Descobri que estava morto, de João Paulo Cuenca
Por Pedro Fernandes Este livro de João Paulo Cuenca aparece como uma peça rara na extensa produção literária na última década no Brasil porque reintegra a nossa tradição com uma das vertentes da literatura latino-americana melhor desenvolvida – a do realismo mágico. Claro que não inaugura esse diálogo porque esse é já uma parte de nossa tradição representada por obras de extrema valia como as de um José J. Veiga ou um José Cândido de Carvalho, para citar dos exemplos. Mas sua retomada, ainda que não em sua inteireza, porque o tom aqui prevalece na atmosfera que envolve o relato, é, reiteramos, uma acertada decisão para um escritor cuja obra encontra-se ainda na jovem fase de busca pelo acerto estilístico. Talvez seja preferível enxergar nessas raízes não propriamente um realismo do tipo mas uma forma do que honestamente chamaríamos por realismo insólito, aquele cuja narrativa é decorrente de uma situação embora quase trivial coloca os envolvidos nela, de um instante para o