Um poeta de grande futuro
Por Gonzalo Aguiar Chegou o século XXI e algo foi se fazendo evidente no mundo da poesia: Augusto de Campos não é apenas um dos poetas mais significativos do século que passou mas continua sendo, na atualidade, um dos mais instigantes e estimulantes inventores da cena contemporânea. Frequentemente o apresentam como “o poeta concreto” mas na verdade em sua trajetória de mais de sessenta anos (seu primeiro livro, O rei menos o reino é de 1951), o concretismo – movimento de vanguarda que começou na arte brasileira na década de cinquenta – só abarca cinco anos. É como dizer “o pintor cubista Picasso” ou “o crítico estruturalista Roland Barthes”: só uma parte de sua obra pertence estritamente ao concretismo. É bem verdade que Augusto de Campos seguiu sempre fiel à poesia visual (uma poesia próxima ao concretismo já que trabalha com o espaço, as tipografias e a disposição das palavras), sua poesia tem uma potência sonora única, a ponto de Caetano Veloso, Arnaldo Antunes e Adr