As grandes ondas, de António Barahona (Parte II)
Por Pedro Belo Clara Eis um facto agora incontornável: a religiosidade da poesia, ou a poesia como veículo do e para o Divino, está explícita no grosso dos poemas compilados neste livro. Daí aflora o perfume místico que embeleza certos trabalhos e o carácter quase onírico que, mais raramente, reveste outros. Mas ambos são, sem dúvida maior, os pilares centrais que sustentam o poético habitáculo de António Barahona. Além disso, e de modo mais subtil, pode depreender-se uma intenção de busca que em certos versos surge admitida por meios mais abertos, aspecto esse que também se considerará transversal aos demais 1 . Falamos de poética e naturalmente as razões do seu ofício, bem como diversas questões ou ilustrações referentes à sua prática, não poderiam ocultar-se deste trabalho cujas notas já lançadas serviram apenas o intuito de trazer da obscuridade certos ângulos da face que ostenta. No poema “As caves do murmúrio”, que recebe uma breve referência a Mário Cesariny,