Boletim Letras 360º #213

No dia 3 de abril abrimos mais um sorteio no âmbito das celebrações dos 10 anos do blog Letras in.verso e re.verso. Depois de sortearmos dois exemplares de A montanha mágica, de Thomas Mann (Companhia das Letras), vamos presentar um leitor com a edição que reúne toda poesia de Hilda Hilst, Da poesia (também editada pela Companhia). Ainda falta alguns dias para o sorteio, mas só restam, até a hora em que fechamos a edição deste Boletim, oito inscrições. Se correr, ainda dá tempo

Romance de Dalton Trumbo que se tornou um potente texto contra a guerra ganha nova tradução no Brasil.

Segunda-feira, 03/04

>>> Brasil: Os dois novos lançamentos da Editora Rádio Londres

O primeiro deles é Instrumental, um livro escrito pelo pianista inglês James Rhodes e que fez barulho no Reino Unido em 2015. Trata-se de uma autobiografia na qual ele repassa um histórico de violência sexual na infância, e como superou o trauma com ajuda da música clássica. O sucesso do livro foi tanto em terras inglesas que a BBC trabalha numa adaptação cinematográfica. E, como lembramos há alguns meses, a RL também prepara uma edição com os discursos de Kurt Vonnegut realizados em formaturas universitárias. O título é If This Isn’t Nice, What Is?.

>>> Brasil: Clarice Lispector, adaptadora de clássicos da literatura

Dentre os trabalhos do gênero realizados pela escritora, está o de condensar quase mil páginas da edição de Tom Jones, de Henry Fielding para pouco mais de trezenas páginas. Esta obra do escritor inglês é considerada por muitos estudiosos o primeiro romance moderno. Publicado na Inglaterra em 1749 e traduzido e adaptado no Brasil por Clarice, a edição volta às prateleiras em nova edição pela Rocco Jovens Leitores, completando a coleção Os Favoritos, da qual fazem parte também O chamado selvagem, de Jack London, Viagens de Gulliver, de Jonathan Swift, A ilha misteriosa, de Julio Verne, "O talismã", de Walter Scott, e O retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde. Tom Jones acompanha as peripécias de um jovem bastardo que aparece, misteriosamente, na casa do sr. Allworthy, um viúvo rico e bondoso, em Somersetshire. Disposto a enfrentar a língua do povo pelo bem do ser inocente – “A muito homem de bem já aconteceu passar por pai de filhos que nunca fez” –, o nobre senhor não pensa duas vezes. Antes mesmo de comunicar sua decisão a Bridget, a irmã solteira, virtuosa e um tanto severa com quem divide a casa, Allworthy ordena à criada Débora que providencie roupa, alimento, cama e todo o necessário para cuidar do enjeitado. Típico romance de formação, o livro acompanha a trajetória de Tom Jones infância e juventude afora, incluindo o longo período que passou vagando pelas estradas da Inglaterra, depois de ser expulso de casa por se apaixonar – e ser correspondido – pela bela Sofia, filha de um proprietário de terras vizinho a Allworthy, e sofrer as maiores calúnias por parte do primo Master Blifil, até um final verdadeiramente surpreendente.

>>> Portugal: Morreu o escritor português Fernando Campos

Membro da Academia de Ciências de Lisboa, Campos escreveu vasta bibliografia didática e monografias de pesquisa etimológica e literária. Estreou como ficcionista aos 62 anos com o romance histórico A casa do pó (1986), cuja ação decorre em finais do século XVI e conta a história das peregrinações de Frei Pantaleão de Aveiro (autor do Itinerário da Terra Santa, publicado em 1593), traçando um panorama da cristandade ocidental e oriental. O livro, muito bem recebido pelo público e pela crítica, levou-lhe 11 anos a preparar e colocou-o de imediato entre os grandes escritores portugueses e abriu espaço para o grande romance histórico. Um ano depois do livro de estreia, publicou a sátira literária O homem da máquina de escrever e o romance Psiché. Seguiu-se vários outros títulos, entre eles, O pesadelo de dEus (1990), A esmeralda partida, sobre a figura de D. João II, que lhe valeu o Prêmio Eça de Queiroz (1995), A sala das perguntas (1998), o livro de contos Viagem ao ponto de fuga (1999), A ponte dos suspiros (2000), que retrata um jovem D. Sebastião que por vergonha vive incógnito como mendigo. O escritor morreu no dia 1º de abril de 2017, em Lisboa, mas só hoje, dia 3, a comunicação foi realizada aos mídia portugueses.

