Boletim Letras 360º #193
Falta uma
semana para os 10 anos do Letras e 10 dias para finalizarmos as inscrições para
o sorteio que dará, além de outros livros, a edição Obra completa,
de Raduan Nassar, exclusividade da Companhia das Letras no
aniversário de 30 anos da editora e as edições publicadas em 2016 da obra do
português Valter
Hugo Mãe editadas pela Globo Livros / Biblioteca Azul. Agora, para trazer uma nota de boa-nova, não esqueceremos de lembrar o leitor de participar de nossa promoção de 10 anos do Letras. Saiba mais aqui.
"Autorretrato com chapéu de palha". Arlés (1888) desenho atribuído a Van Gogh. Livro com supostos trabalhos inéditos do pintor holandês abre um debate entre estudiosos da sua obra. Mais detalhes ao longo deste Boletim. |
Segunda-feira,
14/11
>>> Brasil: Dois títulos
abrem a Coleção ¡Nosotros! da Editora Mundaréu
Há alguns
meses noticiamos que uma série de diversos livros da literatura de língua
espanhola ganharia edição no Brasil pela Mundaréu. Chegou a vez. Entre os
primeiros da coleção está Montevideanos, edição que reúne dezenove
contos cujo espaço dominante é a cidade de Montevidéu. Ao apontar a lupa para
os uruguaios em sua vida ordinária, Mario Benedetti pinça temores,
mágoas, júbilos, revezes e desejos ocultos sobre nós todos. As enormes
miudezas da burocracia, a incerta rotina de anos de casamento, relações mesquinhas,
o craque de várzea, palhaços tristes, a solidão do exílio, novos velhos
conflitos de classe, milagres tardios, o passado que aprisiona, paixões
infundadas. Montevideanos é ainda um painel com recortes de cotidianos da vida
da classe média uruguaia de meados do século XX. O segundo título é O
Senhor Presidente, de Miguel Angel Asturias, apresentado como um
desnudamento de um autoritarismo cruel que perpassa níveis e hábitos sociais, e
que assumiu diversas faces na América Latina em diferentes momentos.
>>> Brasil: Enfim a
reedição de Aniki Bobó, de João Cabral de Melo Neto
Anunciada
por aqui ainda em 2015 com expectativas de que sairia no mês de abril deste
ano, a edição ganha forma e chega às livrarias no final de novembro.
Aniki Bobó foi lançado em 1958, com apenas 30 exemplares, pela
editora artesanal O Gráfico Amador, e nunca mais foi reproduzido ou coligido em
coletâneas do escritor pernambucano. A obra de apenas 12 páginas trazia um
poema de João Cabral e ilustrações do designer gráfico Aloisio Magalhães
(1927-1982), um dos fundadores do Gráfico Amador. A edição é da Verso Brasil Editora.
Terça-feira,
15/11
>>> Israel: Uma grande expedição arqueológica para encontrar mais exemplares dos
chamados Manuscritos do Mar Morto
Uma equipe
de pesquisadores do Governo vai passar os próximos três anos no exame de
centenas de grutas no deserto da Judeia, perto do Mar Morto, região árida onde
os manuscritos bíblicos mais antigos do mundo foram preservados durante
milhares de anos, até serem descobertos em 1947. Os Manuscritos do Mar Morto,
alguns deles já disponibilizados online, são considerados a
joia da coroa das antiguidades israelitas. A expedição, que deverá começar em
dezembro, será o primeiro levantamento arqueológico em grande escala feito desde
1993 para encontrar mais exemplares dos Manuscritos ou Pergaminhos do Mar
Morto, escondidos na área da Cisjordânia.
Van Gogh (?). "Campos de oliveiras com quatro trabalhadores". Saint-Rémy-De-Provence (1889) |
Quarta-feira,
16/11
>>> França: Um caderno
de desenhos inéditos do pintor Vincent Van Gogh será apresentado em Paris na terça-feira,
dois dias antes de sua publicação simultânea na França e em vários países,
incluindo Estados Unidos e Japão. Mas autenticidade é questionada pelo Museu
dedicado ao artista
Praticamente
nada foi informado sobre o conteúdo deste livro, além do título, Vincent
Van Gogh, o nevoeiro de Arles, o caderno encontrado, e da capa: um
retrato com chapéu de palha, até então desconhecido (imagem: detalhe). O livro
de 288 páginas que, segundo a editora Le Seuil, contém "um número
significativo de desenhos, mais de uma dúzia", é assinado por uma das
maiores especialistas na obra do pintor holandês, a canadense Bogomila
Welsh-Ovcharov, uma das curadoras da exposição "Van Gogh em Paris",
em 1988, no Museu d'Orsay. Mas o que pode ser uma forte aposta editorial junto
dos amantes da obra de Van Gogh redundou, afinal, em polêmica: o Museu Van
Gogh, em Amsterdã questiona a autenticidade dos desenhos. “Com base em anos de
investigação sobre os desenhos de Van Gogh [1853-1890] na coleção do museu e
noutros lugares, os pesquisadores concluíram que estes desenhos são cópias”,
disse, em comunicado, o museu holandês. A existência dos inéditos foi revelada
no passado mês de Junho. A editora sustenta que os desenhos foram feitos a
tinta num livro de contabilidade de um hotel em Arles, onde o pintor esteve
hospedado nesta cidade da Provença, entre 1888 e 1890. Mas o Museu Van Gogh
afirma que o pintor nunca utilizou este tipo de tinta, justificando esta
posição a partir da análise do milhar de desenhos que o artista realizou ao
longo da sua vida. Também a proveniência do caderno suscita dúvidas ao museu.
