Boletim Letras 360º #195
Alguns leitores do Letras já começaram a receber os brindes do nosso mais recente sorteio que abriu as celebrações pelos 10 anos do blog online; são ganhadores das edições publicadas neste 2016 pela Biblioteca Azul da obra de Valter Hugo Mãe, da Obra completa, de Raduan Nassar (Companhia das Letras), um livro surpresa da Sylvia Plath e Obras completas - Volume A, de Adolfo Bioy Casares, a escolhida por um dos sorteados. Nós só agradecemos a companhia dos nossos leitores; a página do Letras no Facebook ultrapassou nesta semana primeira de aniversário do blog, os 50 mil amigos.
Encontraram um conto inédito de H. G. Wells. Leia mais sobre ao longo deste Boletim. |
Segunda-feira,
28/11
>>> Brasil: O que virá
das publicações que sairiam pela Cosac Naify
Sabe-se que
parte do catálogo da extinta editora - como a rica coleção Mulheres Modernistas - foi parar nas mãos da Editora SESI-SP. A negociação com esta casa, por
exemplo, soma ainda 27 títulos nunca publicados. E, entre os livros já
fechados, está o clássico de Octavio Paz As armadilhas da
fé, ensaio biográfico sobre Sor Juana Inés de La Cruz, uma das principais
poetas mexicanas, e Ribolópolis, do autor britânico Andy Mulligan,
que será o primeiro a sair. No pacote, entrou também uma antologia dos contos
de fadas reunidas pelo folclorista Alexander Afanasyev, considerado a versão
russa dos irmãos Grimm, por ter compilado centenas de histórias da tradição
eslava, que de outro modo teriam se perdido, e O que há de mais próximo
da vida, último livro de James Wood, crítico da revista New
Yorker, uma mistura de ensaio crítico e autobiográfico sobre literatura.
>>> França: A arma
protagonista na briga entre Arthur Rimbaud e Paul Verlaine será leiloada no
próximo dia 30 de novembro
Era o dia 10
de julho de 1873. O amor vivido entre os dois poetas havia alcançado um limite
entre o prazer e o tédio; e numa relação já conturbada pelos efeitos do gênio,
as brigas se tornaram constantes ao ponto de alcançar o nível de mutilação dos
corpos ou mesmo da vida. Foi com a intenção de matar que Verlaine comprou o
revólver calibre 7mm, aparentemente popular naqueles finais do século XIX, e
atirou contra o amante. Estavam em Bruxelas e fugiam de entre Paris e Londres,
numa das temporadas mais intensas do casal. Rimbaud chegou a ficar 10 dias no
hospital e Verlaine foi para a prisão por dois anos. O relato do acontecido
está bem documentado com as declarações e os depoimentos tomados na época e
mantidos na Biblioteca Real da Bélgica. E a arma que agora vai a leilão foi
apreendido pela polícia e devolvida para o dono original depois de um relatório
balístico. A autenticidade da peça é marcada pelo número de série -14096 - e o
seu registro ao lado do nome de Verlaine no caderno de vendas do proprietário.
A peça fora entregue para a delegacia quando a loja em fechou em 1981. A casa
de leilão Christie's espera arrecadar entre 50 e 60 mil euros.
Terça-feira,
29/11
>>> Estados Unidos: Filme
inédito dirigido por Paul Newman em 1962 foi baseado numa peça de Anton
Tchekhov
Trata-se de
um filme experimental sobre o qual não se tinha qualquer notícia se ainda
existia cópia; o trabalho foi encontrado em Nova York, segundo informa a
Revista Forward, e passa por restauração. A meta é exibi-lo no TCM em 2017. O
projeto nasceu em 1959, quando Paul Newman ficou absolutamente comovido ao se
deparar com, Michael Strong, um ator mediano e desconhecido que lhe aparece
no Actor’s Studio e recita uma versão do monólogo de Anton Tchekhov, "Os
malefícios do tabaco". As filmagens duraram cinco dias no Teatro de Arte
Yiddish de Nova York. Michael Strong aceitou o papel protagonista de Ivan
Ivanovitch Niukhin. E o resultado é impressionante. Mas o filme de 25min30seg
nunca ganhou distribuição. A descoberta veio a partir do diretor de cinema
sobrevivente dos campos de concentração nazista Jack Garfein. Nunca se soube se
a cópia foi para as mãos de Garfien por doação de Newman ou se o diretor
adquiriu de outra pessoa.
>>> Brasil: Torquato
Neto é o autor homenageado da Balada Literária de 2017
A próxima
edição do evento ocorre entre os dias 8 e 12 de novembro. Torquato nasceu no
dia 9 de novembro de 1944; contemporâneo de Gilberto Gil, com quem conviveu no
ensino básico em Salvador, trabalhou com Glauber Rocha, foi para o Rio de
Janeiro para estudar jornalismo sem nunca concluir o curso. Trabalhou em diversos
jornais e fez parcerias com importantes músicos como o próprio Gil, Gal, Jards
Macalé e Edu Lobo. Suicidou-se um dia depois de seu aniversário de 28 anos, em
1972. Recentemente a Azogue Editorial incluiu uma antologia com poemas do poeta
numa coleção especial com 12 nomes fundamentais da poesia brasileira
contemporânea. Para 2017, a Autêntica pretende editar as obras do escritor.
