Flash de sangue engolfada pela boca
Por Lucas Miyazaki Brancucci E penso que há blocos sonoros e táteis onde essas criaturas-eventos ocorrem. Ali era o escuro da sala de cinema vasta pela sua solidão p&b. A música que fazem ecoar lá dentro me desloca para aqueles movimentos sonhados, a abertura de camadas sedimentadas pelos discursos dominantes, esfacelando-se, correndo pelo rio a paisagem interior; aqui eu te conheço, Manaus: brota-se um mundo, habita-o na língua alheia – o botânico alemão, o xamã caxinauá, os padres espanhóis, os portugueses com suas manias excessivas. O mundo é uma fera indizível, se diz numa canção. Nada; nem as mensagens piscando nos bolsos, ou as ligações perdidas de alguma urgência inútil e familiar, e-mail de noticiário catastrófico ou demissões, me tiram das imagens que estão rodando, sempre. Entre o filme e nossos silêncios me intriguei com o corpo na outra extremidade da mesma fileira. Traços que se recortavam líquidos, com o lançar imprevisível das luzes da tela. Cab