Boletim Letras 360º #216
Acontece hoje na página do Letras no Facebook, de onde foram copiadas as informações que dão forma a este Boletim o sorteio de um exemplar do livro que reúne toda a obra poética mais inéditos de Hilda Hilst. Da poesia, editado pela Companhia das Letras chegou às livrarias nesta semana. Em breve disponibilizaremos um sorteio com a edição que traz todos os contos de Dostoiévski recém-editada pela Editora 34. O sorteio deste livro será realizado entre os membros do grupo do Letras no Facebook e não na página. Ainda sobre promoções, o blog, em parceria com a Editora Rádio Londres sorteia um kit de marcadores. As informações sobre este sorteio, que acontece em maio, estão na página do Letras no Facebook.
Truman Capote e Harper Lee. Livro coloca em evidência como a amizade de infância dos dois escritores azedou. Mais detalhes ao longo deste Boletim. |
Segunda-feira,
24/04
>>> Brasil: Um galardão
para a literatura e a ilustração infanto-juvenil
Seguindo o
modelo do Prêmio Camões, fruto da parceria entre Brasil e Portugal, a
Biblioteca Nacional organizará o "Prêmio Monteiro Lobato de literatura
infanto-juvenil". Criado pelos ministérios da Cultura e das Relações
Exteriores em conjunto com o Ministério da Cultura de Portugal a meta é premiar
autores e ilustradores. O prêmio também será conferido anualmente.
>>> Brasil: Um título
inédito da Natalia Ginzburg ganha edição por aqui – A família Manzoni
Alessandro
Manzoni escreveu um dos grandes clássicos da literatura italiana: o romance
histórico Os noivos, publicado em 1840. O escritor viveu 88 anos,
foi pai de família dedicado e católico de primeira linha. A primeira mulher,
Enrichetta, lhe deu nove filhos. Tudo isso num cenário em que a radicalização
das questões nacionais sacudia a Itália. A partir de um ponto de vista nada
épico "A família Manzoni" reconta a história da família do escritor
com sua linguagem áspera, no mesmo ritmo plano que esconde, na verdade, uma
poesia secreta. A obra de Natalia Ginzburg publicado em 1983, é um romance
montado a partir de cartas e relatos históricos. Um mergulho no universo de uma
família, belo e profundo em toda a sua humanidade. A edição é da Companhia
das Letras e foi traduzido por Homero Freitas de Andrade.
Terça-feira,
25/04
>>> Brasil: Uma revista
voltada especialmente para resenhas de livros
Chama-se Quatro cinco um. O impresso começará a ser distribuído a partir de
maio. Comandada pelos editores Paulo Werneck e Fernanda Diamant, a ideia, dizem
os dois, é trazer os debates relevantes para a sociedade, mas sempre mediados
pelo livro. Foi pensada nos moldes de publicações influentes como London
Review of Books e The New York Review of Books. O nome é uma
referência a Fahrenheit 451, romance distópico de Ray Bradbury, no
qual livros são incinerados por serem considerados elementos de desarmonia
social. A publicação não tem fins lucrativos, mas os editores esperam criar uma
cultura de anúncios de livros. Além das resenhas, a revista trará ao fim de
cada edição uma lista de centenas de livros, em várias áreas, indicados para o
leitor.
>>> Brasil: Trabalho de
reapresentação da obra de Octavio Paz no Brasil ganha mais um título
A Cosac
Naify havia assinado um acordo com o Fundo de Cultura Econômica do México para
publicar títulos de Paz no Brasil; do acordo saíram as três edições que a
editora publicou: O arco e a lira, O labirinto da
solidão e Os filhos do barro. Previa-se que depois desses
títulos viessem a biografia de Sor Juan Inés de la Cruz e uma antologia com
poemas de Paz. Pelo menos uma das previsões poderá ser alcançada. A Ubu Editora
assinou contrato com o FCE e trará uma nova edição de Sor Juana Inés de la
Cruz: as armadilhas da fé.
Quarta-feira,
26/04
>>> Estados Unidos: Quais são as
apostas da Granta para a nova geração de escritores de língua inglesa?
A lista foi
divulgada hoje e nela encontramos alguns nomes já conhecidos dos brasileiros.
Ao todo são 21 nomes, sete deles já publicados pela gigante Penguin Randon
House. Rachel B Glaser, Chinelo Okparanta, e Sana Krasikov são nomes que já
haviam sido publicados pela Granta no início deste ano. Outros escritores
escolhidos para a lista com apenas um romance são: Claire Vaye Watkins, Anthony
Marra, Emma Cline e Yaa Gyasi. A lista revela ainda Mark Doten, Halle Butler,
Jillian,Esme Weijun Wang, Greg Jackson, Jen George, Joshua Cohen (uma vez
preferido pelo presidente Obama), Otessa Moshfegh, Catherine Lacey e Jesse
Ball. Dos escritores já publicados aqui estão Garth Risk Hallberg (o livro mais
recente foi Cidade em Chamas, Companhia das Letras), Karan
Mahajan (A Ilustre Família do Ministro Ahuja, Amarilys Editora),
Dinaw Mengestu (As belas coisas que é do céu, Editora Nova
Fronteira) e Ben Lerner (Estação Atocha, Rádio Londres). É a
terceira vez que, no universo de língua inglesa, a prestigiada revista faz suas
apostas.
