Poesia não-completa de Wisława Szymborska
Em sua “Carta quase-íntima sobre a poesia”, Czesław Miłosz escreveu: “se a descrição de uma superfície da grama torna-se problemática, é possível haver ainda lugar para um panorama que inclua pessoas, animais, manhãs e crepúsculos?” Estranhamente, Miłosz nos adverte que sua terminologia é metafórica, embora não esclareça sobre o que corresponde a metáfora – se à superfície da grama ou se às pessoas. Em todo caso, a sua pergunta poderia ser respondida de modo afirmativa com a obra de Wisława Szymborska. Em cada um dos seus poemas, sem exceção, se vislumbra o panorama, desde o menor fragmento até esse “vasto mundo”, que, de novo segundo Miłosz, já não servem às chamadas vanguardas poéticas, cheias de visões intelectuais mas carentes, muitas vezes, de “coração e de vísceras”. É costume da alta estética ou ética dos poetas, de alguns poetas, a desaprovação da poesia de corte mais intimista ou subjetivista, como se ela existisse à margem de seus praticantes ou como se exis