Distantes, mas próximos: sete romances que dizem a história da América espanhola
Por Sergio Ramírez Gabriel García Márquez e Juan Rulfo. Os romances do que poderíamos chamar cânone clássico da literatura de língua espanhola na América têm já uma idade provecta, segundo esse arcaico termo que se usava para sublinhar a idade avançada. Dona Bárbara , que deu a essa literatura uma de suas personagens verdadeiramente arquetípicas, aquelas que saem das páginas de um livro para andar pelo mundo por conta própria, vai já para os noventa anos de sua publicação; e seu autor, o venezuelano Rómulo Gallegos, nos recorda algo já quase esquecido, o dos escritores que equiparava a vida literária com a vida política. Seu caso parece incomum e logo memorável. Era um reformista de coração, que aborrecia a sociedade selvagem, de intensas tintas rurais de seu país, e queria estabelecer o legal que décadas de ditaduras militares haviam convertido em um insulto. Reformar o campo onde reinava a lei do mais forte, substituir o arbítrio pelo pela ordem jurídica, é a tese de