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Mostrando postagens de junho 20, 2016

Robert Walser ou a escrita como caminhada

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Por Luigi Amara As vezes a escrita se converte numa espécie de traição. A ironia de tornar em borrão centenas de páginas para a evocação de uma memória insistente, ou o paradoxo de recorrer à uma linguagem própria a fim de marcar suas limitações ou ainda sua impossibilidade, deixam um sabor amargo de incongruência e desconcerto, a sensação de estar brincando com fogo, de haver preparado a armadilha na qual logo haveremos de cair; talvez de algum modo essas inevitáveis traições nos remetam aos mecanismos que se autodestroem em cinco segundos. Escrever sobre Robert Walser comporta algum desses perigos. Elias Canetti conjeturou que a insistente rejeição do escritor suíço acerca da grandiosidade se deve justamente a fato de que nada parece mais alheio ao seu estilo que a grandeza, que à frente de qualquer forma, o reconhecimento se torna uma saída torpe, imprópria, remendada. Como seja, a opção de respeitar a todo custo a relutância de Walser em não se destacar, nos f