Boletim Letras 360º #186
Amigos que acompanham o blog, estas foram as principais notícias referentes ao nosso universo de alcance e interesse de mais uma semana nas redes sociais.
Novas peças sobre o projeto literário de António Lobo Antunes. Mais informações ao longo deste Boletim. |
Segunda-feira,
26/09
>>> Estados Unidos: Pagou-se 20
vezes a mais que o esperado pelas cinzas de Truman Capote
Esperava-se
pelo menos de mil e duzentos dólares (cf. dissemos na post aqui sobre este
leilão), mas um comprador pagou algo perto de trinta e dois mil dólares pelos
restos mortais do escritor de A sangue frio. As cinzas estão guardadas desde
28 de agosto de 1984 – três dias depois da morte de Capote. Pertenciam a Joanne
Carson, amiga íntima do escritor e ex-companheira do popular apresentador de
TV Johnny Carson. A caixa de madeira foi levada a leilão como parte de um lote
intitulado “Ícones de Hollywood” marcado a cada ano pela Julien’s – também se
incluiu outros objetos relacionados a Capote como fotografias, livros, roupas e
frascos de comprimidos. “Muita gente acreditará que isso é desrespeitoso”,
disse Julien à revista Vanity Fair; “Mas é um feito: Truman amava o elemento
surpresa. Encantava-se pela publicidade. E estou seguro que está nos olhando lá
de baixo, rindo e dizendo, ‘Isso é algo que eu haveria feito’”, completou.
Terça-feira,
27/09
>>> Brasil: Primeiras
edições de obras de Euclides da Cunha, Guimarães Rosa, Graciliano Ramos e
outros vão a leilão
Promovido
pela Dutra Leilões, o preço inicial de diversas peças será de R$1500. Chama
atenção a quantidade de raridades oferecidas; a maior delas talvez seja a
edição de 1902 de Os sertões publicada em tiragem limitada de mil exemplares
e financiada pelo próprio escritor – a edição ora leiloada tem revisões do
próprio Euclides da Cunha com riscas de canivete. Além de Os sertões está um exemplar da primeira edição de Grande sertão: veredas, publicada em
1956, e outro de Vidas secas, de 1938. Esta última tem autógrafo e
dedicatória do escritor: “Para seu Américo, com um abraço. Graciliano. Rio,
1938”. O “seu Américo”, no caso, é José Américo de Almeida, também escritor,
autor de A bagaceira. O livro de Graciliano tem capa de Santa Rosa e o de
Guimarães tem capa de Poty [dois dos capistas mais importantes da história do
mercado editorial nacional]. Outras peças de artistas famosos poderão ser
compradas pelo público, como as primeiras edições autografadas de Criança meu
amor…, de Cecília Meireles (lançado em 1924), e Poesias, de Mário de
Andrade (1941). Haverá ainda pinturas de Anita Malfatti, Carlos Vergara e Di
Cavalcanti, dentre outros, e esculturas de Abraham Palatnik. (Via: Página
Cinco)
>>> Argentina: A nova edição
em língua espanhola de 2666, de Roberto Bolaño traz caderno de
notas do escritor para a composição do romance
Toda a obra
do escritor chilena passa a ser reeditada pela Alfaguara espanhola junto com o
inédito O espírito da ciência de ficção e um livro de contos (cf.
dissemos aqui noutra post). A nova edição substitui a “Nota dos herdeiros do
autor” que figurava na abertura do romance e a “Nota à primeira edição”
publicada como posfácio pelo catálogo “Apontamentos de Roberto Bolaño para a
escrita de 2666”. Trata-se da reprodução fac-similar de várias páginas de seus
cadernos em que figuram anotações, listas e desenhos relativos ao romance, além
da capa de um caderno em que se lê “2666. A Non Science Fiction Novel”. Entre
os apontamentos, se encontra esse tão emocionante que era citado na nota à
primeira edição: “para o fim de 2666: ‘E isso é tudo, amigos. Fiz tudo isso,
vivi tudo isso. Se tivesse forças,me poria a chorar. Despede-se de vocês,
Arturo Belano'”. Trata-se de um material sem dúvida interessante para o
contexto da obra. A nova edição de Os detetives selvagens também
incorpora um caderno do tipo. Em 2016, cumprem-se 12 anos da primeira edição de
2666.
Quarta-feira,
28/09
>>> Portugal: O novo
romance de António Lobo Antunes chega às livrarias portuguesas
"Às
vezes o meu corpo gela, às vezes uma pedra levanta-se. Faltam muitas, ainda.
