Dois anos, oito meses e 28 noites, de Salman Rushdie
Por Luisgé Martín Salman Rushdie foi marcado há anos com um destino que obscureceu publicamente sua grandeza literária; suas últimas obras, depois disso, não voltaram nunca à mesma altura de Os versos satânicos e, também, Os filhos da meia-noite . De modo que o escritor tem se convertido mais num mártir ou numa personagem icônica e não num escritor respeitado. Este novo livro poderia ajudar a corrigir esse desvio de caminho, o que faria Salman Rushdie um dos maiores nomes vivos da literatura de nosso tempo. Dois anos, oito meses e 28 noites são exatamente mil e uma noites; esse é o modelo que, com um olhar irônico, ele emprega na construção desse livro: um romance cheio de histórias triviais, marcadas pela fantasia delirante, e de indignação imaginativa sobre a natureza humana. Salman Rushdie quis ser a Sherazade de nosso século, mas o empenho não parece ser grande o suficiente. Isso, não serve em nada para desmerecer a riqueza da obra ora publicada.