Boletim Letras 360º #209
No final da
semana já disponibilizamos, depois de enviar os livros da promoção Metas para
2017, com ganhadores que serão surpreendidos com os presentes – nem eles sabem
que foram sorteados e nem qual dos livros pretendidos foi o escolhido por nós
para eles – o próximo sorteio. Como falamos na página do Letras no Facebook e
no Twitter @Letrasinverso agora presentearemos alguém com uma edição de A
montanha mágica, de Thomas Mann. Saiba mais detalhes aqui.
Hilda Hilst e Lygia Fagundes Telles. A edição Da poesia, que reúne toda a obra poética de Hilda, traz, entre outras novidades, depoimentos da amiga. Mais detalhes ao longo deste Boletim. Foto: Glória Flůgel na noite da exposição em homenagem aos 70 anos da Hilda. |
Segunda-feira,
06/03
>>> Estados Unidos: Sobre um novo
catatau de cartas de Elizabeth Bishop
Há
correspondências e correspondências. As de Elizabeth Bishop além de revelar
muito da sua trajetória e do seu tempo, por exemplo, também ajudam a entender o
Brasil de entre os anos de 1951 e 1971, período em que a poeta viveu entre
Petrópolis, Ouro Preto e Rio de Janeiro. Até agora, o que se conhecia dessa
correspondência como completa estava reunida numa edição de 1976, um catatau de
800 páginas publicado no Brasil em 2008 (Uma arte: as cartas de Elizabeth
Bishop, pela Companhia das Letras). Mas, há ainda um mundo de cartas da poeta.
Parte delas veio a lume ainda em 2001 quando sua biógrafa, a escritora Megan
Marshall, localizou um lote. Ao todo são mais nove anos de correspondências
inéditas da poeta. Estiveram guardadas com a viúva da última namorada, Alice
Methfessel, por quem Elizabeth se apaixonou depois do suicídio de Lota. Megan é
autora de um ensaio cuja publicação sai na nova edição da revista Serrote,
cf. noticia o jornal O Globo, onde Elanalisa centenas de missivas e
cartões-postais. “Quando Alice morreu, em 2009, tinha deixado instruções à
parceira, Angela Leap, para enviar um lote de documentos para o Vassar College,
onde ficava armazenado o acervo de Elizabeth Bishop desde a sua morte, em 1979.
Ninguém mais sabia desses papéis, e ainda levou dois anos para que tudo fosse
catalogado e disponibilizado à pesquisa. Em meio àquele material, havia uma
caixa diferente, trancada, que Angela não havia aberto”. Nas cartas, escritas
entre 1970 e 1976, a pesquisadora observou minúcias da rotina da poeta —
Elizabeth tomava longos banhos quentes de banheira enquanto tomava seu bloody
mary; fazia uma espécie de “recenseamento” de flores; imitava a forma como
Alice se despia, tirando a meia-calça de forma desleixada. Também reiterou os
argumentos que a faziam rejeitar as coletâneas de poetas mulheres (“por que não
‘Poetas homens em inglês’? Você não percebe como isso é tolo?”, escreveu ela) e
criticou a produção literária americana (a exemplo da poeta Sylvia Plath, a quem
se referiu como “insípida” e “superficial”). Megan acredita que esse apanhado
de correspondências seja a descoberta mais importante da história da poeta.
>>> Brasil: Novo livro
de Ian McEwan
Trata-se do
título Blues do fim do mundo que foi publicado inicialmente numa
coletânea com textos selecionados por Christopher Hitchens. O ensaio é uma
reflexão sobre o encantamento do homem pelo apocalipse, seja este lido como os
últimos dias, o fim do mundo, a extinção da vida, os movimentos bélicos e como
essas ideias influem da fé à ciência passando pela cultura. Descrito como uma
reflexão provocadora e surpreendente sobre as formas de olhar para a nossa
existência coletiva, o ensaio de McEwan é o primeiro da prosa não-ficcional do
autor a ser editado por aqui. A edição é da Editora Âyiné.
Terça-feira,
07/03
>>> Brasil: Ampliar a
distribuição de livros do selo Demônio Negro e preparar novas edições para
obras fora de catálogo
Para
responder ao primeiro desafio, a editora fechou um acordo com Hedra. A parceria
inicia com uma nova edição, ampliada, da poesia completa de Gilka Machado, que
acaba de ser lançada. Sobre as obras esgotadas de seu catálogo, a DN prepara
edições com títulos de Ezra Pound, Octavio Paz, Augusto e Campos e Sousândrade.