Terça-feira, 04/04

>>> Brasil: Inédito de Alejandro Zambra marca o retorno da obra do escritor ao país

A casa do chileno era a extinta Cosac Naify e desde o fim da editora sabíamos que sua obra passaria a ser editada pelo selo Tusquets / Planeta Livros, desde 2016 em plena atividades no Brasil. A chegada de Múltipla escolha assinala a abertura da reedição da obra de Zambra. O título inédito no Brasil reúne um texto escrito na forma de um teste de múltipla escolha e convida o leitor a responder a exercícios virtuosos de linguagem e passagens narrativas curtas através de perguntas que são provocadoras, geralmente sem resposta e muitas vezes absurdas. Ele oferece um novo tipo de experiência de leitura, em que o leitor participa diretamente na criação de significado, e a natureza da própria narrativa é posta em questão. Descrito como a um só tempo divertido, pungente e político, Múltipla escolha é sobre amor e família, autoritarismo e seus legados, e a convicção de que, ao invés de aprender a pensar por nós mesmos, somos treinados para obedecer e repetir.

>>> Portugal: Uma nova edição de toda poesia de Alexandre O'Neill revela inéditos

Sai pela Assírio & Alvim que tem trabalhado constante nas edições de obras completas de poetas portugueses. Agora, cinco anos depois da primeira edição, uma nova reunião aparece em Poesias completas & dispersos; a antologia é organizada e posfaciada por Maria Antónia Oliveira e revista por Luis Manuel Gaspar. O volume reúne toda a poesia publicada do poeta, isto é, os 11 livros de poemas publicados em vida, entre 1951 e 1986, mas também inéditos localizados em espólios: ao todo são mais de quarenta textos que se encontravam dispersos em jornais, revistas, discos e catálogos de arte.

Quarta-feira, 05/04

>>> Brasil: Tudo novo para o livro A ilha, o último romance escrito por Aldous Huxley

Nova tradução, novo projeto gráfico e, claro, nova edição. A Biblioteca Azul amplia o catálogo com os novos livros de Huxley com este título aparecido no início dos anos 1960. Na obra, o escritor volta a falar de uma sociedade idealizada, como em Admirável mundo novo, escrito três décadas antes, mas sob uma ótica diferente. Em vez de situar suas personagens num futuro sombrio, dominado pelo consumo e por sofisticados mecanismos de controle social, o autor elegeu uma ilha fictícia como palco de uma civilização que persegue serenamente a felicidade. Lá a utopia da existência plena é possível, e esse é o grande tema da discussão proposta na obra por Huxley. A nova tradução é de Bruno Gambarotto.

Quinta-feira, 06/04

>>> Itália: A Série Napolitana, da escritora Elena Ferrante, será adaptada para a TV

A série é um produção da HBO com direção de Saverio Constanzo. A previsão é de que o material seja lançado em 2018. Com oito episódios, de 50 minutos cada, a primeira temporada começa a ser gravada em junho e corresponde ao livro que abre a série, A amiga genial. A Série Napolitana, formada por quatro romances, conta a história das amigas Elena e Rafaella ao longo de suas vidas. A amiga genial cobre da infância aos 16 anos das duas mulheres.

