O poeta abjecto insuperável
Por Jesus Aguado Tantos anos depois de sua morte em Marselha devido uma gangrena continuamos a acreditar que Arthur Rimbaud existiu. Uma hipnose que dura longo tempo e converteu esse leproso das letras e esse mestre em fantasmagorias numa referência inquestionável da literatura universal. Não há poeta que não deixe de se medir com o padrão-ouro fixado por seus versos e com o padrão-vertigem fixados pela sua existência. Uma obra e uma biografia alucinadas que, todavia, conspiram contra os que, sentindo-se obrigados a colocar a Beleza em seus trilhos não se atrevem a estrangulá-la por medo qualquer dos infernos que os conduzem à desordem de todos os sentidos ou, se atrever-se, logo em seguida pedem perdão e acabam chorando em seus braços maternais. Ao lado de Rimbaud todos continuamos sendo elegantes parnasianos de coração sensível que, em maior ou menor grau, confiamos nas aparências do mundo e em suas inércias epistemológicas e hermenêuticas. Inclusive nossos maldit