>>> França: Uma coleção
de cartas e diários de grandes autores franceses está prestes a ir a leilão em
Paris, numa parceria entre a casa de leilões Pierre Bergés & Associés e a
Sotheby's.
Entre os
materiais: uma carta em que Gustave Flaubert defende seu romance Madame
Bovary das acusações de obscenidade que sofreu em 1857. "Não escrevo
para garotinhas, mas para os homens, para a literatura", escreveu o autor;
um diário privado de Victor Hugo, documento que chegou a ser mantido em segredo
pelos herdeiros do autor porque traz descrições das sessões espíritas das quais
ele participou; e uma inusitada carta enviada por Marcel Proust ao filho do
dono de seu apartamento, se queixando do barulho feito pelos vizinhos ao fazer
sexo: "Atrás da parede, os vizinhos fazem sexo a cada dois dias com um
frenesi que me deixa com inveja", diz o autor de "Em busca do tempo
perdido".
>>> Brasil: A Academia
Brasileira de Letras lança, em sua coleção Afrânio Peixoto, inédito de José
Cândido de Carvalho
O livro
inacabado Rei Baltazar foi organizado por Marco Lucchesi, quem
assina o prefácio do texto. A edição somente foi possível, segundo ele, graças
ao trabalho de organização dos manuscritos e textos datilografados dos filhos
do autor, Laura Lione Carvalho Santos e Ricardo Viana de Carvalho: “Os dois
merecem nosso reconhecimento. Com amoroso labor e cuidado, ordenaram as folhas,
decifraram diversas passagens com a lente de aumento, ora a desbravar a letra
miúda ora a tinta da máquina de escrever, às vezes forte, às vezes pálida,
seguindo quanto possível a cartografia da obra, em suas lacunas, para
confrontá-la com a intenção ao autor”, escreve Lucchesi no prefácio, intitulado
por ele “Vivas ao Rei”. José Cândido de Carvalho escreveu mais dois romances Olha
para o céu Frederico (1939) e O coronel e o Lobisomem (1964),
atualmente com 58 edições e considerado sua obra de maior sucesso de público e
crítica. Foi autor, também, de livros de contos e crônicas.
>>> Uma
antologia bilíngue de poesia romana de temática homoerótica, que abarca uma
série de gêneros e subgêneros da poesia antiga, como a épica, a bucólica, a
elegia, o epigrama e a lírica.
Por
que calar nossos amores? Poesia homoerótica latina percorre várias
gerações de poetas latinos, que se dividem numa profusão de tratamentos
distintos do tema homoerótico, indo do tom direto em Catulo ao oblíquo em
Horácio; da celebração da hombridade amorosa entre guerreiros aos amores entre
deuses e homens; da sátira contra ex-amantes aos conselhos bastante apropriados
de sedução e paciência dados por Tibulo. A edição, que sai pela Autêntica
Editora, é organizada por Raimundo Carvalho, Guilherme Gontijo Flores, Márcio
Meirelles Gouvêa Júnior e João Angelo Oliva Neto.
Quinta-feira,
27/04
>>> Brasil: Mais dois
títulos na reedição da obra da poeta Cecília Meireles apresentada pela Global
Editora
Um deles são
os poemas escritos durante (ou motivados por) uma viagem à Itália; a edição traz
uma novidade: as versões dos textos para o italiano feitas por Edoardo
Bizzarri. Poemas italianos tem apresentação da poeta Mariana
Ianelli. A outra obra, é terceira produção poética de Cecília Meireles (veio a
público em 1925). Baladas para El-Rei é formado ainda por
ilustrações concebidas pelo artista plástico português Fernando Correia Dias,
primeiro companheiro de Cecília. A apresentação desta edição é assinada pelo
crítico literário Marcos Pasche.
>>> Brasil: Novo livro
de Gonçalo M. Tavares – O torcicologologista, excelência
"Tudo o que
é sério tem dois lados divertidos”: duas excelências conversam sobre amenidades
e vãs filosofias. Autoridades de coisa nenhuma, os personagens travam diálogos
que beiram o absurdo, mas um absurdo com método e um (curioso) rigor
científico. Há aqui, é claro, a prosa habilidosa, a fuga dos padrões e toda a
inventividade de Gonçalo M. Tavares. Nas entrelinhas, o leitor encontra uma
visão crítica da sociedade e suas incongruências em um texto que é, do início
ao fim, marcado pelo humor" - assim apresenta este livro a Dublinense. E
continua: "Gonçalo coloca algumas 'excelências' a debater, elucubrar, sofismar,
sobre como se faz uma revolução, o tempo, o espaço, a linguagem, o corpo, entre
dezenas de assuntos. E aí está o torcicologologismo da coisa: os diálogos nos
fazem olhar para outros lados dos assuntos propostos e até mesmo para outros
lados da ideia de lógica".