>>> Espanha: O soldado
Miguel de Cervantes
A polêmica
volta ao lugar de sempre; entre os cervantistas, há muito que se discute da
participação ou não do escritor numa infantaria da marinha espanhola. Parte da
polêmica começou a se reacender quando da possível descoberta dos restos
mortais de Cervantes. E agora, o historiador Hugo O’Donnell volta a fazer coro:
“Cervantes era um infante da Marinha”. Embora não existisse ainda as divisões
das forças armadas, os homens nesse tempo recebiam treinamentos distintos para
universos diversos da luta. Além disso, o pesquisador retoma a 1717, ano em que
foi idealizado o papel para os Batalhões da Marinha, e discute que a criação
deriva de outra muito antes, de 1537, quando o rei Carlos I ordenou a criação
de grupos para combater em caravelas espanholas. Nesse sentido mostra-se
convencido de que Tercios como Lope de Figueroa (agrupamento onde teria lutado
o escritor) tiveram um papel fundamental na chamada Batalha de Lepanto.
Quinta-feira,17/11
>>> Itália: Giacomo
Durzi prepara documentário sobre Elena Ferrante
Chama-se
Ferrante Fever e tem no elenco figuras como Roberto Saviano, Jonathan Franzen e
Elizabeth Strout. O filme é “uma tentativa de estimular reflexões sobre os
motivos específicos do sucesso de Ferrante, sem ser seduzido pela provocação de
fazer um documentário ‘bisbilhoteiro’ sobre a sua identidade desconhecida” –
assim descreve a produtora Match Factory. Ferrante, como faz parte do seu
pequeno mito, assina sob este pseudônimo e a sua tetralogia de Nápoles, inciada
com A amiga genial (Biblioteca Azul), não para
de acumular leitores. Ferrante tem “um público adulto, mas é um tipo de
fenômeno simular ao que vemos na literatura juvenil”, atesta o distribuidor de
Ferrante Fever, Giovanni Cova, na revista Variety. A notícia sobre o
documentário sai pouco depois de um texto publicado na New York Review of Books
ter atribuído à tradutora italiana Anita Raja as obras da escritora.
>>> Brasil: O
conto da ilha desconhecida, de José Saramago em
versão exclusiva em e-book
Há algum
tempo a Companhia
das Letras, responsável pela obra do escritor português no Brasil havia
realizado um concurso para ilustradores interessados em criar imagens a partir
deste preciso texto. O digital chegou ilustrado por Juergen Cannes. A narrativa
é a história um homem vai ao rei e lhe pede um barco para viajar até uma ilha
desconhecida. O rei lhe pergunta como pode saber que essa ilha existe, já que é
desconhecida. O homem argumenta que assim são todas as ilhas até que alguém
desembarque nelas. Este pequeno conto de José Saramago pode ser lido como uma parábola do sonho
realizado, isto é, como um canto de otimismo em que a vontade ou a obstinação
fazem a fantasia ancorar em porto seguro: "é necessário sair da ilha para
ver a ilha, que não nos vemos se não saímos de nós".
Sexta-feira,
18/11
>>> Brasil: Publicação
reúne poemas de Vinicius de Moraes com ilustrações de Filipe Jardim
Pelas
luz dos olhos teus é uma antologia que sai pela Companhia das Letras.
São 22 poemas que recorrem a temas que datam desde seu livro de estreia, O caminho para a distância: o encantamento amoroso.
>>> Brasil: Inéditos de
Ariano Suassuna começam a ser publicados em maio de 2017
Sabia-se que
o autor paraibano não havia tido tempo de terminar o romance que escrevia desde
os anos 1980. Mas o livro está pronto e sai em maio de 2017. Romance de
Dom Pantero no Palco dos Pecadores é composto por dois volumes, "O
Jumento Sedutor" e "O Palhaço Tetrafônico". Ao mesmo tempo, será
publicada uma nova edição de A Pedra do Reino. Os
lançamentos marcam a aquisição pela Editora Nova Fronteira da
obra de Suassuna, que deixa assim a José Olympio, casa para a qual chegou a
enviar um original do livro. A surpresa é que, além de Dom Pantero,
Suassuna deixou mais um romance inédito: O Sedutor do Sertão,
escrito em 1966, que se passa durante a Revolta da Princesa, ocorrida na
Paraíba em 1936. O protagonista é Malaquias, irmão de Quaderna, o personagem
principal de A Pedra do Reino. Além deste, sairá também As
Infâncias de Quaderna, publicado em folhetins dominicais no Diário
de Pernambuco nos anos 1970. De teatro inédito, desponta O Auto de
João da Cruz – além de peças que foram montadas, mas nunca saíram em
livro, ou que foram reescritas.
>>> Alemanha: A casa onde viveu Thomas Mann nos Estados Unidos durante os anos de
exílio será um museu
A casa
estava à venda por 13,3 milhões de dólares e o destino mais certo era de que
fosse derrubada para dar lugar a um edifício. Mas, o Parlamento alemão interviu
e decidiu pela compra do imóvel que deverá agora servir de um museu fora do
país natal do escritor. Thomas Mann viveu nesta casa, no oeste de Los Angeles,
em Pacific Palisades, uma década a partir de 1942; aí escreveu Doutor Fausto,
considerado sua última grande obra depois de Os Buddenbrock, A montanha
mágica e José e seus irmãos, uma tetralogia publicada entre 1933 e 1943
concluída no seu exílio californiano.
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