O dia em que Flávia me mostrou que trinta linhas é pouco demais
Por Rafael Kafka Em algum dia da semana passada, lembrei-me de Flávia dando aula. Eu a conheci em um contexto de sala, mais especificamente no estágio de minha primeira graduação e desde então nutro profundo sentimento de amizade por ela, mesmo tendo visto-a tão poucas vezes em minha vida. Sempre me questionei acerca de tamanho carinho e penso que a lembrança ocorrida em uma aula que eu dava explicou-me, como uma rara epifania, as causas de tão profunda afeição. Percebo nos anos todos em que dou aulas em escolas uma profunda dificuldade de meus alunos de escreverem mais do que o limite mínimo de linhas em provas de redação. Se tal limite é quinze é bem provável que todas as redações sigam o padrão desse número de linhas, com raras exceções que o ultrapassam. Atingir quinze linhas para muitos de meus estudantes é como vencer uma árdua maratona a cujo final eles chegam com os últimos suspiros de sua alma cansada. Se procurar entender o que se passa com eles e explica e