>>> Publicarão romance inédito de Ievguêni Ievtuchenko

O anúncio foi realizado pela companheira do escritor. Intitulada O túnel de Béring, a obra não se trata de um romance tradicional: "é um romance curto autobiográfico em que o escritor recorda sua infância durante a guerra, suas viagens aos Estados Unidos e outros diferentes acontecimentos de sua vida", disse Maria. Tudo contado pelo alter-ego Alexándrovich, nome do bisavô de Ievtuchenko, quem foi enviado para a Sibéria por organizar uma revolta de camponeses contra proprietários de terra e depois fugiu para o Alaska e pensou cavar um túnel entre os dois países através do Estreito de Béring. É esta ideia que dá base ao romance, pelas estreitas relações entre Rússia e EEUU. Embora seja conhecido como poeta, o russo escreveu ao longo de sua vida vários romances, roteiros de cinema e dirigiu filmes e documentários.

Sexta-feira, 07/04

>>> Brasil: Há muito fora de catálogo, retorna às livrarias Johnny vai à guerra, de Dalton Trumbo

O título que deu origem ao único filme dirigido pelo grande roteirista Dalton Trumbo. Eis Johnny vai à guerra agora em nova edição pela Biblioteca Azul / Globo Livros. Que absurdos levam uma civilização à guerra? Essa talvez seja a questão mais provocativa que perpassa esse clássico cult do estadunidense Dalton Trumbo sobre os destroços da Primeira Guerra Mundial. A mais provocativa, mas não a única neste livro que se transformou numa bandeira contra a luta armada e a violência assim que foi lançado, em 1939. Narrado por Joe, um sobrevivente de guerra gravemente mutilado, o livro é uma correnteza de pensamentos ora desesperados ora contemplativos que acometem esse homem imóvel num leito de hospital. Ainda que seus sentidos estejam comprometidos, o que o deixa incapaz de se comunicar, Joe está consciente. Sem saber em que país está ou se sua identidade foi reconhecida ou não, ele transborda os limites do corpo para chegar a um fluxo de consciência que transita entre as memórias e o medo de um futuro sem perspectiva. A brutalidade perturbadora do depoimento, ao relembrar as experiências bélicas, é pontuada pelo instigante desenvolvimento de habilidades mentais e sensoriais pelo qual Joe se obriga a passar para tentar se comunicar e distinguir realidade de imaginação.

>>> Brasil: A continuidade da saga de Patrick Melrose na sequência Romances de Patrick Melrose ganha mais dois capítulos

Por quase duas décadas, Edward St. Aubyn inspirou-se na própria história para retratar a vida de Patrick Melrose e o universo da elite inglesa numa aclamada empreitada literária. Mantendo a elegância e a inteligência características do primeiro volume, esta continuação reúne os dois títulos que encerram a série. Em "O leite da mãe", Patrick, agora casado e pai de dois meninos, teme que a relação conturbada que teve com o pai envenene o seu próprio exercício de paternidade. Ao mesmo tempo, sua esposa Mary volta-se inteiramente ao cuidado das crianças; sua mãe, Eleanor, deseja realizar um suicídio assistido; e os filhos sempre parecem entender muito mais do que deveriam. O último livro, "Enfim", é ambientado no funeral de Eleanor Melrose. Enquanto encara a perda da mãe, Patrick começa a aceitar e compreender os motivos que tornaram seus pais o que foram. Sozinho em seu quarto, pode finalmente vislumbrar a perspectiva de liberdade que há tanto tempo almeja. A edição é da Companhia das Letras com tradução de Sara Grunhagen.

>>> Colômbia: Uma edição ilustrada de um dos grandes clássicos da literatura em celebração dos 50 anos de sua primeira edição

Em capa dura, edição de bolso, fac-similar, de todas as maneiras já foi publicado Cem anos de solidão. Faltava só uma edição ilustrada. Faltava. A editorial Penguin Random House marca o aniversário de 50 anos da primeira edição da obra com uma elegante edição com ilustrações da chilena Luisa Rivera, que transpôs para imagem todo o realismo mágico de Gabriel García Márquez. A edição tem ainda outra singularidade: o filho do escritor, o tipógrafo Gonzalo García Bacha foi quem criou um tipo de letra exclusivo para o livro.

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