A definição do amor, de Jorge Reis-Sá
Por Pedro Fernandes Jorge Reis-Sá visita um tema que não é novo na literatura (aliás qual é esse, se, desde sempre, a literatura é variação dos mesmos tons). O tema em questão é o da ausência do outro que se ama. Da literatura portuguesa recente é possível citar de passagem pelo menos três romances que reconstroem, cada um à sua maneira, sobre: António Lobo Antunes fez reiteradas vezes e com maestria em obras como Sôbolos rios que vão , José Luís Peixoto fez em Morreste-me , e Inês Pedrosa, em Fazes-me falta . Das três, a última parece ser a que mais se aproxima A definição do amor . Fazes-me falta é construído como um jogo entre dois narradores – um ponto de vista masculino e outro feminino – que se conversam pela ausência, visto que ela está morta, sobre um amor possivelmente nunca realizado. No romance de Jorge Reis-Sá, o ponto de vista é só o do homem que, às voltas com a mulher num leito de hospital condenada à morte, reflete sobre a ausência dela na sua vida e a