Quarta-feira,
30/11
>>> Inglaterra: Um romance
de uma frase só. E ele conquista um dos prêmios mais importantes da
Universidade de Londres
Em 2013, a
UL começou a organizar o Prêmio Goldsmiths com um objetivo muito claro: premiar
um romance capaz de romper as normas do gênero e abra novas possibilidades
narrativas. E desta vez, o jurado faz uma aposta inusitada: o prêmio foi para
Solar Bones, de Mike McCormack. É que o romance consta de uma só
frase. A narrativa se passa em 2008 durante o Dia de Todos os Santos. O
protagonista é Marcus Conway, um engenho irlandês de meia-idade que ressuscita
para contemplar as desgraças, aventuras e pequenas ruindades do condado onde
viveu toda sua vida. A narrativa reflete a torrente de pensamentos que se
passam na cabeça de Conway, o que o coloca em relação a obras de outras obras
da literatura irlandesa como James Joyce ou Samuel Beckett. O romance de uma
frase se converte assim numa das frases mais valiosas da literatura: o prêmio
equivale a 10 mil libras. É curioso ainda que três dos quatro premiados desde
que começou o Goldsmiths são irlandeses.
>>> Brasil: As livrarias
brasileiras recebem uma edição primorosa dos Ensaios, de Montaigne.
São mais de mil páginas com texto integral revisado e com notas
A tradução
de Sérgio Milliet publicada na década de sessenta ganha, além disso,
apresentação de Andre Scoralick. A grandiosa obra de Michel de Montaigne, um
homem do Renascimento, mas que até hoje se dirige a nós com uma vivacidade que
a distância do tempo não esmaeceu, foi revolucionário para a produção
ensaística. Seus Ensaios, publicados entre 1580 e 1588, o tornaram
famoso ainda em vida, inspiraram os filósofos do Iluminismo e lançaram as bases
do novo gênero literário. Segundo o crítico Erich Auerbach, um de seus mais
agudos leitores, ao falar de si, Montaigne falava da condição humana. Tal
liberdade de concepção e de tom nunca tinha sido vista até então: as guerras do
seu tempo, os humores do seu corpo, os filósofos antigos, o amor e a morte, os
assuntos mais variados recebem o mesmo tratamento sob o crivo de uma
personalidade única em sua franqueza e seu desprendimento. "Da
ociosidade", "De como filosofar é aprender a morrer", "Da
educação das crianças", "Da amizade", "Dos canibais",
"Dos livros", os capítulos se sucedem, variando em dimensão, sem
ligação aparente, numa "linguagem simples e pura, e suculenta, e nervosa,
breve e concisa", nas palavras do próprio Montaigne.
>>> Estados Unidos: Descoberto
um conto de terror inédito de H.G Wells
O texto se
publica na revista literária Strand; "The Haunted
Ceiling", escrito pelo autor de clássicos da ficção científica como
Guerra dos mundos, O Homem Invisível e A Ilha do
Dr. Moreau, foi encontrado nos arquivos da Universidade de Illinois, nos
Estados Unidos. A descoberta do texto foi uma surpresa até para alguns
estudiosos do autor. Este ano, a editora Suma de Letras Brasil publicou
junho uma nova edição de Guerra dos mundos, com as ilustrações que
o desenhista e pintor brasileiro Henrique Alvim Corrêa produziu para a edição
belga de 1906 do livro.
>>> Portugal: Uma edição
especial e limitada do romance mais conhecido de José Saramago: Memorial
do convento.
O livro sai
pela Guerra e Paz (em Portugal) e é um sonho do escritor. "Ter o João Abel
Manta e o Carlos Reis conosco é um presente do céu quando o havia. Só de pensar
que vou ter um livro meu ilustrado pelo João Abel faz com que o pulso se me
acelere", disse certa vez José Saramago numa
carta ao editor José da Cruz Santos. A edição especial da obra inclui prefácio
do professor Carlos Reis e 20 ilustrações inéditas do pintor João Abel Manta e
18 extratextos a cores e 2 dípticos desdobráveis a cores com ilustrações.
Quinta-feira,
01/12
>>> Brasil: Edição reúne
a correspondência entre os escritores Casais Monteiro e Ribeiro Couto
Organizado
por Rui Moreira Leite Correspondência Casais Monteiro e Ribeiro
Couto marca o início de uma nova fase nas relações entre escritores
portugueses e brasileiros. As cartas acompanham a introdução dos autores
brasileiros em Portugal e a publicação dos ensaios de Casais Monteiro sobre a
poesia de Ribeiro Couto, Manuel Bandeira e Jorge de Lima. A obra mostra ainda,
por exemplo, a cumplicidade deles em momentos difíceis, como quando Casais foi
preso, a sua indicação por Ribeiro Couto para escrever em jornais brasileiros,
o desentendimento entre os amigos em meados dos anos 1940 e a posterior
reaproximação. A obra sai pela Editora Unesp.
