Boletim Letras 360º #225
No último dia 27 oficializamos em nossa página no Facebook duas notícias que já havíamos repassado noutras redes sociais. Recuperamos
o que escrevemos numa postagem no Grupo do blog Letras in.verso e re.verso, que depois de
enviar o brinde ao ganhador de nossa mais recente promoção (a que deu a edição de Contos reunidos, de Dostoiévski) trabalhamos para
colocar online nossa próxima empreitada do gênero. Ainda não
sabemos como faremos, mas vamos sortear a tetralogia napolitana da Elena
Ferrante (isso mesmo!) e tudo acontecerá no nosso Instagram. Então, se ainda
não nos segue por lá, eis o convite: @Letrasinverso. A outra notícia já havia sido dada no nosso Twitter @Letrasinverso. Agora teremos uma
nova voz que se junta ao grupo de colunistas do blog: é a da poeta Fernanda
Fatureto <<< aproveitem para conhecê-la.
Hilda Hilst faz contato. Encontrado um poema desconhecido de quando a poeta tinha 19 anos. Leia neste Boletim. |
Segunda-feira,
26/06
>>> Brasil: Edição
bilíngue de Metamorfoses, de Ovídio
Esta é uma
das obras mais influentes da literatura ocidental. Escritas no ano 8 d.C., e
desde então os mais de 250 mitos gregos e romanos figurados em seus doze mil
versos têm inspirado pinturas, esculturas, peças de teatro, criações
literárias, óperas e composições musicais por todo o mundo. Mas o fascínio da
obra também se deve pela maestria com que o grande poeta latino alinhavou este
compêndio de mitos, construindo uma história das origens do mundo até os seus
dias (o tempo dos imperadores Júlio César e Augusto). A presente edição,
bilíngue, traz a nova tradução de Domingos Lucas Dias, em versos livres que
privilegiam a elegância e fluência do texto, acompanhada de uma apresentação de
João Angelo Oliva Neto, da Universidade de São Paulo, e de mapas e índices
completos dos nomes e locais citados na obra-prima de Ovídio.
>>> Brasil: O poema de
Baudelaire que faltava em As flores do mal ganha edição com nova
tradução
O poeta
francês chamou-o de "Les voyageurs" a primeira versão que foi
publicada originalmente em 10 de abril de 1859, na Revue Française.
Depois de revisto e com o título de "Le Voyage" este seria o poema
126 de seu livro mais conhecido. Trata-se de um texto que foi escrito no porto
de Honfleur, na Normandia, enquanto Baudelaire se recuperava da saúde e das
finanças abaladas na casa da mãe, a maison Jou-Jou. A nova tradução publicada
pela editora Laranja Original é de Alexandre Barbosa de Souza.
>>> Brasil: Foi
encontrado um poema desconhecido de Hilda Hilst
O texto
estava no Arquivo Edgard Leuenroth, da Unicamp; o poema apareceu em 1949,
quando a autora tinha 19 anos, na revista Tentativa. A descoberta é da
pesquisadora Milena Wanderley, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul,
que trabalha em uma tese de doutorado sobre Hilst.
**
Fracassamos.
Seremos os eterno fracassados.
Mas daqui a sete mil anos
abriremos as portas de todos
os claustros e lá nos encerraremos.
Seremos
então os primeiros enclausurados
puros,
brancos,
mãos brancas, rosto branco
BRANCO – Ausência de amor.
Não haverá
sinos em nossos campanários
(nem sinos, NEM AMOR)
qualquer luz em nossas celas
iluminará somente os livros
de quotidiana meditação.
Fomos
improdutivos. Fomos estéreis.
Naufragamos no mar da compreensão.
Prostituímos ternamente as cousas
que só nós entenderíamos.
E nos
tornamos eternos fracassados...
Não haverá
sinos em nosso campanários
(nem sinos, NEM AMOR)
* Via Folha
de São Paulo
Terça-feira,
27/06
>>> Brasil: Uma
antologia de contos da literatura húngara com prefácio de Guimarães Rosa
Este é um
dos lançamentos preparados pela editora Bazar do Tempo; a casa trabalha na
reedição da obra de Paulo Rónai. E, para o próximo mês, sairá uma nova edição
de Não perca o seu latim, uma coletânea de frases provérbios,
ditados, máximas e epitáfios latinos traduzidos e explicados, seguidos de uma
breve gramática latina. Já o volume com Antologia do conto húngaro,
virá logo em seguida.
>>> Brasil: Um relicário
das memórias comuns, mas de grande impacto: pessoas e situações em lugares que
marcaram à história
A menina de
apenas catorze anos que foi a primeira pessoa a se apresentar como homem bala ,
quando essa bizarra profissão acabava de ser inventada. O jovem e brilhante
cientista que teve que ser uma espécie de babá da primeira bomba atômica
durante uma perigosa tempestade que poderia botar tudo a perder. A jovem
imigrante italiana, recém chegada a Nova York, que se apaixona à primeira vista
por um guerreiro zulu exposto num circo de excentricidades. A linda história de
amor entre o dono de um clube noturno e sua dançarina – anos mais tarde avós do
autor deste livro cheio de histórias arrebatadoras. Esta é a seleção de algumas
das narrativas apresentadas por Nate DiMeo num dos podcasts de maior sucesso
dos Estados Unidos. O palácio da memória reúne, pela primeira vez
em livro, um conjunto absolutamente viciante de histórias sobre pessoas comuns
que enfrentaram – com coragem, paixão e inteligência – as vicissitudes, grandes
e pequenas, oferecidas pela vida. A tradução é de Caetano W. Galindo e a edição
da Todavia.
