As melhores leituras de 2016 na opinião dos leitores do Letras
- Nem todas as baleias voam, de Afonso
Cruz. Os sentimentos que desperta ao longo da leitura, a genialidade com que
constrói e descreve as histórias das personagens e a ligação com a filosofia,
levando-nos a colocar questões sobre o que nos rodeia e o que faz sentido. (Alexandrina
Ribeiro, Guimarães – PT)
- O filho de mil homens, de Valter Hugo
Mãe. Poético e comovente. Um pouco sobre todos nós. (Elaine Moura, São Paulo –
SP)
- Explicação dos pássaros, António Lobo
Antunes. Além de ter comprado em uma Bienal do Livro por um bom preço, ele é
escrito de uma forma que imita o próprio pensamento. Por isso, é um pouco
complexo, mas verídico e coerente com o funcionamento da nossa psique. (Natália
Bento, Brasília – DF)
- Os três
primeiros livros da série napolitana, da Elena Ferrante (A amiga genial, História do novo sobrenome e História
de quem foge e de quem fica). Eu considero-os um mesmo livro, não consigo
pensar em cada um individualmente. São sensacionais. (Eudóxia Felisbina Malvez,
Goa – Índia)
- A vida está em outro lugar, de Milan
Kundera. mudou, e muito, a minha percepção sobre a poética. Um grande livro
sobre o patético, aliás, essa é a essência da prosa do Milan, o sentimento de
ridículo que surge das nossas convicções mais profundas. Estou me levando bem
menos à sério desde então. (Rodrigo Dionizio, Itapira – SP)
- Os sofrimentos do Jovem Werther, de Johann
Wolfgang von Goethe. Não tenho dúvidas de que este tenha sido o melhor livro
que li no ano. Atemporal, riquíssimo em poesias e com pontinhas de suspense
quando vai chegando perto do fim (Emerson Almeida, Fortaleza – CE)
- As veias abertas da América Latina, de
Eduardo Galeano. O livro me capturou pois nele há uma carga imensa de memória
emocional sobre a colonização. (Silvia Lima, São Paulo – SP)
- A casa de ler no escuro, de Maria
Azenha. Um livro intenso do princípio ao fim. Uma poética interventiva e que
não nos deixa indiferente e nos questiona. (Eduardo Júlio, Lisboa – PT)
- Deus-Dará, de Alexandra Lucas Coelho. Um
pungente romance ambientado no Rio de Janeiro que consegue mesclar os
resquícios colonialistas com a gíria contemporânea conferindo um encantador
painel. (Carlos R. Gutierrez, São Paulo – SP)
- Razão e sensibilidade, de Jane
Austen: Simplesmente lindo! A busca do equilíbrio entre a "razão" (=lógica)
e a "sensibilidade" (=amor) de forma adorável! Recomendo! (Luciene
Azevedo, Teresópilis – RJ)
- Hereges, de Leonardo Padura. Em tempos
de opiniões fundamentadas nas redes sociais, ler essa história de Padura é
poder conhecer com maior profundidade as condições de vida em Cuba antes e
depois da Revolução, especialmente na comunidade judaica, uma vez que
judeus migravam para Havana desde a época da Inquisição na Península Ibérica.
