Boletim Letras 360º #207
Walt Whitman. Nos EEUU publicam um inédito do poeta quando este se aventurou pela prosa. |
Estas foram as notícias publicadas durante esta semana em nossa página no Facebook.
Segunda-feira,
20/02
>>> Portugal: Um site
disponibiliza informações notáveis sobre o escritor português Raul Brandão. Em
2017, cumprem-se 150 anos do seu nascimento
As
celebrações começaram ainda em 2016 com a primeira edição do Húmus — Festival
Literário de Guimarães. No dia 8 de março, o evento regressa, pouco antes da
data oficial do aniversário. A grande novidade antes disso é o lançamento de um
site inteiramente dedicado a Brandão, que procura “agregar informação sobre o
autor”. A sua biografia, a sua bibliografia, informação sobre os seus lugares,
o seu espólio e um arquivo onde possam se guardar tudo o que se vai publicando
sobre o escritor e sua obra. Tudo fará parte do arquivo online. Além de vídeos com textos de Raul Brandão lidos por autores como Lídia Jorge,
Afonso Cruz, Bruno Vieira Amaral e Pedro Mexia. Brandão nasceu no dia 12 de
março de 1867 no Porto e foi autor de uma influente obra literária e
jornalística, que inclui títulos como Húmus (1917), Os
pescadores (1923) ou As ilhas desconhecidas (1926). Para ver
o site vá aqui.
>>> Estados Unidos: Uma novela
inédita de Walt Whitman ganha edição online
Não mudará
em nada a história da literatura estadunidense. Mas a descoberta de Vida e
aventuras de Jack Engle, uma novela esquecida de Walt Whitman, autor
fundamental da poesia estadunidense, despertou um grande interesse nos círculos
literários. A obra foi publicada em fascículos num jornal nova-iorquino em 1852
e possivelmente se o seu autor não fosse Whitman teria ficado totalmente
esquecida. Trata-se de uma história melodramática ao estilo de Charles Dickens
na qual não falta nem mesmo um órfão, um advogado sem escrúpulos, alguns
virtuosos e umas quantas reviravoltas folhetinescas de uma trama que tentava
mostrar como era a vida nova-iorquina naquele tempo. O “New York Times”, que
revelou a descoberta da história, conta como Zachary Turpin, um estudante da
Universidade de Houston, repara esta lacuna na bibliografia do poeta. O texto
de 36 mil palavras começou a ser reeditado a partir desta segunda num periódico dedicado ao estudo obra de Walt Whitman;
depois será transformado em livro pela Universidade de Iowa. O trabalho vem a
lume sobre a reprovação do próprio autor de Folhas de relva, que, não muito
orgulhoso de seu passado literário, encarregou-se pessoalmente de esconder seus
escritos e só falou desta época sobre o trabalho como carpinteiro. Em 1891,
quando lhe propuseram publicar suas primeiras ficções disse que essas obras
eram “toscas e juvenis” e logo cairiam no esquecimento. Entretanto, Franklin
Evans, um dos raros trabalhos conhecidos do gênero prosa foi, no seu tempo,
sua obra mais vendida. Não é a primeira vez que Turpin encontra uma obra de
Whitman: em 2016, o pesquisador anunciou a descoberta de Manly Health and
Training, o que hoje se poderia definir como um tratado de autoajuda
avant-la-lettre, que o autor publicou em 1858 no The New York Atlas.
Terça-feira,
21/02
>>> Brasil: Desaparecido há quase trinta anos, o caderno de capa preta com estudos de
perspectiva, aulas de alemão, esboço de obras e relatos pessoais de Anita
Malfatti foi encontrado
Estava numa caixa no Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São
Paulo (IEB-USP). O caderno é o único diário pessoal da artista, onde ela
registrou o nervoso dia a dia do seu début. Alguns trechos do diário foram
editados para a biografia de Malfatti publicada em 1985 por Marta Rossetti,
antiga diretora do IEB; mas, a autora morreu e nunca se soube do paradeiro do
material. Um dos pontos fortes nos registros são os trechos que não entraram no
livro de Rossetti, que, na opinião dos pesquisadores, atenuou os ataques de
Anita ao mecenas José de Freitas Valle, o todo-poderoso da cena artística da
época e responsável pela indicação de pintores a uma cobiçada bolsa de estudos
em Paris. Freitas esnobou as pinturas da modernista, que lhe trata, nesses
escritos como um homem “engorgitado de injeções de vaidade” – “Que pena tenho
do artista que depende de Freitas Valle para o seu pão”, escreveu. As últimas
páginas do diário registram o abandono de Anita dos relatos para fazer esboços
do que pode ser o início de sua fase nova-iorquina, já que se misturam notas em
português e inglês. Depois de 1914, ela foi viver nos Estados Unidos.
