Boletim Letras 360º #204

Esta semana, a cidade virtual do Letras no Facebook, ganhou mais mil moradores. Somos 57 mil amigos. Alguma vez chegaremos a 1mi do Roberto? Tomara! Usando o slogan da Fundação Jorge Amado: "se é de paz, pode entrar". Enquanto isso, publicamos diariamente algumas notícias do universo literário relacionadas com o universo de interesses do blog — estas que agora são apresentadas a seguir. Boas leituras! 

Encontrados inéditos de Antonio Callado na Inglaterra. 

Segunda-feira, 30/01

>>> Brasil: A coleção Clássicos de Ouro, sobre a qual noticiamos, com obras de grandes autores e títulos que estavam fora de catálogo há anos, começa a ser publicada.

Saem agora: Memórias de uma moça bem-comportada, de Simone de Beauvoir; História do pensamento ocidental, de Bertrand Russell, Como vejo o mundo, de Albert Einstein, e Retrato do artista quando jovem, de James Joyce. Segundo informações do Estadão, ao longo do ano, serão relançadas 22 obras de nomes como Woody Allen, Günter Grass e Ivo Barroso. As edições são da Nova Fronteira.

>>> Brasil: Um novo título reunirá crônicas inéditas em livro de Moacyr Scliar.

A edição que sai pela Companhia das Letras assinala os 80 anos do escritor que nasceu em março de 1937. A nossa frágil condição humana reúne crônicas de temática judaica escritas por Scliar quando colunista no jornal Zero Hora.

>>> Inglaterra: Encontrados roteiros inéditos de Antonio Callado.

São peças de teatro escritas para serem transmitidas por rádio durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e que trazem à tona um uma face praticamente desconhecida do autor. "Tais peças têm o potencial de lançar uma nova luz sobre sua obra e seu período de formação intelectual no Reino Unido, país onde viveu como correspondente de guerra entre 1941 e 1947"  assinala Daniel Mandur Thomaz, professor e pesquisador da Universidade de Oxford. A pesquisa sobre os rastros de Callado na Inglaterra foi iniciada em 2014. E o resultado foi a descoberta de uma série de documentos inéditos não apenas sobre Callado, mas sobre a presença de intelectuais brasileiros na BBC durante a Segunda Guerra Mundial. O material encontrado inclui dezenove roteiros de rádio-drama, peças de teatro para serem encenadas no rádio, escritos por Antônio Callado e desconhecidos por biógrafos, críticos e historiadores até então. As peças são as primeiras aventuras de Callado pelo mundo da ficção e tem o potencial de lançar uma luz nova sobre o trabalho do autor e sobre o seu processo de formação intelectual. Esse material está sendo editado para sair no Brasil ainda esse ano e virou tema de pesquisa na Universidade de Oxford. Daniel destaca que "é possível perceber que vários dos temas e questões que Callado desenvolverá em seus romances dos anos 50, 60 e 70  como as relações entre misticismo e revolução, entre arte e transformação social e o papel do artista engajado  já aparecem problematizados nas suas peças dos anos 40. Isso revela como sua experiência na Inglaterra durante a guerra impactou sua obra".

Terça-feira, 31/01

>>> Brasil: De Lima Barreto para Monteiro Lobato. Livro que reúne correspondências entre os dois escritores ganhará nova edição.

Correspondência de Lima e Lobato sai pela Verso Brasil Editora em junho de 2017 (o anúncio está na página da editora no Facebook). Os dois literatos trocaram cartas entre 1918 até 1922. A amizade entre eles não foi algo baseado na estreita harmonia e falaram não apenas sobre a cena literária no país como sobre política. Neste último terreno, as discussões sempre reinaram no pé das discordâncias. Simpatizante de uma linha mais branda do ideário anarquista, chegando a colaborar para jornais proletários de São Paulo, Lima Barreto é franco com Monteiro Lobato ao lhe remeter uma carta, em 18 de maio de 1920, p.ex., com os seguintes dizeres: “o que acho é que rescendes muito a patriotismo e pretendes criar de assentada muitas coisas nestes Brasis. Pode ser… Uma coisa, porém, eu te observo: é que uma terra tão antiga como a nossa […] parece estar fadada a não criar nada de seu”. Em março de 2011, o Letras editou um texto que fala sobre essas cartas.

>>> Brasil: Da cozinha da ficção para a cozinha real. Livro reúne receitas catalogadas de várias obras literárias.

Capitu vem para o jantar (Verus / Record) é um tributo à gastronomia literária que, de forma sutil ou não, está sempre presente nos romances. O projeto de Denise Godinho começou quando ela precisou reler o clássico Dom Casmurro e percebeu a citação de uma cocada. Bentinho oferece o doce à sua amada às vésperas e ir para o seminário. Foi então que veio o questionamento: “Por que uma cocada?” “Será que Machado de Assis gostava do doce?” A partir daí, Denise se interessou pelo tema e começou a aprender a cozinhar e a reproduzir os pratos citados nos livros em um blog. Assim nasceu Capitu vem para o jantar, uma homenagem a uma das principais personagens da literatura brasileira. Na obra, os leitores poderão conferir o passo a passo de como fazer a compota de maçã de O morro dos ventos uivantes, os cookies de O diário de Anne Frank ou a cerveja amanteigada de Harry Potter. Denise também conta curiosidades sobre os livros e partilha receitas de escritores.

