, uma estrela. A grande adaptação
mais recente da obra foi feita em 2005 por Joe Wright, com Keira Knightley e Matthew Macfadyen nos papéis principais. Vem aí mais uma, desta feita na ITV,
que pretende focar-se menos nas toucas e nos espartilhos da época e mais nos
contornos mais sombrios do texto original. O anúncio, feito pelos responsáveis
da produtora Mammoth Screen à revista britânica Radio Times, diz
que só lá para 2020 é que esta nova adaptação chegará às telas. Esta versão,
explicam também, será feita nos modos contemporâneos de consumir televisão, com
histórias complexas contadas ao longo de vários episódios que ganham se forem
vistos de uma só assentada. A história de Orgulho e preconceito,
passada na era georgiana, envolve as cinco irmãs Bennett, educadas com um único
objetivo de vida: encontrar marido.
>>> Portugal: Catorze
peças e "muitos materiais criativos" de Fernando Pessoa são reunidos
no volume Teatro Estático. Fernando Pessoa
A edição é
organizada por Filipa de Freitas e Patricio Ferrari e sai pela Editora
Tinta-da-China. Muitos dos materiais aí apresentados são inéditos, trazendo
para a boca de cena mais uma das prodigiosas facetas criativas de Fernando
Pessoa. A obra faz parte coleção "Fernando Pessoa", dirigida por
Jerónimo Pizarro, na qual se encontram publicados outros títulos do autor de
Mensagem com textos inéditos. Publicada no primeiro número da
revista Orpheu, "O Marinheiro" é a peça mais conhecida de Pessoa,
embora não esgote de todo a sua criação teatral e por isso, agora se apresentam
"Diálogo no Jardim do Palácio", "A Morte do Príncipe"
"As Cousas", "Diálogo na Sombra", "Os Emigrantes"
"Inércia", "A Cadela", "Os Estrangeiros"
"Sakyamuni", "Salomé", "A Casa dos Mortos",
"Calvário" e "Intervenção Cirúrgica", além de vários anexos
como textos sobre o "teatro estático", ou textos sobre "O
Marinheiro" em francês, além de textos em inglês e em português.
Quinta-feira,
10/08
>>> Brasil: Reedições da
obra de Albert Camus
Um advogado
francês faz seu exame de consciência num bar de marinheiros, em Amsterdã. O
narrador, autodenominado “juiz-penitente”, denuncia a própria natureza humana
misturada a um penoso processo de autocrítica. O homem que fala se entrega a
uma confissão calculada. Mas onde começa a confissão e onde começa a acusação?
Ele se isolou do mundo após presenciar o suicídio de uma mulher nas águas
turvas do Sena, sem coragem de tentar salvá-la. Assim se apresenta A
queda. A vida da cidade de Orã, na Argélia, depois de atingida por uma
terrível peste, transmitida por ratos, que dizima a população, é transformada.
É inegável a dimensão política deste livro, um dos mais lidos do pós-guerra,
uma vez que a cidade assolada pela epidemia lembra a ocupação nazista na França
durante a Segunda Guerra Mundial. Assim se apresenta A peste. Um e
outro são livros que revelam alguns dos dilemas do homem moderno: o abando dos
valores e a necessidade recuperá-los pela solidariedade; o vazio existencial, a
morte e a solidão. As traduções de Valerie Rumjanek ganham reedição pela Editora Record.
>>> Brasil: Uma
anedota infame, de Fiódor Dostoiévski
Uma sátira
afiada e implacável. Ivan Ilítch Pralínski, general e alto funcionário público,
tem fama de liberal. Bonito e requintado, um poeta na alma, anda com uma
condecoração no pescoço e sonha em ser estadista. Ao sair de um jantar, passa
ao acaso na frente da festa do casamento de um de seus subalternos mais
humildes e vê aí uma oportunidade: dar a honra de sua bondosa presença ao pobre
Pseldonímov. Mas nada sai como planejado, e sua deferente visita se transforma
numa espiral de constrangimento. Dostoiévski publicou Uma anedota
infame primeiramente em capítulos em 1862 na revista Tempo,
que mantinha com o irmão. No mesmo ano em que publicava Memórias da casa
dos mortos, construiu esta afiada sátira sobre a luta de classes da Rússia
do século XIX, um de seus temas mais caros. Ao contrário dos sombrios dramas
que marcaram sua literatura, esta novela está carregada de uma falsa leveza.
