Boletim Letras 360º #192
Lima Barreto, o homenageado da Festa Literária Internacional de Paraty 2017. Mais detalhes ao longo deste Boletim. |
A semana que finda deixou-nos marcas sensíveis: a morte de Leonard Cohen, um dos expoentes da música e um dos raros a renovar a estreita relação poesia e música, é o motivo. Nesses casos, o que sempre nos conforta é, sabedores de que homens como ele deixa-nos uma obra, esta permanece à responsabilidade dessas e das próximas gerações. Agora, para trazer uma nota de boa-nova, não esqueceremos de lembrar o leitor de participar de nossa promoção de 10 anos do Letras. Saiba mais aqui.
Segunda-feira,
07/11
>>> Brasil: A poesia de
Gilka Machado reeditada
Gilka
Machado chegou a ser acusada de transformar as mulheres da sociedade em
impuras. Uma das pioneiras da poesia erótica no Brasil e feminista que
participou da campanha pelo voto feminino no Brasil, voltará às livrarias do
país depois de mais de 20 anos fora de catálogo. Uma edição crítica preparada
por Jamyle Hassan Rkain chega pelo selo Demônio Negro.
Terça-feira,
08/11
>>> Portugal: Uma edição
de luxo para um dos poemas mais conhecidos de Álvaro de Campos, um dos
heterônimos de Fernando Pessoa
“Tabacaria”,
o poema é editado num livro e álbum com 25 fotografias inéditas da Baixa de
Lisboa; dois volumes “presos numa meia caixa de choupo”. Trata-se de uma
caixa-livro. A proeza de editar assim o poema de 1928, publicado na revista
Presença, em julho de 1933 é da Guerra e Paz Editores e o trabalho de uma
empresa portuguesa, de Proença-a-Nova, a Ambienti d’Interni, a mesma das
inovadoras caixas com as medalhas, que premiaram os atletas nos Jogos Olímpicos
do Rio de Janeiro.” A editora é a mesma que foi responsável por outras edições
inovadores da obra de Fernando Pessoa, como a antologia “Minha mulher,
solidão”, com textos diversos de heterônimos do poeta português sobre a figura
feminina na sua poesia, ou “As flores do mal”, edição de igual envergadura que
trazia textos cujo tema estava nos vícios.
>>> Brasil: Antologia
reúne suprassumo da poesia. E revela a face escondida de alguns escritores que
nem todos sabem também praticou o gênero
Piotr
Kilanowski traduziu para a antologia Lira Argenta. Tradução como
criação três dos mais importantes poetas do século XX, os poloneses
Zbigniew Herbert, Czeslaw Milosz e Wislawa Szymborska. Milosz recebeu o prêmio Nobel
de Literatura em 1980 e Szymborska, em 1996. O livro é lançado pelo Selo
Demônio Negro, reúne além destes poetas, a poesia de Rabelais, Maiakovski, Paul
Valéry, William Faulkner, Mina Loy, Yehuda Amichai, Alda Merini, entre outros.
Quarta-feira,
09/11
>>> Estados Unidos: A vida de
J.R.R. Tolkien, autor dos livros O Hobbit e a trilogia O
senhor dos anéis vai virar filme
Middle
Earth (Terra Média) é o título inicial e contará com dois dos produtores
das adaptações de O senhor dos anéis. James Strong é o diretor do
filme que relatará as experiências que levaram o autor as duas obras aqui
citadas. O roteiro é de Angus Fletcher, quem há seis pesquisa sobre a vida do
escritor, buscando documentos, entrevistas, depoimentos, lendo as obras de
Tolkien. Middle Earth planeja ser uma história épica sobre a vida
do autor e seu amor por Edith Bratt. O casal viveu em Oxford rodeado de seus
amigos, mas quando estourou a guerra em 1914, Tolkien se alistou e passou
quatro anos no front. Suas experiências nesse evento o inspirou às histórias da
Terra Média. Está previsto que o filme tenha estreia no próximo Festival de
cinema de Berlim. Não é a primeira vez que a vida do autor é planejada para o
cinema. Em 2013 um projeto por título Tolkien e que estava centrado
na formação e na experiência do escritor com guerra não chegou a vingar.
>>> Brasil: Depois de
Maura Lopes Cançado, Mário Palmério e Torquato Neto
Trata-se do
trabalho de recuperação da obra de autores esquecidos da Autêntica Editora. Em
breve voltarão às livrarias, Vila dos Confins considerado o melhor
romance de Mário Palmério, dada a linguagem peculiar que expressa com humor uma
esperteza e enorme sabedoria e Chapadão do Bugre. Os volumes
receberão tratamento especial, com capa dura, sobrecapa e estudos críticos. Em
2017, outros nomes virão, como Torquato Neto e Victor Giudice.
Quinta-feira,
10/11
>>> Uma
pesquisadora estadunidense afirma que encontrou a identidade do árabe
assassinado em O estrangeiro, de Albert Camus
A cena já
clássica integra o imaginário literário: Mersault e um amigo envolvem-se numa
luta de facas com um árabe numa praia na Argélia, à qual o anti-herói de Camus
regressa para, meio delirante pelo efeito do calor e da intensa luz solar,
assassinar a tiro o árabe com quem antes se confrontara. Até hoje, a vítima de
Mersault não tinha nome, era apenas “o árabe”, mas Alie Kaplan, professora de
Literatura Francesa de Yale, acredita ter descoberto o rastro do homem que terá
inspirado a personagem de Camus: chamava-se Kaddour Touil e o seu trajeto
biográfico coincide em alguns aspectos com o do escritor: também ele ficou
dispensado do serviço militar por doença e, tal como Camus, “o árabe” teve de
deixar a Argélia para receber tratamento contra a tuberculose em clínicas francesas.