>>> Brasil: O colunista do Letras Cesar Kiraly apresenta seu novo livro
de poesia: Fuga sobre o branco [ ].
Ao se lidar
com ensaios ou romances, é desafiador dizer o referente. Apenas o trivial não
dissimula o apontamento. O assunto é quase sempre um resvalamento acidental. Na
poesia, esse apagamento de rastros é mais intenso. E se teimássemos em obter
uma etiqueta desta Fuga? O novo livro de Kiraly é sobre o branco, de um modo
particular. Porque o branco não é o tema. O autor foge em cima do branco.
No livro anterior, Kiraly escreveu Variações seguidas de dois pontos sobre um
tema do pintor alemão Anselm Kiefer. Ele escreveu na superfície da
implacabilidade do sol contra o girassol. Agora se trata da fuga para dentro do
branco ou tão somente para o interior dos colchetes sucedidos pelo ponto. O
livro de agora é publicado pela Editora Patuá.
Sexta-feira,
28/04
>>> Brasil: Uma nova
edição para o clássico Peter Pan
Peter
and Wendy – ou Peter Pan – narra a clássica história dos
irmãos Darling, Wendy, João e Miguel, que acompanham Peter Pan em uma viagem
pela Terra do Nunca, onde convivem com índios e sereias, estranhos animais,
enfrentam o Capitão Gancho e seus piratas, além de muitos outros perigos. A Autêntica Editora publica
uma nova tradução integral do livro conduzida pela Cristina Antunes. O livro
traz as ilustrações F. D. Bedford, o ilustrador da edição original, de 1911.A
edição integra o conjunto de clássicos infanto-juvenis que serão reeditados
pela casa. Antes do livro de J. M. Barrie, a Autêntica já publicara Alice
no país das maravilhas, de Lewis Carroll com as ilustrações de John
Tenniel.
>>> Estados Unidos: Um livro
abre novas clareiras na polêmica relação entre a autora de O sol é para todos e Truman Capote e mostra outras faces da escritora
É o trabalho
de Wayne Flynt, historiador, e amigo pessoal de Harper Lee durante grande parte
da vida. Mockingbird Songs: My Friendship With Harper Lee chega às livrarias
estadunidenses em maio e revela o conteúdo de uma extensa quantidade de
correspondências trocadas entre os dois. Numa dessas missivas, de março de
2006, ela declara Truman Capote, um mentiroso. “Eu não sei se você percebeu
isso nele, mas mente compulsivamente, do tipo, se você disser ‘Você sabia que
JFK foi baleado?’, ele responder facilmente, ‘Sim, eu estava dirigindo o carro
em que ele estava’”. Lee revela que a bebida e falsidade de Capote acabaram a
amizade entre os dois. “Eu era seu amigo mais velho, e fiz algo que não podia
perdoar: escrevi um romance que vendia", escreveu ela. "Ele alimentou
essa inveja por mais de 20 anos." O sol é para todos venceu o Pulitzer
em 1961 e vendeu só naquela época mais de 40 milhões de cópias. Depois de
então, Lee afastou-se pouco a pouco até não mais ser vista publicamente. A vida
pública causava-lhe muito mal. Flynt e sua companheira, Dartie, estiveram entre
as poucas pessoas que continuaram a fazer parte do círculo íntimo de Lee e ela
não queria que ele escrevesse sobre ela enquanto ela estivesse viva. Lee,
revela, era uma prolífica escritora de cartas. As escritas para Flynt muitas
vezes enchiam dúzia de páginas. Nelas, ficaram os registros também do seu amor
por Manhattan, onde manteve um apartamento até quando sofreu um acidente
vascular cerebral em 2007 e se mudou para sua casa no Alabama. Nova York
era-lhe um refúgio: gostava de assistir aos jogos Mets, shows na Broadway e ir
ao Metropolitan Museum of Art. Se ela morresse em Nova York, escreveu, queria
que suas cinzas fossem espalhadas por sobre Manhattan "sem cerimônia".
Nas cartas, frequentemente mencionava livros e escritores: elogiou uma série de
autores, de Frank McCourt a William Faulkner e se referiu a Eudora Welty como
"minha deusa". E sobre o seu próprio trabalho, Lee disse que estava
contente e apesar da sua popularidade via nele deficiências. Pelo menos dois
outros livros sobre Harper Lee estão planejados para sair nos próximos anos. O
escritor da revista New Yorker Casey Cep vai explorar o romance inacabado que
ela deixou sobre um crime que durante anos ela levantou dados. E a família da
escritora quer uma nova biografia porque estão descontentes com o livro não
autorizado de Charles J. Shields sobre ela.
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