Postagens

Mostrando postagens de janeiro, 2017

Sobre o conto inédito de Mark Twain que regressa ao público

Imagem
Mark Twain com sua família em Hartford.  Paris, 1879. No quarto de um hotel, um pai acaba de colocar suas duas filhas na cama e estas, ainda inquietas depois da intensa viagem, lhe pedem que ele conte uma história. Depois das meninas escolherem a imagem de uma revista que têm em mãos, o pai começa a narrar a história. Seu protagonista é Johnny, um menino que, depois de comer uma flor mágica, começa a falar com os animais. As pequenas Susie e Clara escutam com atenção os detalhes e, em pouco tempo, adormecem. Sem fazer barulho, seu pai se afasta e se senta na mesa, onde anota sobre a história que acaba de contar, disposto registrar os dados de sua imaginação. Uma imaginação da qual já havia saído Tom Sawyer e que, apenas seis anos depois, serviria ao nascimento de Huckleberry Finn. Sim, estamos falando sobre Mark Twain (1835-1910). “The Purloining of Prince Oleomargarine” é o único conto infantil escrito pelo estadunidense embora nunca tenha sido publicado. Com apenas 16

Atalhos da verdade

Imagem
Por Sergio Ramírez Não é por acaso que, no seu discurso de recepção do Prêmio Nobel de Literatura, Gabriel García Márquez comece falando sobre Antonio de Pigafetta, astrônomo, geógrafo, cartógrafo e linguarudo – que então queria dizer poliglota –, um dos poucos sobreviventes da viagem de Magalhães ao redor do mundo. E se García Márquez abre com ele sua esplêndida fala sobre a solidão da América Latina é porque encontra em Pigafetta alguém próximo, capaz de separar por um instante a verdade da imaginação. Essa qualidade de poder romper as fronteiras entre ilusão e realidade, tão necessária à literatura, foi também dos conquistadores e cronistas da conquista, e de muitos outros geógrafos e cartógrafos, exploradores e naturalistas que penetraram o novo mundo. Suas histórias nasceram das fábulas e sagas da imaginação popular europeia, e se espalharam em terras da América para passar a ser parte de um imaginário comum que foi ganhando prestígio com o passar dos séculos

Boletim Letras 360º #203

Imagem
Na segunda-feira, dia 30 de janeiro, o Letras volta ao batente com as postagens diárias. Mas, a retrospectiva continua no Facebook e no Twitter @Letrasinverso até o último dia do mês; para acessar as matérias principais do blog relembradas neste percurso, basta o leitor acessar a tag #RetrospectivaDoLetras2016. Enquanto isso, vamos ler as notícias que circularam durante a semana em nossa página no Facebook. Um ano para lembrar os 100 anos de Antonio Callado. Novidades sobre o escritor e sua obra ao longo deste Boletim. Segunda-feira, 23/01 >>> Brasil: Livro que reúne crônicas políticas de Antonio Callado sai neste ano de seu centenário pela Autêntica Editora Em 2016 falamos sobre esta edição que agora já tem título –  O país que não teve infância: sacadas de Antonio Callado . O volume de crônicas políticas é organizado por Ana Arruda Callado, companheira do escritor. O autor de Quarup  ficou conhecido pelos discursos explosivos, mas que mostravam um revelador ente

Baudelaire não soube ver

Imagem
Por Antonio Muñoz Molina  Baudelaire. O olhar magnético de Charles Baudelaire de cada uma das fotos realizadas por seu amigo Nadar nos hipnotiza  É um olhar que perfura mas também foge, se perde na ausência ou no introspecção. É já o olhar de um homem enfermo, marcado pelos efeitos da sífilis que contraiu no início da adolescência; e o de um homem triste que se vê envelhecendo prematuramente sem encontrar uma posição sólida no mundo, sem lugar fixo, com incursões sempre desorganizadas e acanhadas, porque dependia de sua mãe e de um administrador aos quais tinha sempre precisava recorrer para ter algum dinheiro. Baudelaire detestava a fotografia, uma das tantas novidades da sociedade dominada pelo comércio e a tecnologia que o espantava, mas em todos os retratos dele mostra uma intuição poderoso dessa arte que para ele não era, um sentido de atitude e de presença muito adequados para o meio. O olhar de Baudelaire é um dos primeiros olhares de escritor que conhecemos

Antonio Callado, cem anos depois

Imagem
  Há vários títulos da extensa obra de Antonio Callado que o faz um dos mais importantes escritores da literatura brasileira e da América Latina, segundo observou o crítico Raymond Williams. Sempre lembrado por Quarup , pela maneira como se filia à rede dos grandes pensadores sobre o seu país de origem, deixou-nos um registro sobre a face oculta da história desse país, como faz, por exemplo, de maneira leve em Memórias de Aldenham House , romance pastiche do policialesco inglês mas tomado pela denúncia dos tristes anos de chumbo – sua grande obsessão literária. Essa carreira de romancista se construiu entre outra dedicação – talvez não sua grande paixão mas a maneira mais acertada de conviver com a escrita –, o jornalismo. Na profissão, dedicou mais de trinta e sete anos e, mesmo depois de aposentado, trabalhou para diversos jornais. O contrário, só se nascesse rico, para recuperar uma de suas convicções sobre ser escritor no Brasil. O jornal foi seu ganha-pão e lhe per

Boletim Letras 360º #202

Imagem
Aqui estamos com mais uma edição das notícias que foram publicadas durante mais uma semana na página do Letras no Facebook ; semana em que ganhamos mais 2 mil amigos. Somos já uma cidade de médio porte de pessoas que nutrem alguma finalidade com o universo literário. De novo dizemos: obrigado! Ana  Cristina  Cesar vista por  João Almino. A imagem pertence a uma sessão de fotos realizadas pelo es critor em Paris e reunidas agora na edição n.13 da Revista 7faces. Mais detalhes ao longo deste Boletim. Segunda-feira, 16/01 >>> Brasil: Projeto visa sublinhar relações com obras literárias adaptadas para a televisão A Rede Globo publicará Caderno Globo. Assista a esse livro  com reflexões sobre adaptações literárias e formas de incentivo à leitura. A publicação reunirá textos inspirados na adaptação de Dois irmãos . O projeto também publicará e-books de títulos adaptados para a TV com cenas conectadas. O primeiro da série será Gabriela, cravo e canela , de Jorge