Boletim Letras 360º #201
Já sabemos qual data faremos o retorno de nossas atividades diárias aqui no blog; em breve divulgamos. Aproveitamos a ocasião para lembrá-los que diariamente, no Facebook, além das notícias de interesse do universo do Letras, continuamos com a retrospectiva: uma forma de visitar algumas das matérias mais interessantes que publicamos durante o ano anterior. Outra lembrança: findamos a promoção que sorteou dois leitores para levar um dos títulos à sua escolha. A promoção começou com uma enquete que resultou na lista de leituras preferidas de 2016. Em breve, os sorteados receberão, de surpresa, os seus brindes. No mais, vamos saber as notícias desta semana em nossa página no Facebook? Sim, chegamos aos 53 mil leitores! Viva! Só temos a agradecer!
Yukio Mishima. Encontrada entrevista inédita do escritor japonês. Mais detalhes ao longo deste Boletim. |
Segunda-feira,
09/01
>>> Morreu
Zygmunt Bauman
O sociólogo
nasceu na Polônia em 19 de novembro de 1925. Serviu na Segunda Guerra Mundial
pelo exército da União Soviética e conheceu sua companheira, Janine Bauman, nos
acampamentos de refugiados poloneses. Nos anos 1940 e 1950 foi militante
entusiasmado do Partido Comunista Polonês, até se desligar da organização
devido ao fracasso da experiência socialistas no leste europeu. Graduado em
sociologia na URSS e, por seu status de combatente, conseguiu ascender
socialmente: saiu da condição modesta que seus pais lhe propiciaram durante a
juventude e tornou-se professor universitário. Iniciou sua carreira na
Universidade de Varsóvia, de onde foi afastado em 1968, após ter vários livros
e artigos censurados. Emigrou então da Polônia, por motivo de perseguições antissemitas,
e na Grã-Bretanha tornou-se professor titular da Universidade de Leeds (1971 em
diante). Recebeu os prêmios Amalfi (1989, por sua obra Modernidade e
Holocausto) e Adorno (1998, pelo conjunto de sua obra). Sua tese sobre a
modernidade líquida é uma das que melhor qualificam a contemporaneidade, tempo
sobre o qual mais se dedicou a pensar em todas as suas mais diversas
manifestações: na economia, política, sociedade e cultura.
Terça-feira,
10/01
>>> Brasil: Ganha edição
agora em 2017, O que é o fascismo e outros ensaios, de George Orwell
A produção
ensaística do autor de 1984 e de A revolução dos bichos é vasta, mas pouco
editada no Brasil. Entre os títulos do gênero fáceis de encontrar no mercado
estão Literatura e política. Jornalismo em tempos de guerra (Zahar), Na pior
em Paris e Londres e Como morrem os pobres e outros ensaios (Companhia das
Letras). Em 2017 a lista será ampliada. O que é o fascismo e outros ensaios.
O livro é uma reunião de ensaios de cunho político sobre um dos períodos mais
graves da história da humanidade: o de ascensão do fascismo. Logo, de extrema
atualidade para os tempos atuais em que, outra vez, o mal mostra suas garras.
>>> Brasil: Manuscritos
originais de dois romances e de um poema de Machado de Assis estão agora online
O Arquivo
Múcio Leão, da Academia Brasileira de Letras, dirigido pelo Acadêmico e
historiador José Murilo de Carvalho, disponibilizou os documentos que, antes,
somente podiam ser consultados nos terminais de computadores instalados em sua
sede. São os originais dos romances Esaú e Jacó e Memorial de
Aires e do poema "O Almada". São arquivos que mostram o
processo criativo do autor, inclusive as correções nos textos, assim como
mudanças dos nomes de determinadas personagens. Esta é a primeira parte de um
processo, que prevê, dentro de pouco tempo a disponibilização de todos os
manuscritos do autor, informa a nota no site da ABL.
Quarta-feira,
11/01
>>> Brasil: Cinco novidades em títulos saem da coleção de edições da Editora Carambaia
Uma delas,
uma caixa com dois livros de H.G. Wells inéditos no Brasil: A guerra no
ar e O dorminhoco, traduzidos por Alcebíades Diniz. O
primeiro, de 1908, foi inspirado nos voos do Zeppelin na Alemanha, enquanto o
segundo, de 1910, sobre um homem que é congelado e acordado 200 anos depois. É
só uma das diversas edições de Wells no país no ano em que a obra do escritor
cai em domínio público. Outra novidade é uma antologia de novelas não eróticas
do Marquês de Sade, conhecido justamente pelos textos político-picantes. O
livro ainda sem título é traduzido e apresentado por André Luiz Barros. E, por
fim, a Carambaia, promete ainda Imodéstia, capricho e inclinações, de Ronald
Firbank e O testamento de um excêntrico, de Júlio Verne.