Quando todas forem mais leves do que a água então sim, podem ler-me, escrevi o
que era preciso escrever. Há um livro, pronto há um ano, que sai em outubro,
chamado A última porta antes da noite, outro a publicar no fim do ano que
vem, quase pronto, Para aquela que está sentada no escuro à minha espera,
ficam a faltar três, que desejo que Deus me dê vida e saúde para fazer e depois
calo-me para sempre" - assim escreveu António
Lobo Antunes numa crônica para a Revista Visão; contrariando os
próprios dizeres desse texto, publica-se agora em outubro não o primeiro título
anunciado, mas o segundo descrito simplesmente como "um livro perturbador
sobre a memória – ou a perda da memória". Uma velha atriz luta com a idade
e as suas contingências, enquanto as recordações do passado invadem os seus
dias. Semelhante ao que aconteceu com a edição do romance anterior, este também
ganhará duas versões: uma comercial e outra em capa dura.
>>> Estados Unidos: A ousadia de
tocar no clássico. Obras de William Shakespeare reescritas
Trata-se de
um projeto da para a série de celebrações dos 400 anos do bardo inglês. A
Hogarth Shakespeare Series reinventa os temas principais da sua obra para nos
nossos dias de quatro títulos: Hag-Seed, em que Margaret Atwood
reescreve A tempestade; Vinegar Girl, com Anne Tyler
recriando A megera domada; The gap of time, com
Jeanette Winterson refazendo Conto do inverno; e Shylock is
my name, de Howard Jacobson em volta de O mercador de Veneza.
Quinta-feira,
29/09
>>> França: O grande
dramaturgo da Londres, Oscar Wilde, vitoriana ganha uma exposição no Petit Palais - a
primeira do gênero em Paris
Foi nessa
cidade onde o autor de O retrato de Dorian Gray morreu em 1900,
arruinado e abandonado por quase todos, três anos depois de cumprir uma pena de
trabalhos forçados por ser homossexual. A exposição está aberta até 15 de
janeiro e detalha parte a parte como e por que o escritor foi preso quando
tinha 41 anos e estava no auge de sua carreira. Quadros, documentos,
manuscritos, fotos, filmes e desenhos recriam o universo em que nasceu e viveu
Wilde, filho de um prestigiado cirurgião de Dublin e uma poeta. No Petit Palais
é recriada a exposição inaugural da Grosvenor Gallery de Londres, que em 1877
lançou o futuro autor como crítico de arte e mostra, junto as suas críticas,
quadros de Richmond, Millais ou Tissot. Exibe-se ainda pela primeira vez, 13
retratos seus realizados por Napoleon Sarony e sobre o seu trabalho de
redator-chefe da revista feminina "The Woman's World" editada ao lado
de sua companheira Constance Lloyd, com quem teve dois filhos.
Sexta-feira,
30/09
>>> Espanha: Os leitores
em língua espanhola têm uma nova edição de A colmeia, o romance principal de
Camilo José Cela
É verdade
que o escritor Prêmio Nobel de Literatura esteve ao lado censura de Franco.
Mas, o censor também foi vítima duas vezes, pelo medo de ser censurado e pelos
próprios cortes impostos à sua obra: A família de Pascual Duarte sofreu
censuras; e também A colmeia seu romance principal. Agora em 2016, ano em que
celebramos o centenáriodo escritor veio a lume uma edição que inclui um
apêndice com passagens inéditas do censurado e do autocensurado romance. Os
papéis fizeram parte de uma exposição na Biblioteca Nacional espanhola em 2014,
logo depois de descobertos e doados àquela instituição por Annie Salomon, filha
do estudioso francês Noël Salomon. A Alfaguara, editoria que Cela fundou, é a
encarregada de colocar ao alcance dos leitores – novos e antigos – essa nova
edição. No Tumblr do Letras, quando atualizamos no blog uma post sobre as tais
passagens censuradas reproduzimos alguns dos manuscritos.
>>> Brasil: A
montanha mágica, de Thomas Mann, edição da Companhia das Letras já está
em pré-venda nas livrarias brasileiras
Ansiosamente
aguardado pelos leitores brasileiros, em novembro volta às livrarias o célebre
romance A montanha mágica, a grande obra-prima de Thomas Mann. A
nova edição tem tradução de Herbert Caro e posfácio inédito de Paulo Astor
Soethe, renomado especialista na obra do autor - anuncia a página da editora
Cia. das Letras. Neste clássico da literatura alemã, Mann renova a tradição do
bildungsroman a partir da trajetória do jovem engenheiro Hans Castorp. Durante
uma inesperada estadia em um sanatório para tuberculosos nos Alpes suíços, Hans
relaciona-se com uma miríade de personagens enfermos que encarnam os conflitos
espirituais e ideológicos que antecedem a Primeira Guerra Mundial. Lidando com
uma variedade de temas — estados doentios e corpóreos, a arte, o amor, a
natureza do tempo e da morte —, este livro, publicado originalmente em 1924, é
um dos grandes testamentos literários do século XX e uma das obras inesgotáveis
da ficção ocidental.
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