Dias de abandono, de Elena Ferrante
Por Pedro Fernandes A certa altura da narrativa de Dias de abandono , a narradora volta a uma situação presente na série napolitana sobre a escrita de um romance por recomendação de uma professora e o anseio pela composição de um livro que, ao contrário dos sugeridos, não fosse sobre “senhoras cultas, em boa condição social, quebrando-se feito bibelôs nas mãos de seus homens distraídos”; que não fosse sobre “mulheres emocionalmente burras”: “queria escrever histórias de mulheres com muitos recursos, mulheres com palavras indestrutíveis, não um manual da esposa abandonada com o amor perdido como o próprio pensamento da lista”. Se o desejo se cumpre? Em parte sim; noutra parte não. Em parte sim porque Dias de abandono é a história de uma mulher abandonada; em parte não porque não é um manual, é a narrativa de mulher com palavras indestrutíveis. As elucubrações de uma mulher que, de uma hora para outra, recebe a notícia da separação e que não sabe ao certo como fará para c