Boletim Letras 360º #211
Bertolt Brecht: ganha edição um texto inédito do escritor no Brasil |
Segunda-feira,
20/03
>>> Brasil: Um livro, dois inéditos: edição reúne textos de Friedrich Schlegel sobre
a poesia
O autor foi
uma voz determinante para os movimentos literários europeus do século XIX. Seus
aforismos, publicados na revista Athenaeum, que dirigiu entre 1798
e 1800, foram a base sobre a qual se edificou o primeiro romantismo alemão. Em
Fragmentos sobre poesia e literatura (1797-1803), lançamento da
Editora Unesp que traz também, no mesmo volume, Conversa sobre
poesia, pode-se conferir essa escrita que busca, em forma de diálogos,
refletir sobre o significado da vida e da arte. A tradução dos textos foi feita
por Constantino Luz de Medeiros e Márcio Suzuki.
>>> Brasil: Obra que
reúne todos os contos de Dostoiévski tem textos totalmente inéditos no Brasil
Foi em
janeiro quando divulgamos da chegada ao Brasil de uma edição com a contística
de um dos mais importantes nomes da literatura russa. A obra chega às livrarias
na segunda quinzena de abril. Entre os textos, cinco são totalmente inéditos
por aqui: "Como é perigoso entregar-se a sonhos de vaidade",
"Pequenos quadros (durante uma viagem)", "Plano para uma novela
de acusação da vida contemporânea", "O tritão" e
"Domovoi" ― este publicado em anexo como um texto inacabado,
encontrado em meio aos papéis do autor após a sua morte. Outros têm pela
primeira a tradução direta do russo; entre eles: "Romance em nove
cartas", "Um menino na festa de Natal de Cristo", "Dois
suicídios" e "Uma história da vida infantil". Além disso, outros
três contos inéditos no país enquanto narrativas separadas: "A mulher do
outro" "O marido ciumento", originalmente publicados como
"A mulher do outro e o marido debaixo da cama", e "Histórias de
um homem vivido", um conto em duas partes. Ao todo são 28 contos escritos
entre 1846 a 1880. A edição é da Editora 34.
Terça-feira,
21/03
>>> Brasil: Após a
edição do Livro do desassossego, a Global Editora apresenta mais um
trabalho da pesquisadora Teresa Rita Lopes, Vida e obras de Alberto
Caeiro
No dizer de
Pessoa, Alberto Caeiro "nasceu em Lisboa mas viveu quase toda a sua vida no
campo"; “morreram-lhe cedo o pai e a mãe” e, por isso "vivia com uma tia velha,
tia-avó”; “não teve mais educação que quase nenhuma, só a instrução primária".
E acrescenta, invejando-lhe seguramente a sorte de não ter sido obrigado, como
ele, à escravatura de um ganha-pão: "Deixou-se ficar em casa, vivendo de uns
pequenos rendimentos". Aduante, comenta: "Pus em Caeiro todo o meu poder de
despersonalização dramática". Na edição Vida e obras de Alberto
Caeiro, os três “livros” do heterônimo dão (1) notícia dessa vida sem
acontecimentos, exceto a "doença" do episódio amoroso. O segundo livro se
compõe por nove poemas e o terceiro, "Andaime ― Poemas Inconjuntos", segue,
como um diário, a evolução de uma doença, neste caso a tuberculose, que o
vitimou.
>>> Brasil: A editora
Massangana, da Fundação Joaquim Nabuco, prepara uma coleção de volumes com
seletas de autores brasileiros em domínio público, realizada por escritores e
críticos
Os dois
primeiros serão Machado de Assis, com organização de Luiz Ruffato, e Lima
Barreto, com organização de Flora Süssekind. Os dois também publicam ensaios
explicando o recorte na obra de cada autor. A coleção é coordenada por
Schneider Carpeggiani.