>>> Argentina: A herança
literária de Ricardo Piglia. O escritor, que morreu em 6 de janeiro de 2017,
findou boa parte de sua obra e deixou tudo programado para edições póstumas. As
primeiras começam a ser publicadas ainda este ano
O trabalho
começou desde quando foi diagnosticado com uma esclerose lateral amiotrófica em
2014. De então, Piglia trabalhou num ritmo de doze horas por dia, sete dias por
semana para concluir dezenas de trabalhos que virão a lume nos próximos anos
seguindo calendário elaborado pelo próprio escritor. Piglia deixou seis obras
concluídas, dentre elas o restante de seus diários que começou a escrever
quando tinha só 16 anos. Neste ano ainda sairá Por un relato futuro, livro
que recolhe uma série de entrevistas com seu compatriota Juan José Saer; não se
falou quando sairão o volume de contos Los casos del comisario Croce — obra
com oito textos inéditos; de um volume com as aulas de Piglia na televisão
pública argentina e uma edição definitiva de seus contos completos. Outras
obras ainda estão em revisão: Teoría de la prosa, China, 1973. Fragmentos de
un diario, La Argentina en pedazos y otros prólogos e Ensayos
completos. Não será publicado nada que Piglia não tenha revisado pelo menos
90%. Antes de morrer, o escritor doou todo seu arquivo – impresso e digital – à
Firestone Library da Universidade de Princeton, onde era professor emérito.
Quarta-feira,
08/03
>>> Portugal: Resquícios
das celebrações sobre o Modernismo em Portugal. As livrarias daquele país
recebem um volume que reúne os contos “Era uma vez”, “O sonho de Pechalim” e a
“A menina serpente”, escritos e ilustrados por José de Almada Negreiros
Os textos
foram apresentados primeiramente no Sempre Fixe, um semanário
editado em 1926 e ganham edição agora pela Assírio & Alvim sob o título de Três histórias desenhadas". Esta é uma de várias obras de Almada
Negreiros que a editora planeja publicar durante este ano. Para abril e maio,
p.ex., está programado o lançamento de um volume de entrevistas e um livro de
teatro, no âmbito da coleção Almada Breve. Este será a primeira obra da editora
dedicada ao teatro do modernista.
>>> Colômbia: Está em
processo de criação a primeira série de ficção sobre a vida do escritor
colombiano Gabriel García Márquez
Trata-se de
um projeto de produtores escritores independentes da Colômbia, que planejam
vendê-lo para a Netflix ou HBO. A série contará com três temporadas, tendo 13
episódios cada uma e duração de 45 minutos. As tramas vão mesclar “ação,
suspense e paixão, por meio de histórias inéditas da descrição imaginativa e
supersticiosa do personagem”. A ideia da série Gabo surgiu depois da formação
de um grupo de narradores e produtores colombianos que em 2015 decidiram
investigar “exaustivamente” a vida do escritor com vistas à criação da série. O
conhecido cineasta colombiano Sergio Cabrera e o produtor de conteúdo Hugo León
Ferrer deram forma ao projeto com base em material de arquivo, entrevistas e
contando com a ajuda de Plinio Apuleyo, escritor de dois livros dedicados ao
seu amigo García Márquez. Cristina Villar, que dirige a produtora Perrenque Media Lab, integra o grupo
que desenvolveu a proposta junto com a Into Films.
>>> Brasil: O escritor e
diplomata João Almino foi eleito nesta quarta-feira o novo ocupante da
cadeira 22 da Academia Brasileira de Letras (ABL).
O escritor
venceu o Prêmio Casa de las Américas em 2003, com As cinco estações do amor (Record), e o Prêmio Prêmio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura em
2011, com Cidade livre (Record). Seu último livro foi Enigmas da primavera (Record), de 2015, finalista do Prêmio Rio de Literatura. Ex-aluno do filósofo
francês Claude Lefort, Almino também é autor de vários livros de História e
filosofia política, que são referências sobre autoritarismo e democracia. É o
caso de Os democratas autoritários, de 1980, Idade do
presente (1985), Era uma vez uma Constituinte (1985) e O segredo e a informação (1986). O diplomata deu aulas na
Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), Universidade de Brasília
(UnB), Universidade de Berkeley, Universidade de Stanford, na Universidade de Chicago
e no Instituto Rio Branco. Ele sucede Ivo Pitanguy, morto em agosto do ano
passado, e era o favorito para a vaga.
