Boletim Letras 360º #206

Aqui estamos uma vez mais com as notícias que foram publicadas durante a semana na página do Letras no Facebook, a cidade virtual que alcança, agora, mais de 58 mil amigos. Ainda sobre números, neste final de semana o blog deve ultrapassar 1 milhão de acessos, recorde que vem em boa hora: neste 2017, o Letras chega aos 10 anos online. Não é tudo?


Marcel Proust está entre nós. Descoberta de vídeo raro revela possível imagem do autor de Em busco do tempo perdido. Mais detalhes ao longo deste Boletim.


Segunda-feira, 13/02

>>> Brasil: O primeiro volume com as canções de Bob Dylan chega às livrarias brasileiras em abril

Ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 2016 e um dos grandes artistas de todos os tempos, Bob Dylan transformou para sempre a música popular americana. Agora, as canções lendárias ganham edição no Brasil e revelam um artista que jamais quis se fixar em fórmulas de sucesso ou em demandas mercadológicas e que experimentou dezenas de caminhos criativos. O primeiro volume traz as letras dos discos de estúdio e das gravações ao vivo, bem como variações, revisões e material inédito dos arquivos do compositor. Os discos deste primeiro volume cobrem os anos de 1961 a 1974 e a edição é bilíngue. O trabalho de tradução é de Caetano W. Galindo.

>>> Brasil: Uma edição especial para As cidades invisíveis, de Italo Calvino

“Se meu livro As cidades invisíveis continua sendo para mim aquele em que penso haver dito mais coisas, será talvez porque tenha conseguido concentrar em um único símbolo todas as minhas reflexões, experiências e conjeturas”, assim se refere a este livro o próprio Italo Calvino. O famoso viajante Marco Polo descreve para Kublai Khan as incontáveis cidades do imenso império do conquistador mongol. Neste livro, a cidade deixa de ser um conceito geográfico para se tornar um símbolo complexo e inesgotável da experiência humana. A Companhia das Letras prepara uma especial para a obra com desenhos inéditos de Matteo Pericoli realizados especialmente para a edição. A edição chega às livrarias em abril.

Terça-feira, 14/02

>>> Brasil: Sai em março o novo romance do Prêmio Nobel de Literatura, Orhan Pamuk

A principal personagem da obra de Orhan Pamuk não costuma ser uma pessoa, mas uma cidade: Istambul. No novo romance não é diferente. A transformação da cidade ao longo de várias décadas é apresentada pelos olhos de um vendedor ambulante, Mevlut, que passeia pelas ruas com potes de iogurte, arroz, ervilha e boza — uma bebida turca típica, feita com trigo fermentado. Nascido num pobre vilarejo, Mevlut sai de casa aos doze anos rumo à cidade grande. Ali começa uma série de tentativas falhadas de estudar, abrir negócios, engajar-se politicamente. Quando chega à meia-idade, todos a seu redor estão de olho nas benesses fugazes de uma Turquia que se moderniza. "Uma sensação estranha" é apresentado como um quadro brilhante da vida entre os recém-chegados que transformaram Istambul ao longo dos últimos cinquenta anos. A tradução é de Luciano Vieira Machado.

>>> Brasil: Prepara-se uma edição da obra poética de Yahya Hassan

O poeta começou a escrever poesia aos 12 anos. Ele é filho de pais palestinos. Nasceu em Aarhus, na Dinamarca. Isso marcou sua vida e, logo, sua obra. O seu único livro Yahya Hassan, que leva o seu próprio nome, é um retrato do que foi sua infância e adolescência foi um grande fenômeno entre os leitores. Agora, seguindo a tendência da busca por sua obra, sairá a edição brasileira pela martelo casa editorial. O anúncio é de que em junho o livro esteja disponível. A tradução do dinamarquês é de Luciano Dutra. Em 2014, escrevemos sobre a obra de Hassan.

>>> Brasil: Uma edição especial de A hora da estrela, último livro de Clarice Lispector que completa 40 anos em 2017

A edição em capa dura e sobrecapa traz seis textos críticos assinados por nomes como Nadia Gotlib, Eduardo Portella, o irlandês Colm Tóibín, a francesa Hélène Cixous, entre outros. Traz ainda um caderno extra com reproduções em fac-símile do manuscrito original de Clarice Lispector e dos últimos bilhetes escritos pela autora. A edição sai em maio pela Rocco. Publicado em outubro de 1977 — Clarice morreu em dezembro do mesmo ano —, A hora da estrela é o romance mais popular da autora, e já foi publicado em 27 países.

Quarta-feira, 15/02

>>> França: Estas podem ser as únicas imagens em filme de Marcel Proust

É o que afirma o professor e pesquisador Jean-Pierre Sirois-Trahan, da Universidade do Québec. O filme de 1904 foi encontrado por ele nos arquivos do Centro Nacional do Cinema, em Paris e mostra o escritor no casamento de uma amiga. A descoberta foi revelada no último número da Revue d'études proustiennes, uma revista destinada aos estudos do célebre romancista. Produzido provavelmente para o arquivos familiar privado da família, a suposta aparição de Proust se dá no 37º segundo, quando um homem sozinho, usando chapéu, desce as escadas da igreja onde acontece a cerimônia. Em seu artigo, Trahan admite que é difícil afirmar com certeza se é mesmo Proust, mas acredita que a silhueta e o perfil correspondem. Outro fator importante é que se trata do casamento de Élaine Greffulhe, filha da condessa Greffulhe, amiga de Proust e principal modelo para Oriane de Guermantes, personagem de Em busca do tempo perdido. Veja o vídeo aqui.

