Boletim Letras 360º #206
Na segunda-feira, dia 30 de janeiro, o Letras volta ao batente com as postagens diárias. Mas, a retrospectiva continua no Facebook e no Twitter @Letrasinverso até o último dia do mês; para acessar as matérias principais do blog relembradas neste percurso, basta o leitor acessar a tag #RetrospectivaDoLetras2016. Enquanto isso, vamos ler as notícias que circularam durante a semana em nossa página no Facebook.
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Um ano para lembrar os 100 anos de Antonio Callado. Novidades sobre o escritor e sua obra ao longo deste Boletim. |
Segunda-feira,
23/01
>>> Brasil: Livro que
reúne crônicas políticas de Antonio Callado sai neste ano de seu centenário
pela Autêntica Editora
Em 2016
falamos sobre esta edição que agora já tem título – O país que não teve
infância: sacadas de Antonio Callado. O volume de crônicas políticas é
organizado por Ana Arruda Callado, companheira do escritor. O autor de Quarup ficou conhecido pelos discursos
explosivos, mas que mostravam um revelador entendimento do Brasil. Desde há alguns
anos a obra do escritor tem sido reeditada em novo projeto editorial, pela José
Oympio.
>>> Brasil: Encontrada
entrevista inédita de Hilda Hilst. Áudio estava perdido no meio das vozes dos
fantasmas, gravações que a escritora fazia de madrugada, pedindo algum contato
da outra dimensão
Data de 1978
e a descoberta foi feita durante a pesquisa para documentário de Gabriela Greeb
sobre a escritora – previsto para setembro – e entregue a Daniel Fuentes,
herdeiro da autora. NaA fita ouve-se Hilda em conversa com o artista José Luis
Mora Fuentes, pai de Daniel e melhor amigo de Hilst. A descoberta
veio a calhar, porque o herdeiro prepara uma caixa sobre a amizade do pai com
Hilst, para enviar aos assinantes de um clube criado para enviar aos leitores
da escritora; periodicamente são enviadas preciosidades deixadas por Hilda. Na
entrevista ela fala da obsessão pela imagem do pai, a mudança para a Casa do
Sol, a busca de uma linguagem própria, entre outros assuntos. A Folha de São
Paulo disponibiliza trechos do áudio e dos temas tratados por Hilda.
>>> Brasil: Importante
estudo sobre a obra de Fernando Pessoa ganha edição
Introdução
ao estudo de Fernando Pessoa, de Fernando Cabral Martins foi ganhador do
Prêmio Jacinto Prado Coelho em Portugal. Trata-se de uma rica entrada no
universo do poeta, incluindo leituras sobre os vários inéditos revelados entre
os estudiosos da obra pessoana. O livro percorre toda a história da escrita e
as essenciais linhas temáticas da obra de Pessoa, tal como hoje é conhecida. A
edição brasileira é da Ateliê Editorial.
Terça-feira,
24/01
>>> Estados Unidos: Em busca de
outras faces de Emily Dickinson ou a poeta muito além do epíteto de reclusa
É o objetivo
da exposição dedicada à sua biografia e obra na prestigiada Morgan Library de
Nova York que, em parceria com o Amherst College, acolhe, até o próximo 21 de
maio, a maior retrospectiva já dedicada a Emily. Intitulada "I’m nobody!
Who are you? The life and poetry of Emily Dickinson" o trabalho dos
expositores é mostrar uma vida que se desconhece: as das suas amizades e relações
sociais. Mais de 100 objetos, alguns nunca antes expostos, entre manuscritos,
cartas, fotografias e ilustrações tentam alcançar esse objetivo. São sete
ambientes: Anos da infância; Um ano em Mount Holyoke; Colegas e amigos por
correspondência; Influências Literárias e relações; Os anos da guerra civil;
Publicações em vida; e Publicações póstumas e legado. Deles, os destaques são
os únicos manuscritos de "I'm nobody! Who are you?" e um retrato de
1840 em que Dickinson aparece com seu irmão e sua irmã, que nunca havia saído
de Harvard. Estão aí o famoso daguerreotipo da poeta, de 1847,e uma foto
recém-descoberta em que possivelmente posa com sua amiga Kate Turner (1859?);
como curiosidade, a mecha de cabelos que enviou a Emily Fowler Ford. Dos 1.789
poemas que escreveu, mais de 900 datam dos anos da guerra civil; apenas dez de
todos eles foram publicados em vida da poeta, sem sua assinatura e em revistas
da época. A exposição revela como essa reticência em publicar se deveu ao seu
pai. O arquivo de sua obra veio através da irmã depois que Dickinson morreu.