Quinta-feira,
12/01
>>> Brasil: A
edição do romance inédito de Roberto Bolaño, que sai em fevereiro, já está disponível em pré-venda
Publicado no
final de 2016 entre uma série de polêmicas no universo de língua espanhola, O espírito da ficção científica chega ao Brasil traduzido por
Eduardo Brandão. Ambientado na Cidade do México nos anos 1970, o romance conta
a história de Remo Morán e Jan Schrella, dois jovens escritores obcecados por
poesia e ficção científica. Enquanto o primeiro tenta incansavelmente encontrar
seu espaço na literatura, o segundo passa os dias enviando cartas delirantes a
seus autores favoritos de ficção científica. Escrito nos anos 1980 e descoberto
agora, esse romance traz todos os elementos que fariam de Bolaño um dos autores
mais célebres e importantes da literatura latino-americana. Seus fãs encontrão
aqui não apenas a prosa tão facilmente reconhecível e tão absolutamente inesperada quanto seus temas mais caros, como a
literatura, o amor, a juventude, a amizade, o humor e a rebeldia. Leia mais sobre a obra aqui.
>>> Japão: Encontrada
entrevista inédita do escritor japonês Yukio Mishima. A conversa foi gravada em
fevereiro de 1970, nove meses antes, portanto, de seu suicídio
A informação
é o grupo TBS. A entrevista de 80 minutos de duração foi realizada por um
tradutor da obra de Mishima para o inglês e nunca foi ao ar. A fita estava nos
arquivos da emissora, mas se desconhece os motivos da gravação e porque nunca
foi tornada pública. Na entrevista, o escritor fala sobre sua obra, o que
considera seus pontos mais frágeis: "Acredito que o problema de minha
literatura é que a estrutura é muito dramática. É um impulso que me é
incontrolável. Sou incapaz de escrever um romance como se fosse um rio cujas
águas vão fluindo"; sobre a morte: "Sinto que a morte penetrou
fisicamente em meu corpo desde o lado de fora"; e da Constituição
pacifista de seu país. O escritor considera que o Artigo 9 da Carta Magna,
redatada quase integralmente pelas forças de ocupação estadunidenses, é
idealista e totalmente possível à reinterpretação. Estava certo: o atual
governo do Japão liderado pelo ministro Shinzo Abe aprovou uma polêmica revisão
deste artigo para ampliar as competências das Forças de Auto-Defesa. Mishima
morreu em 11 de novembro de 1970 aos 45 anos num ritual hara-kiri.
Sexta-feira,
13/01
>>> Brasil: A tradução
de José Geraldo Couto para a biografia Clarice, já está em nova
edição
Em dezembro
noticiamos que o livro Benjamin Moser publicado inicialmente pela Cosac Naify
em 2009 sairia pela Companhia
das Letras. A segunda biografia da escritora brasileira cuja projeção
mundial foi consagrada tem de novo o prefácio de Michael Wood. E estará nas
livrarias a partir de março.
>>> Brasil: A Editora 34 prepara para
2017 dois novos títulos de Dostoiévski.
Um é o volume que, à maneira dos
Contos completos, de Liev Tolstói, publicado no finalzinho da Cosac
Naify, reunirá a prosa do gênero do autor de Os irmãos Karamázov. Outro é o
título Humilhados e ofendidos. Publicado em 1861, este é outro dos romances
mais notáveis de Dostoiévski; esta é uma obra que retrata de forma contundente
e profunda a vida nas grandes cidades, pelo viés da dura realidade e miséria
entre classes na Rússia de seu tempo a partir de situações que envolvem
personagens perseguidas por conta de sua condição econômica e social, no
entanto, resistentes à hipocrisia e falta de humanidade de seus ofensores.
>>> Brasil: Sai este ano
uma nova tradução de Alice Munro, Prêmio Nobel de Literatura de 2013.
Trata-se de
O progresso do amor e sai pela Biblioteca Azul. Nos
contos dessa antologia, Alice Munro explora os mais íntimos e transformadores
momentos de experiência — momentos que formam a vida, momentos de percepção do
peso, do poder e da natureza do amor. Uma mulher divorciada regressa à sua casa
de infância onde é confrontada com as memórias do confuso mas profundo laço com os
seus pais. O quase afogamento acidental de uma criança revela à mãe a
fragilidade da confiança entre filhos e pais. Um rapaz, ao recordar um terrível
acidente de infância, luta com a responsabilidade que sempre sentira pelo seu
infeliz irmão mais novo. Um homem traz a sua amada a uma visita à sua
ex-mulher, apenas para se sentir estranhamente próximo da companheira que
perdera. Nestas e noutras histórias, Alice Munro revela-se uma vez mais como a
contista sensível e compassiva dos nossos tempos. Fala-nos dos recantos mais
íntimos de vidas comuns, revela-nos muito sobre nós, as nossas escolhas e as
nossas experiências com o amor.
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