>>> Portugal: O Livro do desassossego e os planos que Fernando Pessoa deixou para a publicação das suas obras ganharão uma edição digital

E deverá estar online nos próximos meses. As duas plataformas, ainda em fase de desenvolvimento, foram apresentadas no Congresso Internacional Fernando Pessoa pelos seus principais responsáveis, Manuel Portela e Pedro Sepúlveda, numa sessão intitulada “Pessoa e arquivo”. A ideia de criar um arquivo digital do Livro do desassossego remonta a 2009, e é a ele que o pesquisador tem dedicado os últimos cinco anos da sua vida. O projeto inicial era o da criação de uma edição digital que representasse as edições do Livro de Jacinto Prado Coelho, Teresa Sobral Cunha, Richard Zenith e Jerónimo Pizarro (a mais recente), permitindo “perceber como é que os editores tinham construído estas edições” e estabelecendo um comparação entre elas e os documentos do espólio pessoano. Porém, Portela acabou por optar por uma abordagem diferente — a de transformar Pessoa num Pessoa do século XXI e o Livro do Desassossego numa “obra que é lida por computadores", por máquinas”. A edição online do planejamento editorial irá reunir 400 documentos.

Quinta-feira, 16/02

>>> Alemanha:  Federico García Lorca, figura-chave de um documentário sobre a repressão a homossexuais, lésbicas e transexuais nos anos da ditadura franquista

Bones of contention, de Andrea Weiss, tem estreia mundial no Festival de Berlim. Trata-se de um filme em que se cruzam três histórias: a luta pela recuperação da memória histórica centrada em encontrar 120 mil corpos de vítimas enterradas em valas comuns; a repressão aos LGBTQ durante esses bárbaros anos da ditadura franquista; e o assassinato de Federico García Lorca, linha que perpassa as duas primeiras, visto que o poeta foi morto por ser “homossexual e comunista”, cf. descreve um boletim policial de 1965 que só veio a lume há dois anos e cujos restos mortais, depois de todos os esforços, nunca foram localizados.

>>> Brasil: A Biblioteca Azul traz mais uma edição da obra da escritora Alice Munro 

Em O progresso do amor, a vencedora do prêmio Nobel de Literatura de 2013, volta a oferecer aos seus leitores a simplicidade e a maestria que renderam o reconhecimento extraordinário à sua escrita. Uma mulher divorciada que retorna para a casa de sua infância, onde ligações profundas se confrontam com a memória de seus pais. O cuidado dos adultos com as crianças e a fragilidade que permeia a relação com a verdade entre pais e filhos. Um jovem rapaz que, ao se lembrar de um aterrorizante incidente da infância, tem um embate com a responsabilidade que assumiu pelo seu desafortunado irmão caçula. Um homem leva a namorada a uma visita à sua ex-esposa, apenas para se sentir próximo novamente de sua parceira distante. Nesses e em outros contos, Alice Munro prova mais uma vez ser uma sensível e apaixonada cronista de nosso tempo. A tradução é de Pedro Sette-Câmara.

Sexta-feira, 17/02

>>> Brasil: Já não faltarão edições Bartleby, um dos contos mais conhecidos de Herman Melville

A Ubu Editora reconduzirá às livrarias a tradução de Irene Hirsch publicada em 2005 pela antiga Cosac Naify de Bartleby, o escrivão: uma história de Wall Street. Atualmente outras duas edições circulam entre os leitores brasileiros: uma de 2014, da Grua Livros, na coleção Arte da Novela, com versão de Bruno Gambarotto (Bartleby, o escrevente); outra de 2015, da Autêntica Editora — Bartleby, o escrevente: uma história de Wall Street, numa tradução de Tomaz Tadeu. Neste ano, a José Olympio (cf. anunciamos aqui) também publicará sua edição: Bartlevy, o escrivão, uma antiga tradução, a de A. B. Pinheiro de Lemos que antes foi publicada na coleção "Sabor literário". O livro que serviu de leitura a nomes como Gilles Deleuze, Jacques Derrida e Giorgio Agamben e que influenciou escritores como Jorge Luis Borges é responsável por nos colocar diante de uma das personagens mais enigmáticas da literatura, antevisão do absurdo e da melancolia da vida moderna.

>>> Brasil: Sai em março Um amor incômodo, de Elena Ferrante, obra descrita como “uma história perversa e delicada sobre mãe e filha unidas por um complicado nó de mentiras e emoções”

Aos quarenta e cinco anos, Delia retorna a sua cidade natal, Nápoles, na Itália, para enterrar a mãe, Amalia, encontrada morta numa praia em circunstâncias suspeitas: a humilde costureira, que se acostumou a esconder a beleza com peças simples e sem graça, usava nada além de um sutiã caro no momento da morte. Revelações perturbadoras a respeito dos últimos dias de Amalia impelem Delia a descobrir a verdade por trás do trágico acontecimento. Avançando pelas ruas caóticas e sufocantes de sua infância, a filha vai confrontar os três homens que figuraram de forma proeminente no passado de sua mãe: o irmão irascível de Amalia, conhecido por lançar insultos indistintamente a conhecidos e estranhos; o ex-marido, pai de Delia, um pintor medíocre que não se importava em desrespeitar a esposa em público; e Caserta, uma figura sombria e lasciva, cujo casamento nunca o impediu de cortejar outras mulheres. O livro sai pela Intrínseca e tradução é de Marcello Lino.

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