Seul suja
Por Pablo Augusto-Silva Se tivéssemos como missão selecionar um trecho que resumisse o espírito do romance da coreana Bae Su-ah (1965-), Sukiyaki de Domingo (tradução Hyo-jeong Sung, Estação Liberdade, 2014), seria este diálogo entre uma exótica modelo de pelos púbicos e um jornalista: “Daqui a dez anos? – repetiu a mulher a pergunta, como se tivesse sido pega de surpresa e logo ficou pensativa. – Acho que não estarei fazendo nada. Provavelmente não serei mais modelo de pelos púbicos daqui a dez anos. Eu não gosto de viajar e nem me dou bem com as pessoas. Realmente não sei o que será de mim daqui a dez anos. Não consigo pensar em nada concreto, questionada assim, de modo tão repentino. Mas sei que não quero ficar com a pele flácida. Pelo menos isso é certeza. Fora isso, nunca pensei no assunto. – Não consigo te imaginar com a pele flácida daqui a dez anos. – Ah, pode acontecer. Vou estar com mais de 30 – insistiu a mulher. – Eu conheço várias mulheres com