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Mostrando postagens de agosto 18, 2016

O amigo que não pôde salvar Federico García Lorca

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Por Sergio del Molino Federico García Lorca. Um dos últimos registros fotográficos do poeta. "Quando eu morrer, / com minha guitarra enterrai-me, / sob a areia”. São versos de “Lamento da morte”, um poema que foi musicado por Carlos Morla Lynch. Durante os anos da República, Lorca o cantou ao piano em muitas madrugadas no enorme apartamento de Morla da rua Alfonso XII de Madri, que sempre a cada noite, depois do jantar, enchia-se de poetas, intelectuais e gente local que encontram em seus sofás e em seu bar móvel um refúgio aristocrático.  Federico García Lorca era a alma daquelas reuniões literárias, o menino engraçado que sabia cortar as discussões políticas com uma gargalhada e começar arrancar notas do piano quando alguém bocejava. Há muito na vida breve de Lorca que tem um ar premonitório. Esse gosto por tragédia que o converteu em tragédia própria é um. Há versos sobrenaturais, como estes de “Lamento da morte”, que já contém em si uma inquietude. Ma