José Saramago, tão ou mais necessário
Por Pedro Fernandes Os seres humanos não podem aceitar as coisas como elas são, porque isso leva-nos directamente ao suicídio. Temos que acreditar nalguma coisa e, sobretudo, temos de ter um sentimento de responsabilidade colectiva, segundo o qual cada um de nós será responsável por todos os outros. José Saramago * O livro é só um espaço habitado por palavras. E essa não é uma concepção que tenha adeptos apenas entre os que lhe atribuem uma dimensão participativa na vida das pessoas e concordam que a obra nasce toda vez que o leitor torne a vibrar as palavras que aí habitam; entre aqueles adeptos do livro-objeto também essa ideia faz algum sentido. Mas não é entre esses últimos que encontraremos José Saramago. Porque a necessidade do leitor enquanto figura participativa se imprime logo na liberdade a ele concedida no ato de construção da narrativa. É bem verdade que há muito a literatura busca romper com a condição do leitor mero receptor – exemplo disso são os c