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Revisitando Mário de Sá-Carneiro: uma homenagem no ano do centenário da sua morte

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Por Maria Vaz Escrever sobre um grande vulto é sempre assim: difícil. Uma alma que escreve vagueia sempre por mundos envoltos em sentidos, em que as palavras se perdem ou não ecoam a devida intensidade da sua mundividência. Sobra-nos a tarefa de adivinhar, nas entrelinhas daquilo que se disse e se escreveu, um pedaço de céu ou um qualquer brilho que alguém esqueceu. Dito isto, falar de Mário de Sá-Carneiro implica subir e descer as escadas dos deuses e, inevitavelmente, confrontar a iluminação do cume do Olimpo com o submundo de Hades. Teorias há no sentido de que um homem se resumiria a uma previsibilidade de acontecimentos entre duas datas: o nascimento e a morte. Mas quando falamos de poetas e de poesia, tocamos um mundo do absoluto em que a morte nada significa além da transformação da matéria: o corpo vai, mas ficam as palavras e os sentimentos petrificados em estrofes, combatendo a energia destrutiva de um tempo em que tudo perece. Eles permanecem. Estão condenados à