Quarta-feira,28/06
>>> Brasil: Proust antes
de Proust. Eis uma nova tradução do livro que lança as bases para Em busca do
tempo perdido
Contra
Saint-Beuve é o livro em que Marcel Proust elabora as suas considerações
mais profundas sobre a necessidade de escrever. Neste livro encontra-se o arcabouço
teórico de "Em busca do tempo perdido". Proust revela o significado
de sua escrita: dar forma à memória pessoal, fazê-la emergir de objetos vistos
como ordinários. Escrever para dar uma marca da própria existência, que do
contrário estaria perdida, na convicção de que nada parecido fora escrito
antes. Um misto de crítica literária e confissão pessoal, a obra é um documento
único da construção de uma obra imortal. A edição é da editora Âyinê e tradução
de Luciana Persice Nogueira.
>>> Brasil: Entre a
poesia e a prosa: novos títulos ganham tradução pela Luna Parque Edições
Para o
segundo semestre deve sair uma antologia do poeta francês Emmanuel Hocquard,
até então inédito no Brasil. O trabalho de tradução é de Marília Garcia. Outro
título a ser publicado pela casa é uma antologia com textos curtos de Gertrude
Stein; esta traduzida por Inês Cardoso.
Quinta-feira,29/06
>>> Estados Unidos: F. Scott
Fitzgerald em alta
É publicada
a antologia I'd Die for You [Eu morreria por você] que recolhe os
últimos inéditos do romancista (cf. noticiamos sobre a descoberta dos textos
por aqui, noutra ocasião). São 18 títulos que incluem roteiros para o cinema,
contos que o escritor vendeu para revistas — alguns dos quais recusados — e
outros nunca publicados, embora Fitzgerald tenha recebido dinheiro por eles.
Uma parte dos textos data dos anos 1920, mas a grande maioria são de depois da
era do Jazz e escritos em plena Grande Depressão. Agora, além do livro de
inéditos, sai uma biografia romanceada do escritor: Paradise Lost [Paraíso perdido], do historiador David S. Brown. E estreia uma série, Z:
The Beginning of Everything [Z: o início de tudo] sobre o belo e trágico
casal formado por Scott e Zelda — encarnada aqui pela atriz Christina Ricci.
>>> Brasil: Eis a edição
com as correspondências entre Jorge Amado e José Saramago
A amizade
entre Jorge Amado e José Saramago teve início quando os dois já tinham idade
mais avançada e consolidada carreira literária, porém o vínculo tardio não
impediu que os escritores formassem um laço forte, estendido as suas
companheiras, Zélia e Pilar. Este livro reúne a correspondência entre os dois
mestres — e os dois casais, muitas vezes —, entre os anos de 1992 e 1998. São
cartas, bilhetes, cartões e faxes com uma rica troca de ideias sobre questões
tanto da vida íntima como da conjuntura contemporânea, sobretudo a cena
literária. Eles debatem com humor sobre prêmios e associações de escritores,
com especulações divertidas sobre quem seria, por exemplo, o próximo a ser
contemplado com o Nobel ou o Camões. Com um projeto gráfico especial, ilustrado
com facsímiles das missivas e belíssimas fotos do acervo pessoal dos autores, Com o mar por meio aproxima os leitores do universo particular dos dois amigos.
Mais sobre aqui.
Sexta-feira,
30/06
>>> Brasil: Este é o
segundo livro de Scholastique Mukasonga
Há alguns
meses noticiamos a publicação de dois romances de Mukasonga no Brasil. Depois
do primeiro, A mulher de pés descalços, anunciado no início de junho, eis que sai agora o
segundo: Nossa senhora do Nilo. Uma escola para meninas, situada no
alto das montanhas da bacia do Congo e do Nilo, em Ruanda, a 2500 metros de
altura e próxima à nascente do grande rio egípcio, aplica rigorosamente um
sistema de cotas étnicas que limita a 10% o número de alunas da etnia tutsis.
Quando os líderes do poder hutu tomam conta do local, o universo fechado em que
têm de viver as alunas torna-se o teatro de lutas políticas e de incitações ao
crime racial. Os conflitos são um prelúdio ao massacre ruandês que aconteceria
tempos depois.
>>> Brasil: Volta às
livrarias Diário do hospício e O cemitério dos vivos, o clássico
testemunho da internação de Lima Barreto num hospício em nova edição com notas
e imagens inéditas
Internado
por duas vezes em instituições psiquiátricas por delírios alcoólicos, Lima
Barreto documentou em Diário do hospício sua passagem pelo Hospício Nacional
dos Alienados, no Rio de Janeiro, de maneira lúcida e contundente. No romance
inacabado O cemitério dos vivos, o autor transpôs para a chave
ficcional a mesma vivência. Os dois textos foram publicados em conjunto
postumamente, em 1953 e em 2010, receberam nova e cuidadosa edição organizada
por Augusto Massi e Murilo Marcondes de Moura e prefaciada por Alfredo Bosi.
Relançada agora pela Companhia das
Letras, esta edição conta com notas e imagens inéditas, que oferecem nova
contextualização do ambiente manicomial, além de incluir ao final uma nova
reportagem de Raymundo Magalhães datada de 1920.
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