Quarta-feira,
22/02
>>> Brasil: Uma
antologia que reúne parte da contística de Virginia Woolf. É a nova edição de
uma obra da escritora inglesa na coleção Mimo da Autêntica Editora
A edição da
antiga Cosac Naify com toda a obra do gênero tornou-se padrão entre os leitores
brasileiros. Há muito esgotada, a Autêntica encontra nessa lacuna uma
possibilidade de corrigi-la e apresenta A arte da brevidade reúne
aqueles cujas características de seus romances mais experimentais (a rejeição
do realismo literário, o uso de técnicas narrativas pouco ortodoxas, a
experimentação com a estrutura e a sintaxe) são recorrentes. A coletânea reúne
assim títulos “O legado”, “A marca na parede”, “Objetos sólidos”, “A dama no
espelho” e “Kew Gardens". A edição bilíngue com tradução de Tomaz Tadeu
fará companhia a outros livros da escritoras apresentados pela casa, como Mrs Dalloway, Ao farol e Orlando.
>>> Colômbia: Mais de
cinco décadas depois, leitores de regiões comandadas pelas Forças
Revolucionárias da Colômbia (FARC) terão acesso, pela primeira vez, a obras
como Cem anos de solidão, de Gabriel García Márquez
É a maior
homenagem que a Colômbia dedica ao seu maior escritor. Desde 1967, data da
primeira edição de Cem anos de solidão, que a obra estava entre as proibidas
de entrar em alguns territórios do país. Agora, o Ministério da Cultura
juntamente com a Biblioteca Nacional, depois dos acordos de paz, começa a
instalar um projeto cujo carro-chefe é a obra de Márquez. “Ler es mi cuento”
pretende instalar vinte bibliotecas públicas e móveis em zonas pacificadoras. Cada biblioteca, além do livro do escritor Prêmio Nobel de Literatura, tem mais
de quinhentos títulos entre impressos e digitais (que inclui romances, contos,
poesia, história) e incorpora ainda um sistema de cinema com mais de trinta
filmes entre outros atrativos. Pela primeira vez, Cem anos de solidão, a obra
mais conhecida no mundo e desconhecida em casa, poderá chegar a todo país de
Gabriel García Márquez.
>>> Brasil: Uma caixa
com a Trilogia do Adeus, de João Anzanello Carrascoza; segundo a Alfaguara Brasil, em março
nas livrarias
Nesta
trilogia, Carrascoza oferece um panorama que se estende através do tempo para
falar da relação fragmentada das famílias. No primeiro livro, Caderno de
um ausente (vencedor do prêmio Jabuti 2015), o pai João escreve uma longa
carta para a filha recém-nascida, Beatriz, para o caso de não estar presente no
futuro dela. Já no segundo volume, Menina escrevendo com pai, é Bia
quem responde, narrando a vida e o relacionamento dos dois. Por fim, em A
pele da terra, Mateus, filho mais velho de João e irmão de Bia, narra sua
relação com o próprio filho, outro João, durante uma peregrinação. Um olhar
tríplice sobre os vínculos entre pais e filhos, e sobre como pequenas ações do
cotidiano nos marcam para sempre.
Quinta-feira,
23/02
>>> Brasil: Um novo selo
editorial. O Suplemento
Pernambuco, publicado pela Companhia Editora de Pernambuco, vai criar um
selo literário, comandado pelo editor da revista, Schneider Carpeggiani
O primeiro
livro a sair em março é Genealogia da ferocidade, um ensaio inédito
de Silviano Santiago sobre Grande Sertão: Veredas, de Guimarães
Rosa. No segundo semestre, virá o primeiro volume da série "Antologia
fantástica da República Brasileira". A série é organizada por Jose Luiz Passos e
reunirá e comentar textos dos séculos XIX e XX importantes para a reflexão
sobre a República.
>>> Brasil: A nova
edição de um clássico. Publicado em 1888, O Ateneu, de Raul Pompeia
reaparece com material inédito do escritor
É um romance
conhecido por carregar características de diversas manifestações artísticas.
Para Emília Amaral, Doutora em Literatura pela Unicamp, "Raul Pompeia
combinou de maneira brilhante estilos díspares e até então impensáveis numa
mesma obra: o realismo, o naturalismo, o simbolismo, o parnasianismo". A
professora assina a apresentação e as notas da obra, nas quais procura
desvendar alguns de seus elementos fundamentais. Na edição agora publicada,
apresentam-se caricaturas e ilustrações desenhadas pelo próprio autor, algumas
das quais não utilizadas pelos editores na publicação original. O livro faz
parte da Coleção Clássicos Ateliê.
Sexta-feira,
24/02
>>> Brasil: Edgar
Allan Poe: medo clássico, uma sofisticada edição com novas traduções da
obra de um dos mais importantes nomes da literatura estadunidense
Pela
primeira vez, os contos de Poe estão divididos por temas que ajudam a
visualizar a grandeza de sua obra: a morte, narradores homicidas, mulheres
etéreas, aventuras, além das histórias completas do detetive Auguste Dupin,
personagem que inspirou Sherlock Holmes. O livro apresenta ainda o famoso poema
"O corvo" na sua versão original em inglês e nas traduções para o
português de Machado Assis e de Fernando Pessoa, e o clássico ensaio sobre o
poema, "A filosofia da composição" mais o prefácio do poeta francês
Charles Baudelaire, admirador do autor e seu primeiro tradutor na França. O
livro que sai pela DarkSide e com os contos traduzidos por Marcia Heloisa é uma
homenagem ao mestre da literatura. Em formato capa dura e com projeto gráfico
muito bem cuidado a obra traz xilogravuras do artista gráfico Ramon Rodrigues.
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