Juan Rulfo, fotógrafo
Juan Rulfo reconhecia que viver era seu único ofício. Sua personalidade melancólica com sombras de nostalgia se formou quando ainda era um menino e a morte alcançou seus pais. Este halo de solidão cobriria sua obra literária e lhe permitiria ser, além disso, um criador de imagens. Certa vez Rulfo escreveu que “em todos que gostam muito de ler, de tanto estar sentados lhe dá preguiça de fazer outra coisa”. Ele gostava muito de ler; mas lhe apetecia a história, a música da Orquestra Sinfônica Nacional e a fotografia. E, diferentemente dos preguiçosos e leitores vorazes, desenvolveu uma vasta obra fotográfica em desacerto com o trabalho literário. Quer dizer, um desacerto apenas em parte; a sensibilidade nata que possuía e que deu forma a obras como Pedro Páramo e alimentou o seu gosto pelas artes, além da música clássica e a pintura, teria um impacto maior na expressão fotográfica. Através dela deixou um testemunho da desolação que cobria sua visão da realidade e um registr