Quinta-feira,
09/03
>>> Brasil: Mais
uma coleção de livros com interesse na voz indígena. A Azougue Editorial, cria
a Coleção Tembetá Vozes Indígenas hoje. O modelo de publicação é o mesmo de
outra coleção da editora, a Postal, que reúne poetas diversos da cena literária
brasileira contemporânea
A Tembetá
será formada por livros mensais, por assinatura. Os textos são de grandes
lideranças indígenas em atuação no Brasil. Serão 12 livros com autores como
Ailton Krenak, Álvaro Tukano, Cristino Wapichana, Daniel Munduruku, Eliane
Potiguara, Fernanda Kaigang e Kaká Werá, além de outras duas lideranças a se
confirmar. Cada livro, além de trazer uma antologia de textos e documentos
históricos do autor homenageado, será completado com uma entrevista inédita e
exclusiva. Além de dois livros especiais, um em homenagem a grandes líderes
indígenas de gerações anteriores, pioneiros dessa luta, e outro com oito
entrevistas com líderes indígenas da nova geração. A coleção tem como
organizador Kaká Werá e como produtor Cristino Wapichana. A coleção Tembetá tem
por missão apresentar um panorama das questões relacionadas à causa indígena no
Brasil dos últimos 40 anos, através do pensamento, das intervenções e das trajetórias
de algumas de suas principais lideranças.
>>> Brasil: Obra de
Marcelo Tatin Britos, Para
onde vão os cavalos quando morrem, ganha tradução por aqui
Marcelo
Britos nasceu na cidade de Rosario, Argentina, em 1° de maio de 1970. Publicou
os livros de contos Los Dogos (Ciudad Gótica, 2004),
Alexandria (UNL Ediciones, 2007); e Como alguien que está
perdido (El ombú bonsai, 2011). Ao final de 2012 obteve o premio Estímulo
Editorial outorgado pelo Ministério da Inovação e Cultura de Santa Fé,
para a publicação de uma coleção de narrativas que inclui seu quarto título no
gênero contos: El último azul de la noche (El ombú bonsai, 2013).
Com sua novela Empalme (EMR, 2010), obteve o 1° prêmio no concurso
de narrativa Manuel Musto, organizado pela Secretaria de Cultura da Cidade de
Rosario. Seu conto "La decisión", que forma parte de sua primeira
publicação, foi premiado com o Haroldo Conti, prêmio literário organizado pela
Secretaria de Cultura do Governo de Buenos Aires. O livro agora publicado sai
pela Editora
Substânsia com tradução de Fernando Miranda.
Sexta-feira,
10/03
>>> Brasil: Edição com
poesia completa de Hilda Hilst traz pelo menos 12 poemas novos – inéditos ou já
conhecidos que foram retrabalhados
Inicia agora
em março a republicação da obra completa da poeta, cf. anunciamos em duas
ocasiões por aqui. A Companhia
das Letras, como sabemos publicará dois volumes: neste mês sai a obra
poética em apenas um volume de aproximadamente 500 páginas, reunindo 25
títulos. E, em 2018, será a vez do conteúdo em prosa, também em volume único. Além
do material inédito a edição trará ainda reproduções das anotações que Hilda
fazia nos livros de sua imensa biblioteca, guardada na Casa do Sol, na região
de Campinas, onde viveu; trechos de depoimentos sobre Hilda dados por grandes
amigas, como a escritora Lygia Fagundes Telles, com quem estudou, quando
criança; posfácio de Victor Heringer e carta de Caio Fernando Abreu para Hilda.
>>> Brasil: Duas
importantes obras de Philip Roth ganham reedição; uma delas o famoso O
teatro de Sabbath
A outra é o
Homem comum livro no qual Roth explora o tema da perda, do
arrependimento e do estoicismo ao voltar sua atenção para a luta de um homem
contra a mortalidade. Já o primeiro título é o melhor do Roth desbragado; neste
romance, o sexagenário Mickey Sabbath, artista de fantoches, desempregado, sujo
e trapaceiro, arrasta o leitor para o seu labirinto de adultério e morte. Entre
as muitas perguntas que o livro suscita, uma se destaca: até que ponto é
possível escrever sobre o sexo? O erotismo e uma profunda compaixão pela
humanidade caminham de mãos dadas neste romance que já se tornou um clássico da
literatura contemporânea.
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