Homens imprudentemente poéticos, de Valter Hugo Mãe
Por Pedro Belo Clara O novo trabalho do autor de A desumanização tece a cada leitor seu um tenro convite ao mergulho na intimidade profunda de um Japão perdido na memória de séculos passados, um território de gentes supersticiosas e ainda sujeitas ao peso dos singulares pressupostos da sua mitologia: bosques onde espíritos sombrios vagueiam sem descanso, lagos de peixes falantes, canaviais onde o vento desfia madrigais de melancolia. Será através de tais directrizes que o autor nos levará a conhecer as personagens-base em torno das quais toda a narrativa se irá desenrolar, tomando assim o primeiro contacto com o singelo tecido com que se apresenta a dócil fímbria de mais um romance de Valter Hugo Mãe. A história centra-se essencialmente em Saburo, um humilde oleiro que tem em sua delicada e diligente esposa, Fuyo, o amor de toda a vida, e em seu vizinho Itaro, um talentoso artesão que vive com a sua cega irmã, Matsu, e a criada da família, a senhora Kame. Vistas as circ