>>> Canadá: Foi
descoberto, um dos primeiros audiolivros do mundo
A notícia
foi divulgada no Los Angeles Times Trata-se da gravação de uma versão em áudio
do romance Tufão, de Joseph Conrad e data de 1935. Até agora é o
primeiro registro de livro neste formato no mundo, embora se saiba de gravações
da Bíblia e de um romance de Agatha Christie na mesma época. A edição foi
concebida para leitores cegos numa ocasião em que não se pensava na
possibilidade de comercializar livros do tipo para motoristas. Antes dessa
data, as gravações de áudio de obras literárias foram limitadas principalmente
a textos curtos como poesia. Os quatro LPs do livro foram descobertas por um
colecionador canadense que contactou um professor na Queen Mary University of
London, Matthew Rubery. A publicação foi do Reino Unido Real, do Instituto Nacional de Cegos começou a fazer seus
"Talking Books" naquele ano como um serviço para os cegos veteranos
da Primeira Guerra Mundial. A instituição então produziu livros em braille, uma
revista braille datada de 1871 e publicada até hoje, e criou um código braille
árabe e um dicionário de contrações em braille nas décadas seguintes.
Sexta-feira,
02/12
>>> Brasil: A Estação
Liberdade irá editar Correspondência 1945-1970 (ainda sem data de
lançamento), volume que reúne as cartas trocadas entre Yasunari Kawabata e
Yukio Mishima
O material a
ser publicado é de desde quando o jovem Mishima se apresenta com reverência ao
"mestre" Kawabata até o aprofundamento da amizade e das reflexões que
os dois compartilhavam sobre seus trabalhos, suas vidas pessoais e as mudanças
ocorrendo no Japão e no mundo. Anunciou a Editora Estação Liberdade, a
responsável pela edição. A correspondência entre os dois, além de seguir o
desenvolvimento de suas carreiras,permite sentir os ecos do pano de fundo
histórico: os bombardeios americanos em Tóquio, o trauma de Hiroshima e
Nagasaki e uma insatisfação latente com a modernidade e a ocidentalização da
cultura japonesa.
>>> Japão: O escritor
japonês Haruki Murakami publicará seu próximo romance no Japão em fevereiro de
2017 - anunciou sua editora, que não revelou nem o nome e nem o roteiro
Será o
primeiro romance do escritor depois de publicar O incolor Tsukuru Tazaki
e seus anos de peregrinação; o novo romance, o de número 14, sai em abril
de 2013. Será pulicado em dois volumes:
o manuscrito conta com 2 mil páginas. Ano passado o eterno Prêmio Nobel para os
seus leitores publicou Homens e mulheres (tradução livre) que
inclui seis contos - um deles inédito. No Brasil, recentemente a Alfaguara
Brasil publicou duas novelas de 1978, do então jovem escritor, "Ouça a
canção do vento" e "Pimball1973".
>>> Brasil: Edição reúne
fotografias de escritores realizadas por Daniel Mordzinski
A lente
subjetiva de Daniel faz dos autores os personagens de uma grande literatura,
uma literatura humana, visual e plástica. Criativa, diversa, bizarra, devassa,
comportada, séria, debochada, colorida ou não, fechada, panorâmica, solitária,
coletiva, escondida, explícita, e também o contrário disso tudo, pois são esses
os sentidos que ganham forma nesta literatura universal fotográfica de Daniel.
A publicação reúne, pela primeira vez no Brasil, retratos de escritores ao
redor do mundo e representa, antes de tudo, uma homenagem e celebração de um
amante inveterado da literatura, que dedicou grande parte de sua vida
fotografando escritores e escritoras, alguns vivos e outros, agora, somente
vivos em sua obra: jovens e não tão jovens, consagrados ou por descobrir,
autores do mundo todo reunidos nesta galeria narrativa fantástica. Entre os
brasileiros aí fotografados nomes como os de Jorge Amado, Luiz Vilela, Marcia
Tiburi, Eric Nepomuceno, João Anzanello Carrascoza, entre outros. Em 2015 editamos uma matéria sobre o trabalho de Mordzinski.
>>> Brasil: Para 2017, a
Editora Âyiné deve publicar Max Havelaar, de Multatuli, o principal
romance da história da Holanda
A obra ainda
inédita no Brasil foi apresentada pelo seu tradutor, Daniel Dago, no blog da
editora. De 1860, o romance ainda hoje é posto em 1º lugar no cânone da
Sociedade de Literatura Holandesa e seu autor é o mais importante do país. Dago
cita que “Freud colocou a obra completa de Multatuli no topo de seus
"livros amigos". D.H. Lawrence o elogiou rasgadamente num prefácio da
edição inglesa de “Havelaar”. Van Gogh citou o autor em cartas. Mahler falou
euforicamente sobre o romance durante jantares. Lênin o citou em diários. Arnon
Grunberg diz que é seu clássico holandês favorito”. O livro a ser publicado em 2017 coincide com
os 130 anos da morte do escritor.
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