Nos dez anos depois foram publicados mais de 400 poemas. E agora é já
reconhecida uma das maiores da literatura de língua inglesa.
>>> Brasil: Obra de
Hilda Machado pode ser publicada ainda em 2017
Este ano
assinala dez anos sem a poeta. E um anúncio realizado pelo poeta Ricardo
Domeneck em sua página pessoal no Facebook enche os leitores de poesia de
expectativa. Ele conta que há muito tentava conseguir com a família os
manuscritos de Hilda; feito alcançado o próximo trabalho é organizar, editar e
publicá-lo. "Ainda é cedo para discutir como esse material será
organizado, mas meu desejo é editar, apresentar e conseguir publicar este
material este ano, no aniversário de 10 anos de sua morte trágica", diz
Domeneck no comunicado. Até agora todos os poemas conhecidos de Hilda foram
publicados, primeiro na revista Inimigo rumor e depois na revista Modo de usar & co. – onze ao todo, em 2009. Hilda nasceu em
1952; foi conhecida como professora e estudiosa do cinema. A poeta suicidou-se
em 2007.
>>> Estados Unidos: Um novo boom
de vendas de 1984, de George Orwell depois da subida ao poder de Donald Trump
Quando a
equipe do novo presidente dos Estados Unidos decidiu usar o termo “fatos
alternativos” ao entregar dados diferentes ao que se podia ver nas imagens da
cerimônia de posse, demonstrando que fora a mais concorrida da história não
imaginaria suas consequências da mentira. O termo, claro, só veio reforçar a
tentativa de negar a informação indiscutível e reafirmar o status de farsante
do novo governo. Logo, os jornais pipocaram excertos do célebre romance de
Orwell, 1984, livro que fala sobre uma sociedade distópica onde todos os
dados são controlados pelos seus governantes, capazes inclusive de convencer
seu povo de que dois mais dois é cinco. Dados da Amazon atestam um expressivo
aumento de vendas do romance, que desde então é o quinto livro mais vendido
pela livraria.
Quarta-feira,
25/01
>>> Estados Unidos: Editora irá
publicar conto inédito de Mark Twain encontrado em 2011
“Era uma vez
um menino que conseguia falar com animais. Um dia, para encontrar um príncipe que
tinha sido raptado, foi até à floresta para lhes pedir ajuda.” A história é
basicamente isto que se anuncia. The Purloining of Prince Oleomargarine estava entre os arquivos do escritor armazenados na Universidade da Califórnia.
Baseia-se nos apontamentos de Twain de uma história que ele terá contado às
filhas numa noite de 1879 em Paris, França. Como todos os pais, o criador de
Tom Sawyer e Huckleberry Finn terá inventado inúmeros relatos e personagens
fantásticas para adormecer as três crianças mas esta terá sido a única passada
para papel. Às anotações foram agora acrescentadas detalhes e imagens do autor
Philip Stead e do ilustrador Erin Stead. A Random House Books, responsável pela
obra, traz a edição no ano em que se comemora os 150 anos da primeira obra de
Twain, “The Celebrated Jumping Frog of Calaveras County and Other Sketches”,
uma coleção de contos de 1867. O livro sai em setembro.
>>> Brasil: Uma edição
comemorativa dos 500 anos da Utopia, de Thomas More
Sai pela Autêntica Editora em
formato bilíngue e com capa dura. Esta é a primeira tradução brasileira da obra
feita diretamente do latim. A obra publicada em 1516, criou uma das palavras
mais ricas, debatidas e controversas de nosso vocabulário. Construído como uma
narrativa de viagem, gênero de longa tradição literária, o livro dá voz ao
navegante português Rafael Hitlodeu, que, em latim humanista, critica as
instituições inglesas para, em seguida, descrever a ilha de Utopia, que
conseguiu criar uma sociedade próxima do ideal, valendo-se do conhecimento
existente na época, sem qualquer poder sobre-humano.
Quinta-feira,
26/01
>>> Brasil: Pode sair
ainda em 2017 documentário sobre Antonio Callado
O trabalho é
realizado de uma demorada e acurada visita ao acervo do escritor, composto por
uma extensa quantidade de diálogos entre os principais núcleos literários do
Brasil de seu tempo. Soma-se a isso o trabalho de buscar depoimentos de gente
muito próxima a Callado. Assim nasce Callado: vestígios. O título ainda
provisório de um documentário produzido pela diretora Emilia Silveira, que
deverá sair no segundo semestre deste ano, é uma tentativa de assinalar o
propósito da ideia: descobrir a diversidade de faces de um múltiplo escritor.