Sarcasticamente revela a visão de mundo de Dostoiévski: o ser humano apoia seu
semelhante ao mesmo tempo em que o esmaga cruelmente. A tradução de Polyana
Ramos sai pela L&PM Editores.
>>> Brasil: Esperando
Godot marca o início da publicação da obra de Samuel Beckett pela Companhia das
Letras
Expoente do
Teatro do Absurdo, escrita em 1949 e levada aos palcos pela primeira vez em
1953, Esperando Godot é uma tragicomédia em dois atos que segue
desafiando público e crítica. Na trama, duas figuras clownescas, Vladimir e
Estragon, esperam por um sujeito que talvez se chame Godot. Sua chegada, que
parece iminente, é constantemente adiada. Em um cenário esquálido — uma estrada
onde se vê uma árvore e uma pedra —, Beckett revoluciona a narrativa e o teatro
do século XX. A nova edição conta com tradução e posfácio do professor e
crítico Fábio de Souza Andrade, ilustração de capa do pintor alemão, e profundo
admirador de Beckett, Georg Baselitz e textos críticos inéditos em português
dos especialistas Ronan McDonald e Steven Connor. O livro que fazia parte do
espólio da antiga Cosac Naify chega às livrarias em setembro.
Sexta-feira,
11/08
>>> Estados Unidos: Facebook
reunirá os cinco girassóis de Van Gogh
A exposição
virtual poderá ser acompanhada ao vivo via Facebook e incluirá as apresentações
de cinco curadores dos museus que guardam estas pinturas: National Gallery, de
Londres; Neue Pinakothek, de Munique; Museu de Arte da Filadelfia, Museu Van
Gogh, de Amsterdã e o Museu Sompo, de Tóquio. A informação foi divulgada pela The Art Newspaper. Os girassóis de Van Gogh é uma série de quinze telas, mas
até agora só se conhecem cinco delas. Algumas estão perdidas. Esta é a primeira
ocasião quando se apresentam as pinturas juntas já que muito complicado que
algumas saiam de seus recintos seja por cuidados de conservação ou pela
importância que têm para seus proprietários. A apresentação acontece no dia 14
de agosto através da página do Van Gogh Museum.
>>> Brasil: A poesia
completa de Cecília Meireles
Após
promover a reedição dos livros de poesia de Cecília Meireles em edições
autônomas desde agosto de 2012, a Global Editora traz
agora ao público leitor sua Poesia completa, em dois volumes,
reunindo a totalidade da produção poética da autora. A edição traz desde seu
livro de estreia, Espectros (1919), até o livro Crônica
trovada da cidade de San Sebastian (1965), publicado postumamente. São
quase duas mil páginas em dois volumes com capa dura envolvidos numa
caixa. Por meio desta edição, os leitores têm à sua disposição a oportunidade
ímpar de fruir do puro e íntegro diamante de uma artista dos versos de primeira
grandeza. A coordenação editorial e o estabelecimento do texto desta edição são
assinados pelo crítico literário e ensaísta André Seffrin. A edição conta com
um texto de apresentação de Alberto da Costa e Silva e também traz um caderno
iconográfico com fotos e manuscritos do arquivo pessoal da autora e capas de
edições de seus livros
>>> Londres: Foi
descoberto um conjunto de desenhos do pintor e escultor suíço Alberto
Giacometti
Estavam numa
loja de antiguidades de Kensington, oeste de Londres. Acreditava-se que as
obras estivessem perdidas, mas faziam parte do inventário da dona da loja, Eila
Grahame, que morreu e, 2010. Seis anos depois da morte da proprietária, a casa
de leilões Cheffins, com sede em Cambridge, ficou responsável por limpar o
estabelecimento e vender sua coleção pessoal. Os desenhos, que são esboços a
lápis de dois rostos e um nu feminino, são datados de 1947. Uma
comissão da Fundação Giacometti foi a encarregada de estudar as pinturas e,
finalmente, de incluí-las em seu catálogo. As peças vão a leilão e os valores
de entrada pedidos passa a casa das 50 mil libras. O dinheiro será destinado à
Fundação de Arte do Reino Unido.
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