>>> Brasil: Morreu a
poeta Eunice Arruda
A poeta
nasceu em Santa Rita do Passa Quatro, São Paulo, em 1939. Publicou o seu
primeiro livro de poemas, É tempo de noite, em 1960. Integrou a
Coleção Novíssimos, organizada pelo editor Massao Ohno e que deu visibilidade a
importantes poetas dos anos 1960. Além da coleção e do livro de estreia, Eunice
publicou mais de uma dezena de livros, entre eles O chão batido, Há estações e Poesia reunida. Tem poemas publicados em
antologias de outros países, como França, Estados Unidos e Itália. Em 1974,
venceu o Concurso de Poesia Pablo Neruda e em 1997 recebeu o Mérito Cultural,
dado pela União Brasileira de Escritores do Rio de Janeiro.
Quarta-feira,
22/03
>>> Brasil: Um relicário
sobre o tema da jornada ou um itinerário poético de Cecília Meireles
Um dos
livros mais célebres da poeta brasileira, Viagem, de 1939, é
profundamente marcado pelo universo de sensações que o deslocamento no espaço e
no tempo proporcionam. Além desse título, Cecília compôs outro conjunto de
versos nos quais a tópica da jornada vincou fortemente sua criação poética:
Poemas de viagens. Menos conhecidos, mas igualmente luminosos, eles
integraram o volume nove das Poesias completas da autora,
publicadas nos anos 1970. Escritos entre os anos de 1940 e 1964, estes poemas
saem agora pela Global
Editora pela primeira vez em volume separado, o que se configura numa
oportunidade ímpar para os leitores embarcarem de braços dados com Cecília
neste caleidoscópio de situações novas transmutadas pela sensibilidade da
autora em versos de arrojado lirismo. A passagem por países como México,
Estados Unidos, Holanda, Suíça, Portugal, Marrocos, China e outros foram o
substrato para que nossa maior poeta dessa origem a um relicário de versos de
rara beleza. Muito recente, sobre o tema, a mesma editora publicou uma
coletânea de crônicas da autora.
>>> Brasil: Outros
títulos por vir no terceiro ano da Editora Carambaia
Nas
previsões de lançamento publicadas por aqui em postagens passadas lembramos os
leitores sobre algumas novidades que a editora há dois anos no mercado
editorial sempre com excelentes publicações havia prometido. Entre, eles
estavam uma caixa com obras de H. G. Wells (O dorminhoco e A
guerra do ar), um livro de Jules Verne (O testamento de um
excêntrico) e outro do Marquês de Sade (Novelas trágicas).
Além desses, está prometido Uma gozação bem sucedida de Italo
Svevo. A editora se lançou no mercado em 2015, com a proposta de publicar
livros com textos literários de qualidade, de autores nacionais e estrangeiros,
inéditos ou esgotados há tempos no Brasil. Os volumes são bem cuidados
graficamente e têm tiragem limitada. Designers, tradutores, organizadores e
ensaístas participam de todo o processo de produção, discutindo as
particularidades do autor e da obra, para que o livro apresente um projeto
gráfico que dialogue com seu conteúdo. Todos os títulos do catálogo têm tiragem
única de mil exemplares e cada volume é numerado manualmente.
Quinta-feira,
23/03
>>> Brasil: Livro
inédito de Bertolt Brecht
Conversas
de refugiados foram escritas por um dos maiores dramaturgos do século XX
nos anos 1940 durante seu exílio na Finlândia e nos Estados Unidos, quando
fugia do nazismo. Dando tratamento moderno à forma antiga do diálogo platônico,
Brecht exerce aqui toda a inventiva que é a marca de suas peças. Pela primeira
vez traduzidas para o português, as conversas entre o pesquisador Ziffel e o
operário Kalle tratam de um tema de urgente atualidade: a condição nômade,
cheia de incertezas, de pessoas que precisam deixar para trás tudo o que têm,
devido à guerra ou à perseguição política. A tradução de Tercio Redondo e a
edição é da Editora 34.