>>> Portugal: A nova
edição da Revista Blimunda já está online e traz algumas mudanças gráficas
Além de uma
nova coluna chamada (Em) Breve, que trará todos os meses pequenas notas com
novidades do universo literário em língua portuguesa. No ano que o grande
legado deixado por escritores vítimas da Guerra Civil Espanhola passa ao
domínio público, a Blimunda conversou com especialistas e explica a importância
de facilitar o acesso a estes materiais que agora passam a poder ser
difundidos de forma gratuita. Outro destaque é o texto de Inês Fonseca lido na
apresentação de seu livro José Saramago: Homem-Rio, biografia do
Prêmio Nobel de Literatura que integra a coleção Grandes Vidas Portuguesas
ilustrada por João Maio Pinto. A revista é uma publicação gratuita da Fundação José Saramago e
pode ser lida aqui.
Sexta-feira,
28/01
>>> Cuba: Maria
Valeria Rezende ganha o Prêmio Literário Casa de las Américas
Esta é a 58ª
edição do galardão cubano entregue desde os anos 1960 e um dos mais
prestigiados do continente Latino-americano. O livro Outros cantos,
editado pela Alfaguara
Brasil ganhou na categoria Literatura Brasileira. Para o júri,
integrado por Lúcia Bettencourt, Adriana Lisboa e Guiomar de Grammont a obra de
Maria Valéria Rezende é "uma narrativa lírica e de grande riqueza
metafórica que permite compor um mosaico de tipos. [...] reflete a substituição
de valores éticos e humanos pelo simulacro de uma sociedade consumista que
sufoca manifestações populares e tradicionais". O romance de Maria Valéria Rezende foi incluído na lista dos melhores de 2016 do Letras.
>>> França: O prêmio
literário francês, Roger Caillois, premia a Chico Buarque na categoria
Literatura Latino-Americana
Escolhido
pelo conjunto de sua obra. O Prêmio Roger Caillois foi criado em 1991 pelo PEN
Club da França em parceria com a Casa da América Latina e a Sociedade dos
escritores e amigos de Roger Caillois, sociólogo e crítico literário francês.
Já ganharam na mesma categoria autores como Mario Vargas Llosa (2002), Alberto
Manguel (2004), Ricardo Piglia (2008) e Roberto Bolaño (2009). Haroldo de
Campos (1999) era o único brasileiro na lista até então. A obra de Chico
Buarque é publicada na França pela editora Gallimard.
>>> Japão: São
encontrados mais de 70 itens de importância histórica na casa de Yasunari
Kawabata na cidade de Kamakura
A informação
é do Asahi Shimbun. Entre os materiais estão cartas, ilustrações e obras de
arte de figuras importantes das letras japonesas, como um poema na caligrafia
de Natsume Soseki e uma carta de Ryūnosuke Akutagawa. Os itens foram
encontrados por funcionários da Fundação Kawabata enquanto faziam uma
organização de final de ano na casa do escritor.
>>> Brasil: A descoberta
de 22 poemas inéditos até agora marcam a edição de Poesias
reunidas, de Oswald de Andrade
Os textos
estavam em cadernos e folhas avulsas que, na década de 1990, permaneciam com a
família do modernista paulistano e hoje estão guardados no Fundo Oswald de
Andrade, no Centro de Documentação Alexandre Eulalio da Universidade Estadual
de Campinas (Unicamp). A descoberta foi feita por Dilea Zanotto Manfio e Gênese
Andrade durante pesquisa para elaboração das Obras incompletas, uma edição
crítica coordenada pelo professor Jorge Schwartz, da Universidade de São Paulo
(USP), e que faria parte da Coleção Archives. Contudo, as Obras incompletas nunca foram publicadas, e os poemas saem agora, pela primeira vez, em Poesias
reunidas. A obra agora publicada pela Companhia das Letras reúne ainda textos
como “O lado oposto”, carta de Oswald a Menotti del Picchia publicada no
“Correio Paulistano”, em 1925, acerca da recepção de seu livro Pau Brasil,
uma carta de Carlos Drummond de Andrade sobre Primeiro caderno de poesia...,
de 1928, uma entrevista concedida pelo poeta a Mário da Silva Brito, em 1943, e
o clássico ensaio de Haroldo de Campos “A poética da radicalidade”, de 1965,
além de ilustrações feitas por Tarsila do Amaral e Lasar Segall para várias
obras. A editora começou a relançar no segundo semestre do ano passado todas as
obras do escritor.
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