Tempestades de aço, de Ernst Jünger
Por Pedro Fernandes Tempestades de aço , de Ernst Jünger, está marcado pelo espírito de seu tempo: aquele que, saído do romantismo, mas ainda preso a ele, acreditou de forma – se irracional aos nossos olhos de hoje – coerente e absoluta na necessidade da guerra para refundação da civilização humana. Que acreditou na ruína como base para uma diversa quantidade de impasses, inclusive espirituais de indivíduo para indivíduo. Se este é um ponto de partida e justifica a maneira louvável como o escritor constrói seus modos de ver o dia-a-dia no front , não deve ser o ponto definitivo para uma compreensão sobre a obra dentro e fora desse contexto. Isto é, o leitor não pode, de maneira alguma, passados tantos anos do conflito de 1914, e cuja expressão, ainda mais danosa, se repetiu poucos anos depois como se numa ressurreição do espírito não expurgado do conflito anterior se deixar levar por essa única perspectiva. O relato do escritor alemão está tomado pela ambivalência – e