Sexta-feira,
24/03
>>> Brasil: A primeira
antologia que reúne os autores clássicos da literatura holandesa chega ao país
É inegável o
trabalho de divulgação dos escritores holandeses no Brasil pelas mãos de Daniel
Dago. O tradutor cuidou da seleção, organização e tradução de um conjunto de
textos cujo propósito é revelar ao leitor brasileiro uma seara praticamente
desconhecida por aqui. Contos holandeses (1839 - 1939) reúne nomes
como Hildebrand, Multatuli, Jacobus van Looy, Arnold Aletrino, Herman
Heijermans, Jacob Israël de Haan, Carry van Bruggen, Louis Couperus, Marcellus
Emants, Theo Thijssen, Jan Jacob Slauerhoff, Edgar du Perron, Aart van der
Leeuw e Hendrik Marsman. Se os textos aí reunidos são inéditos no Brasil, outra
grande parte das traduções são inéditas mesmo fora do país natal dos
escritores. A edição é da Editora Zuok.
>>> Portugal: A celebração
dos 35 anos de uma obra-prima da literatura de língua portuguesa
Trata-se de Memorial do convento, de José Saramago.
Para marcar a data, a Fundação
José Saramago, o Palácio Nacional de Mafra e a Câmara Municipal de Mafra
patrocinam a exposição "Era uma vez um rei devoto, um padre que queria
voar e uma mulher com poderes". Com curadoria de Filomena Oliveira e
Miguel Real e projeto expositivo da Silvadesigners, o evento expõe parte do
espólio de José Saramago destinado à escrita do romance, bem como se ilustra
este através da obra pictórica de José Santa- Bárbara, em cujos quadros
Saramago diz ter descoberto o rosto de Blimunda. Em 2017, comemoram-se também
os 300 anos da colocação da primeira pedra para a construção do Palácio de
Mafra.
>>> Estados Unidos: Encontrado
um texto com a versão de Richard Hickock, um dos assassinos retratados em A
sangue frio, de Truman Capote
O escritor
esteve com Hickock reiteradas vezes no corredor da morte. Mas, nunca falou
sobre uma versão do texto de quase 200 páginas. Durante meio século, a versão
do assassino permaneceu esquecia até vir a lume depois de uma investigação do The Wall Street Journal. O escrito traz à tona a narrativa sobre a noite de
15 de novembro de 1959 com a mesma frieza com que Capote recria a situação em A sangue frio. Não há arrependimento, sem silenciamento; só o horror da
família Clutter depois de surpreendidos por Hickock e seu amigo Perry Smith no
seu sítio em Holcomb, Kansas. A diferença entre o texto de Hickock e o de
Capote é que o assassino sustenta a tese de que o crime foi por encomenda ― mas
não oferece muitos detalhes. Apenas que um tal de Roberts teria pago dez mil
dólares para a execução. A versão também não bate com a assumida pelo juiz, que
diz que Hickock e Smith foram à fazenda convencidos de que o Sr. Clutter
guardava dez mil dólares e, ao não encontrar o dinheiro, deram cabo da família.
Depois de pronto o texto foi enviado a um jornalista do Kansas chamado Mack
Nations. Este fez duas cópias: a primeira enviou em 1962 a um advogado de
acusação; a outra, depois de uma curta reelaboração, para a editora Random
House. Tudo sem sucesso. A acusação nada fez com o documento e a editora, que
já havia assinado um contrato com Capote, devolveu o texto. Sabe-se que o
escritor travou outras batalhas para que o manuscrito não viesse a lume. Capote
tentou por todos os meios desfazer-se do manuscrito; buscou Hickock reiteradas
vezes para comprá-lo. Os assassinos foram enforcados em abril de 1965 e no ano
seguinte publicou-se A sangue frio, que alcançou fama mundial. Nations morreu
num acidente de carro e a única cópia agora encontrada foi a do advogado de
acusação deixada em testamento para seu filho.
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