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Mostrando postagens de julho 17, 2016

(reflexo)

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Por  Lucas Miyazaki Brancucci Painel pintado por David Pintor em 2014 na Rua Miguel Bombarda, no Porto (detalhe). Aquele rapaz, moleque, garotinho sórdido, não sabia fazer nada com eficácia. Fazia hora extra num café do centro, ficava ao pé das ruas, vagava pelas praças e apenas andava a ler certos contos de Cortázar, um dicionário de física, um Livro do Desassossego e poemas de Herberto Helder que carregava na mala; atravessava noites na Biblioteca Mário de Andrade. Qualquer coisa cômica da mediocridade burguesa ocorria-lhe nos seus trajes e sotaques. É bem provável que seus dias não passassem de um teatro necessário para aquela obscuridade sonhada. Lia restos de jornais antigos na calçada. E ali encontrava-se, nos seus momentos raros, tão invisíveis e passageiros, mas metido na sua liberdade bruta e rastejante de estar solto e desprezível, habitando aqueles chãos subterrâneos do Anhangabaú. Recostado à parede em frente aos trilhos, com as pernas deslisando i