Quarta-feira, 01/02

>>> Brasil: Mais dois títulos da coleção Max Martins, Poesia completa, que reedita a obra do poeta brasileiro.

São onze volumes no total. E até agora publicados O estranho, O risco subscrito, Caminho de Marahu, Colmando a lacuna, e Para ter onde ir. Depois desses, a Editora da UFPA traz A fala entre parêntesis e H'era. O primeiro é fruto dos encontros entre o poeta e Age de Carvalho resultou no livro de poesias; trata-se de um livro que segundo Benedito Nunes inaugura por aqui “o antiquíssimo jogo da renga, praticado pelos letrados japoneses desde o século XIV, segundo regras estritas”. A renga é um jogo literário de palavras em que dois ou mais poetas compõem as poesias de forma cooperativa, resultando em um só poema. O segundo título reúne poemas colecionados pelo casal Maria Sylvia e Benedito Nunes, que Max presenteava de tempos em tempos. A edição republica o texto original da orelha como prefácio e apresenta a recepção que teve na revista portuguesa Colóquio/Letras, de 1973, no posfácio — ambos de autoria de Benedito Nunes.

>>> Brasil: Chega Obra completa de Padre António Vieira. A edição portuguesa foi apresentada em 2014.

Ao todo são trinta volumes, mais de 15 mil páginas, que marcam os quatro séculos de nascimento do sermonista. A obra de um dos principais representantes do pensamento luso-brasileiro do século XVII, ora apresentada é (cf. dissemos aqui quando da apresentação em Portugal) é fruto de pesquisas realizadas em arquivos de Portugal, Brasil, Espanha e França. São quatro tomos: o primeiro tem cinco volumes e traz as cartas – diplomáticas, missionárias, de Roma, políticas e as cartas de Lisboa e Bahia; no segundo, com 12 volumes, encontram-se os sermões; no terceiro seis livros com História do futuro, a defesa perante o Tribunal do Santo Ofício, Apologia das coisas profetizadas, Autos do processo da Inquisição e a Chave dos Profetas; o quarto reúne os escritos políticos e sobre os judeus.

Quinta-feira, 02/02

>>> Portugal: Edição reúne textos há muito desconhecidos de Agustina Bessa-Luís.

O primeiro texto assinado por Agustina que aparece nesta obra é “Óculos escuros”; datado de 11 de outubro de 1951, o texto fazia parte do Diário do Norte, publicação que apresentaria outros textos da escritora nos anos subsequentes, antes do Diário de Notícias ou do Diário Popular. Lourença Baldaque, neta da escritora, recolheu e organizou estes textos. São produções que estavam perdidos na memória da imprensa e que correspondem a 56 anos de escrita, em 58 de vida literária ativa da escritora. O trabalho exigente de investigação e recolha durou dois anos e apresenta-se agora como o corolário da edição de textos inéditos da escritora pela Fundação Gulbenkian, iniciada com a publicação em 2014 da obra Elogio do inacabado. A edição de Ensaios e artigos, que reúne mais de mil textos, tem prefácio de José António Saraiva.

>>> Brasil: A editora Dublinense amplia o seu catálogo de escritores portugueses no Brasil. Publica agora Índice médio de felicidade, de David Machado.

O romance reflete o período de eclosão da crise financeira na Europa. É a narrativa sobre a vida de Daniel; desempregado, longe da mulher e dos filhos, vendo os amigos em situações difíceis e toda uma nova geração ameaçada, Daniel tem seu otimismo colocado à prova. A cada revés, à medida que seu índice médio de felicidade cai, uma força inexplicável dentro de si só parece aumentar. Este é o segundo título de David no Brasil; sua obra de estreia por aqui foi Deixem falar as pedras.

Sexta-feira, 03/02

>>> Brasil: A noiva jovem é o novo romance de Alessandro Baricco que é publicado este mês no Brasil.

Segundo a Alfaguara Brasil, editora que publica a obra de Baricco, este é um romance fascinante. Na Itália do início do século XX, uma jovem chega à mansão do noivo, a quem foi prometida, e é imediatamente acolhida por sua nobre família. Enquanto espera que o noivo volte da Inglaterra, ela é invadida pela excentricidade das pessoas e do lugar. Todos os dias, na mesma hora da manhã, o leal mordomo põe à mesa um extravagante desjejum, que dura até as três da tarde. Na casa, onde o tempo parece não passar, ninguém dorme. A jovem, sempre inquieta e curiosa, começa a ser apresentada aos segredos da misteriosa família. E, aos poucos, é tragada por um intrigante jogo de sedução.

>>> Brasil: Novo livro com contos de Virginia Woolf e início de edição da obra de Katherine Mansfield está entre os planos de 2017 apresentados pela Autêntica Editora.

Já havíamos divulgado sobre a publicação da obra de Mário Palmério; dele, sai uma caixa com os títulos Vila dos confins e Chapadão do Bugre. Também noticiamos sobre a publicação da obra de Mansfield: sai Numa pensão alemã. Inteira a lista edição de A arte da brevidade, coletânea de contos de Virginia Woolf, e a nova tradução para Retrato do artista quando jovem, primeiro romance de James Joyce.

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