A história está contada no livro Looking for The Stranger: Albert Camus and
the Life of a Literary Classic, lançado este ano na Chicago University Press,
e já traduzido em França. No seu projeto de escrever uma obra sobre O
estrangeiro, uma das ambições de Kaplan, especialista em autores como Camus,
Proust ou Céline, era conseguir identificar o “árabe”, cuja função no romance
tem sido alvo das mais diversas teses e especulações. A pista que permitiu à
pesquisadora descobrir um rastro tão apagado estava numa velha edição do jornal
diário Alger-Républicain, onde Camus então colaborava. No número de 31 de
julho de 1939 – poucos meses antes de o jornal, assumidamente de esquerda, ser
suspenso pelas autoridades –, uma pequena notícia dava conta de uma briga na
praia de Bouisseville entre dois irmãos franceses de origem judaica e um árabe.
Uma rixa demasiado parecida com a que Camus descreve no romance. Desde então,
ela não largou a pista e acabou por descobrir um irmão e uma irmã do árabe
citado na notícia que vivem ainda em Aïn El Turk, uma cidade costeira próxima
de Orã. Os seus testemunhos ajudaram-na a reconstituir o trajeto do “árabe” de
Camus. A personagem chegou a ser revisitada pelo romancista argelino Kamel
Daoud, no premiado O caso Mersault, publicado no Brasil pela Biblioteca Azul.
>>> Brasil: Mircea
Eliade, o contador de histórias. Sai obra literária do pensador romeno
A tradução é
de Fernando Klabina. E a obra que sai pela Editora 34, Uma outra
juventude e Dayan. Às vésperas da Segunda Guerra Mundial, um professor
que dedicou sua vida à elaboração de uma obra infinita, a qual pretende
elucidar a origem de todas as línguas e de todas as formas do conhecimento, é
atingido por um raio enquanto espera para atravessar a rua. Este acontecimento
plausível, porém insólito, está no início de Uma outra juventude, a primeira
das duas narrativas reunidas neste livro. Nela, bem como em Dayan,
que completa o volume, Mircea Eliade combina noções da física contemporânea
(como a reversibilidade temporal, a existência de universos paralelos, o acesso
a diferentes níveis de realidade) com mitos e lendas de antigas civilizações, a
exploração de estados alterados da consciência e todos os ingredientes de uma
trama de espionagem. Foi exatamente essa mescla incomum de romance noir, ficção
científica e especulação filosófica que levou o cineasta Francis Ford Coppola a
adaptar para as telas a obra de Eliade - que, na companhia de Emil Cioran e
Eugen Ionescu, forma o trio intelectual romeno mais conhecido do século XX - no
longa-metragem Youth Without Youth (2007), fazendo de Uma
outra juventude uma arrojada meditação sobre o tempo e a consciência na
pós-modernidade. Em 2011,outro título de Mircea Eliade foi publicado no Brasil: Senhorita Christina; com tradução de Fernando Klabin e ilustrações
de Santiago Caruso pela Tordesilhas.
Sexta-feira,
11/11
>>> Brasil: Anunciada a
programação para o Festival Literário de Natal que em 2016 acontece entre os
dias 14 e 17 de dezembro
Participam
desta edição Beatriz Bracher, Zuenir Ventura, Ignácio Loyola Brandão e
Luis Fernando Verissimo. A fusão entre literatura e música, elemento principal
que desde sempre marca o festival também se repetirá dessa vez; o festival
recebe Moraes Moreira, Zeca Baleiro e Virginia Rodrigues – eles apresentarão
livros de suas autorias e falarão sobre a influência da literatura nas suas
obras.
>>> Brasil: Como se
esperava, a próxima edição da Festa Literária de Paraty, que acontece em meados
de 2017, já tem definido seu homenageado: Lima Barreto
No ano ano
anterior a atual curadora do evento, Josélia Aguiar, mobilizou diversas personalidades
do universo das Letras e da Literatura a fazer com que o autor de O
triste fim de Policarpo Quaresma fosse o homenageado do evento. O que não
chegou a acontecer: Ana Cristina Cesar foi a escolhida então. O nome do
escritor como homenageado deve ampliar o debate sobre as chamadas literaturas
periféricas - o que é de extrema valia para uma reanimação das fronteiras desse
universo.
>>> Brasil: Julián Fuks levou o Prêmio
Jabuti na categoria Romance pelo livro A Resistência
A Câmara
Brasileira do Livro (CBL) divulgou nesta sexta-feira (11) os vencedores do 58º
Prêmio Jabuti, o maior prêmio de literatura no Brasil. O romance premiado
retrata a história de uma família na Argentina a partir do golpe de 1976. Na
categoria Poesia, o vencedor foi o músico e poeta Arnaldo Antunes com
Agora Aqui Ninguém Precisa de Si, uma coletânea de poemas inéditos.
Mais detalhes no site.
.........................
Comentários