Boletim Letras 360º #227
Aqui está a mais recente postagem que todo sábado reúne as informações que divulgamos na página do Letras no Facebook. Antes de passar as notícias, queremos lembrá-los sobre o sorteio da tetralogia napolitana, da Elena Ferrante (Globo Livros / Biblioteca Azul) que será realizado dia 30 de julho no Instagram do Letras. Recado dado, vamos, então, ao que circulou entre os leitores de nossa cidade literária.
Mais Lima Barreto. Que outras sobre o escritor ganham edição neste semestre? Mais detalhes ao longo deste Boletim. |
Segunda-feira,
10/07
>>> Brasil: Chega-nos A coisa mais próxima da vida, de James Wood
O livro
fazia parte do espólio da Cosac Naify e não chegou a ser publicado. Agora, a edição sai pela Sesi-SP
Editora. No livro, o crítico da revista New Yorker trata das
relações entre a literatura e a vida, passando por obras como O
beijo, de Tchékhov, e Os emigrantes, de W.G. Sebald. A mesma
casa reapresenta Como funciona a ficção, também do autor e editada pela extinta casa editorial. Wood é
considerado um dos principais críticos literários estadunidenses.
>>> Brasil: Morreu
Elvira Vigna
A informação tomou todos de surpresa e comoção quando foi publicada em sua página no Facebook. Elvira Vigna é um dos grandes nomes da
ficção contemporânea brasileira. Escritora, ilustradora e tradutora. Escreveu
vários títulos entre infanto-juvenis e romances pelos quais recebeu importantes
prêmios, como o de ficção da Academia Brasileira de Letras e um prêmio Jabuti.
Nasceu em 1947, no Rio de Janeiro e atualmente morava em São Paulo. Formada em
literatura pela Universidade de Nancy, na França e mestra em comunicação pela
UFRJ; dentre seus romances destacam-se O assassinato de Bebê Martê, Às seis em ponto, Deixei ele lá e vim, Nada a
dizer, O que deu para fazer em matéria de história de amor, Por
escrito e Como se estivéssemos em palimpsesto de putas – todos editados pela Companhia das
Letras.
Terça-feira,
11/07
>>> Estados Unidos: Encontrado
um livro inédito de Maurice Sendak
Cinco anos
depois da morte do escritor, um livro inédito. Presto e Zesto em Limbolan foi
encontrado graças a Lynn Caponera, presidenta da fundação que zela pela obra do
autor de Onde vivem os monstros. O manuscrito foi datilografado e ilustrado por
Sendak em parceria com Arthur Yorinks. A criação serviria para acompanhar a
interpretação da Orquestra Sinfônica de Londres para Ríkadla, de Leoš
Janácek. A obra será publicada e estará nas livrarias no segundo semestre de
2018. O título inteira assim três colaborações entre Sendak e Yorinks ao longo
de quinze anos de amizade: os outros foram O gigante de Miami (1995) e Mamãe? (2006). Os três serão editados na mesma ocasião.
>>> Inglaterra: Manuscritos
de Jane Austen vão a leilão
Austen e sua
sobrinha predileta, Anna Lefroy, leram juntas a novela gótica Lady Maclairn,
the victim of villainy, escrita por sua coetânea Rachel Hunter. Depois da
leitura mantiveram uma correspondência datada de entre 20 a 30 de outubro de
1812, pouco depois da publicação de Razão e sensibilidade e do envio do
manuscrito de Orgulho e preconceito para a gráfica. Nela, Austen aborda com
clareza suas opiniões sobre a literatura e tece uma crítica sobre a novela e a
escrita da novelista. Estas cartas estiveram o tempo inteiro no círculo
familiar da escritora e agora vão a leilão pela Sotheby’s de Londres com preço
entre 80 e 100 mil libras. Junto com as missivas saem para venda fragmentos de
outros textos do gênero escritos também para a sobrinha; nestes, não aborda
literatura mas o dia-a-dia da família Austen e os preparativos para as
publicações de sua obra, como a reunião com seu editor para discutir a segunda
edição de Mansfield Park – a primeira havia esgotado.
