Um planeta chamado Clarice Lispector
Por Emma Rodríguez Para falar sobre Clarice Lispector haveria que inventar novas palavras, comprar um dicionário do sublime, utilizar um novo alfabeto. É o que primeiro me vem para iniciar essa passagem pela obra de uma escritora especialíssima; tão especial que me atreveria a dizer que em certos momentos, enquanto a leio, tenho a louca ideia de que não é deste mundo, que parece ter vindo de distâncias inimagináveis para contar-nos histórias e para falarmos do que nos é mais profundo. Se toda leitura exige do leitor uma adequação, uma mudança de registro que o permita adaptar-se ao tom, à maneira, ao ritmo e ao tempo do que transcorre nos universos da ficção, no caso da escritora brasileira poderia falar-se de metamorfose. Há que mudar de pele para segui-la. Há que desejar e esperar que seja ela a que outorga a permissão para entrar em seus lugares desconhecidos, em suas atmosferas flutuantes, nesse rio de emoções que apenas os que estão dispostos a sentir, vibrar, podem p