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Linguagem do eterno – aproximações ao ritmo do Livro do Desassossego

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Por Lucas Miyazaki Brancucci Estar na tensão entre os corpos, “intervalar”, habitar interstícios, “espaço entre mim e mim”, “sentir tudo de todas as maneiras” desdobrando-se a múltiplas conexões com o mundo, constituem movimentos primordiais no Livro do Desassossego , de Fernando Pessoa (utilizamos neste texto a edição organizada por Richard Zenith. São Paulo: Companhia das Letras, 2011). Sob a condição de um “sonhar sempre”, fluxo de escrita, esses movimentos giram em torno da própria língua, seu fim, articulados pelo ritmo da voz de Bernardo Soares – heterônimo (ou semi-heterônimo, ou semi-ortônimo) de Fernando Pessoa – evocada para compor essa escrita “interminável”. No Livro do Desassossego , escrever é um ato (e pacto) para habitar o mundo e constantemente modificá-lo, levar ao extremo a “sede de ser completo”, o corpo em circuito com o externo; é criar o espaço possível para esse “lugar ativo de sensações, a minha alma” (do fragmento [fr.] 219) – a “minha voz”,