Quarta-feira,
12/07
>>> Brasil: Nosso
homem em Havana e O condenado são mais dois títulos de Graham
Greene que ganham reedição pela Biblioteca Azul
A narrativa
do primeiro se dá em torno de um pacato inglês, vendedor de aspiradores de pó
que vive na Cuba pré-revolução, e vê num convite para se tornar espião, a possibilidade
de atender o pedido de aniversário de sua filha e sanar as dívidas de sua loja.
Graham Greene cria uma história cheia de peripécias em que a espionagem se mistura
com humor, relações internacionais, acontecimentos históricos e as belas
paisagens da ilha caribenha. Já em O condenado, a narrativa se
passa entre corridas de cavalos, apostas ilegais, crimes e drinques nos bares
da ensolarada Brighton; Pinkie Brown – de apenas dezessete anos – assume a
chefia de um grupo de contraventores. Sem qualquer talento para a malandragem,
Pinkie comete uma sequência de crimes na tentativa de encobrir um assassinato.
Tudo isso enquanto busca o respeito de seus comparsas e da máfia. A tradução de Nosso homem em Havana é de Fábio Bonillo e a do segundo romance, de
Leonel Vallandro
>>> Brasil: Mais um
título da coleção Biblioteca Angatonista ganha edição: Aqueles que
queimam livros, de George Steiner
Os livros
são a nossa chave de acesso para nos tornamos melhores do que somos. A
capacidade deles de produzir essa transcendência suscitou discussões,
alegorizações e desconstruções sem fim. O encontro com o livro, assim como com
o homem ou a mulher, que vai mudar a nossa vida, frequentemente em um instante
de reconhecimento do qual não se é consciente, pode ser completamente casual. O
texto que nos converterá a uma fé, nos fará aderir a uma ideologia, dará a
nossa existência um fim e um critério, podia estar ali a nos esperar na estante
dos livros em promoção, dos livros usados e em desconto. Talvez empoeirado e
esquecido, na estante exatamente ao lado do livro que procurávamos. A tradução
de Pedro Fonseca
>>> Brasil: Reedição do
há muito fora de catálogo Os testamentos traídos, de Milan Kundera
Escritas
diretamente em francês, as nove partes independentes que compõem este livro
podem ser lidas como um romance - arte que Milan Kundera domina com maestria.
Publicados originalmente em 1993, os textos evocam figuras como Ernest
Hemingway, Igor Stravinski, Leoš Janáček e Franz Kafka para discutir, entre
outras questões intelectuais do século XX, a música e a literatura. Estão presentes
nesta análise temas como o surgimento do humor nas letras a partir de Cervantes
e Rabelais; a necessidade do compromisso com os recursos de linguagem e de
estilo nas traduções de autores estrangeiros; os pontos de contato entre as
histórias da música e da literatura, que parecem se desenvolver em três tempos.
Com a elegância e a profundidade características de toda a sua obra, um dos
mais celebrados autores contemporâneos de língua francesa reafirma sua devoção
ao ato da escrita neste trabalho que é, sobretudo, um tributo às grandes artes.
Quinta-feira,
13/07
>>> Brasil: A Penguin /
Companhia publica, do espólio da Cosac Naify, Mrs Dalloway
Obra mais
famosa de Virginia Woolf, Mrs. Dalloway narra um único dia da vida
da famosa protagonista Clarissa Dalloway, que percorre as ruas de Londres dos
anos 1920 cuidando dos preparativos para a festa que realizará no mesmo dia à
noite. Pioneiro na exploração do inconsciente humano por meio do fluxo de consciência,
Mrs. Dalloway se consagrou tanto pelo experimentalismo linguístico quanto pelo
retrato preciso das transformações da Inglaterra do período entre guerras.
Misto de romance psicológico com ensaio filosófico, este livro resiste a
classificações simplistas e inaugura um gênero por si só. Precursor de algumas das maiores obras literárias do século XX, este romance é
uma leitura incontornável que todo mundo deve fazer ao menos uma vez na vida. A
tradução de Claudio Alves Marcondes.
