Salim Miguel
Um silêncio que se constrói em torno de uma obra cujo interesse não se deixa contaminar pela sede do mercado não pode servir de parâmetro para dizer que um escritor e uma obra são menores; em grande parte, é esta uma clara displicência, primeiro dos seus contemporâneos, depois dos leitores sempre mais suscetíveis a encontrar e ficar restrito ao que lhe é oferecido como produto de primeira qualidade no dobrar de uma esquina. Muitos já terão reparado reiteradas vezes que o mal está não no escritor ou obra que se escondem mas naqueles que de algum tempo passaram a controlar e determinar o que tem se firmado como padrão de leitura. Nesse território de displicências ganha o leitor que não se deixa levar pelo que o mercado lhe impõe e busca de alguma maneira reconhecer o que está fora desse eixo; sim, porque fora dele, ainda se concentra boa parte do que podemos chamar de boa literatura. Assim se passa com a obra de Salim Miguel. Despreocupado em atender a demanda castradora