Pedro Páramo, de Juan Rulfo
Por Sérgio Pitol O romance Pedro Páramo , do jovem autor Juan Rulfo, em dez anos depois de sua aparição já é considerado uma obra clássica da narrativa contemporânea mexicana e desfruta de um renome que ultrapassa amplamente as fronteiras dos territórios de língua espanhola na América. Hoje, apaziguados os ecos das polêmicas que suscitou quando da sua publicação, este romance é considerado um marco na criação literária no México, que finaliza o período da literatura dedicada à problemática do indianismo e inaugura uma nova época. O mundo que nos apresenta Juan Rulfo, cuja peculiaridade se deve ao modo como o próprio autor o molda, é o mundo de um ser quase desconhecido que vive à margem da civilização, excluído da sociedade moderna; um homem que vemos diariamente, mas dele apenas sabemos o que nos dizem os tratados sociológicos; um homem cujos costumes e vida são investigados e descritos pelos antropólogos: o índio mexicano. Na literatura, este homem sempre apare