>>> Brasil: Os ensaios
de Walter Benjamin sobre Bertolt Brecht
Como
havíamos anunciado por aqui: eis a novidade. O livro chegou. Ensaios
sobre Brecht é uma obra que mostra as considerações do intelectual sobre
o teatro, através da voz de um amigo íntimo, Benjamin, nos envolvendo não
somente nos conceitos, mas também nessa troca de sabedorias entre dois grandes
nomes do século XXI. Com linguagem leve e esclarecida, Benjamin disseca esses
escritos sobre as definições, os estudos e reflexões sobre o teatro de Brecht,
dando ainda uma atenção especial sobre o conceito de "ator como
produtor", além de tecer comentários sobre a poesia do dramaturgo. Bertolt
Brecht é mestre do teatro épico, autor de peças célebres como Um homem é um
homem e A vida de Galileu, que o consagraram pela originalidade aristotélica em
provocar espanto no lugar da empatia pelo destino do herói.A edição é da
Boitempo.
>>> Brasil: Entre as
grandes reedições do ano, a Companhia das
Letras traz a antologia Contos de horror do século XIX
Um livro
organizado pelo escritor Alberto Manguel especialmente para o público
brasileiro que reúne a fina flor do medo. Tão antigo quanto a civilização, o
conto de horror define suas regras e chega a seu apogeu na literatura
anglo-saxônica, na linhagem de escritores que vai da "gótica" Ann
Radcliffe a Edgar Allan Poe e H. P. Lovecraft. Mas Manguel não se contenta
apenas com os mestres mais conhecidos do gênero, como Henry James, Guy de
Maupassant ou Robert Louis Stevenson. Convoca escritores de toda estatura e de
várias línguas, do português de Eça de Queiroz ao íidiche de Lamed Schapiro.
Nesse percurso, o leitor transita por todos os ambientes e resvala em todos os
motivos do conto de horror: igrejas em ruínas, subsolos pútridos, jardins
ermos, prisões e campos de batalha, criaturas invisíveis, mortos-vivos, animais
espantosos e espelhos encantados.
Sexta-feira,
14/07
>>> Brasil: Mais Lima
Barreto nas livrarias (1). A Editora 34 edita
uma nova edição do livro Calvário e porres do pingente Afonso Henriques
de Lima Barreto
O livro de
João Antônio foi publicado em 1977. Depois disso nunca mais foi reeditado - e é
uma obra singular na bibliografia do contista. Numa temporada no Sanatório da
Muda, bairro da Tijuca, Rio de Janeiro, o autor encontra Carlos Alberto Nóbrega
da cunha - antigo jornalista que conhecera pessoalmente Lima Barreto. Passa
então a tomar um depoimento que reconstitui as andanças do autor de
"Triste fim de Policarpo Quaresma por redações, livrarias, cafés e
botequins, num percurso que vai do centro da cidade ao subúrbio onde morava. O
texto é entremeado com trechos de romances, contos e crônicas de Lima Barreto,
o autor preferido de João Antônio. Com nova iconografia, a edição agora
organizada por Augusto Massi, quem escreveu um posfácio, elaborou notas
explicativas e localizou dois textos inéditos de João Antônio.
>>> Brasil: Mais Lima Barreto nas livrarias (2). A mesma casa editorial apresenta também Lima Barreto: uma autobiografia
literária, de Antonio Arnoni Prado
A partir do convívio intenso com as obras de Lima Barreto, o
historiador da literatura propõe uma sequência de textos que, sem perder a
referência ao quadro de origem, iluminam de maneira inédita a formação da
sensibilidade e da consciência crítica do escritor. Empregando os procedimentos
do corte e da montagem, Arnoni recombina fragmentos de contos, cartas, diários,
romances, artigos e crônicas de jornal nos quais ressoa a voz do autor. O
resultado é um retrato renovado do intelectual libertário e combatente que foi
Lima Barreto, de impressionante atualidade.
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