O horror sem adjetivos de um testemunho inédito de Primo Levi
Por Guillermo Altares Como acontece com outros grandes escritores que relatam sua experiência como sobreviventes do Holocausto, como Elie Wiesel ou Imre Kertèsz, o valor da obra do italiano Primo Levi vai muito além do literário (embora neste terreno seja imenso). A era dos testemunhos da Shoah está a ponto de acabar; os últimos sobreviventes e também os últimos verdugos vão se apagando pouco a pouco e a memória desaparece com eles. Por isso, obras com a trilogia de Auschwitz* são mais importantes que nunca: só através da leitura dos relatos dos que estiveram aí é possível entender, ainda que remotamente, o horror incompressível do nazismo e do Holocausto. Primo Levi (1919-1987) escreveu também uma série de informes para diferentes instituições ou para prestar testemunho em processos penais contra crimes de guerra nos quais descreve sua passagem pelos campos de concentração; esses textos foram resgatados no volume Assim foi Auschwitz (Companhia das Letras, Federico Car