Mais tarde, enquanto um grupo permaneceu em Cuba, outro migrou para Miami nos
anos 1960. Retrospectivamente Padura relata ainda o papel de judeus originários
de Portugal e Espanha na formação da rica Amsterdã, onde a tolerância religiosa
era conhecida. Aqui e agora, Cuba é um tema tanto atual quanto desconhecido e
cheio de tabus, o que cada vez mais transparece nas contradições e do mundo
virtual. Ler continua a ser a melhor via de informação qualificada. (Beth Luna)
- Enclausurado, de Ian McEwan. O último
romance de Ian McEwan é de dar inveja a qualquer autor, tanto pela
originalidade do tema quanto pela forma magistral como ele conduz a trama até o
final. A narrativa é toda feita em primeira pessoa através de seu improvável
protagonista, um feto no nono mês de gestação. Obviamente a situação de um
narrador não nascido é completamente inverossímil e, ao mesmo tempo,
maravilhosa. É justamente a deixa que um grande autor precisa para explorar com
oportunismo a intimidade do comportamento humano em tudo que ele tem de melhor
e pior. (Alexandre Kovacs, Rio de Janeiro – RJ)
- Montevideanos, de Mário Benedetti. As
miudezas, a mediocridade, a pobreza de espírito da classe média de Montevidéu
em meados do século vinte contadas de forma magistral pelo escritor uruguaio. (Guilherme
Paoliello, Ouro Preto – MG)
- A montanha mágica, de Thomas Mann. Aí pude ver claramente os experimentos
com o tempo explorados ao limite e pude entender melhor o choque ideológico da
Europa moderna e pós-moderna, bem como a sensação de absurdo e de finitude
explorada pelos existencialistas. Mann foi minha grande descoberta literária do
ano, e olha que 2016 foi próspero nesse sentido. (Rafael Kafka, Belém – PA)
- Não é meia-noite quem quer, de António
Lobo Antunes. O livro reforça o trabalho poético desenvolvido pelo escritor que
é sem dúvida um dos raros e brilhantes da língua portuguesa. Se o Nobel tivesse
bom senso não teria desperdiçado o prêmio com um sujeito que escreve letrinhas
de música. (Gilberto Tavares, Rio Branco – AC)
- Casa de bonecas, de de Henrik Ibsen. Um
livro que na época já considerava a mulher como um ser humano em construção,
não como uma delicada peça. É pioneiro na descoberta da identidade e no que diz
respeito ao florescer e reconhecer dos sentimentos. O final da peça é
libertador e o seu desenvolvimento conta com inúmeros pensamentos que
desprendem o pensamento, tanto do leitor quanto da personagem principal, da
mecanicidade. (Mariana M. Cavallini)
- Poesia reunida, de Adélia Prado. A mística,
o cotidiano revisitado, a mineiridade. Livro de cabeceira, para ler, reler,
refletir, suspirar. (Monica Sofia, Maputo – Moçambique)
- Os meninos da rua Paulo, de Feren Mólnar. Acho que a descoberta de alguns autores talvez seja mais interessante do que propriamente um título apenas desse autor, pois há deles que sua imersão num mundo social e político de seu tempo nos traz uma amplitude da pessoa que compõe, tem vezes, muito maior que os títulos de sua obra. Fiquei satisfeito em descobrir a literatura de Máximo Gorki, em particular seus contos, num livro intitulado Vagabundo Original, tema de um dos contos, e citar à parte, outro conto desse livro, que o achei uma pérola de escrita, "O Jardineiro". Outro autor que embora o conhecesse por estar entre os clássicos brasileiros, mas que não me ativera antes, e por sinal um erro, foi descobrir Lima Barreto, principalmente a partir das suas crônicas. Mas um livro em especial que me foi muito gratificante de ler e então o recomendo é Os meninos da rua Paulo (Mario Tadeu Saroka, São Paulo – SP).
- Os meninos da rua Paulo, de Feren Mólnar. Acho que a descoberta de alguns autores talvez seja mais interessante do que propriamente um título apenas desse autor, pois há deles que sua imersão num mundo social e político de seu tempo nos traz uma amplitude da pessoa que compõe, tem vezes, muito maior que os títulos de sua obra. Fiquei satisfeito em descobrir a literatura de Máximo Gorki, em particular seus contos, num livro intitulado Vagabundo Original, tema de um dos contos, e citar à parte, outro conto desse livro, que o achei uma pérola de escrita, "O Jardineiro". Outro autor que embora o conhecesse por estar entre os clássicos brasileiros, mas que não me ativera antes, e por sinal um erro, foi descobrir Lima Barreto, principalmente a partir das suas crônicas. Mas um livro em especial que me foi muito gratificante de ler e então o recomendo é Os meninos da rua Paulo (Mario Tadeu Saroka, São Paulo – SP).
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