Boletim Letras 360º #178

Raduan Nassar: Uma edição com a obra completa mais inéditos do autor chega às livrarias brasileiras em outubro.


Aqui reunimos todas as notícias que circularam durante mais uma semana de atividades online nas redes sociais do blog, o Facebook e o Twitter @Letrasinverso. Temos um pequeno segredo para contar a vocês: envolve livros e amigos. Quando chegarmos aos 40mil amigos no Facebook, iremos fazer uma surpresa aos nossos leitores. 

Segunda-feira, 01/08

>>> Brasil: Um retorno de Raduan Nassar? O escritor que desde 1997 não publica uma obra terá três textos inéditos editados no segundo semestre deste ano

Deve sair em outubro como parte das comemorações pelos 30 anos da Companhia das Letras. Dois dos textos são velhos desejos dos leitores de Raduan: o conto "O velho" (1960), publicado na antologia francesa "Des Nouvelles du Brésil" (1998), e o ensaio "A corrente do esforço humano" (1981), publicado na Alemanha em 1987; junto com estes, Raduan liberou para publicação o conto "Monsenhores", escrito no final dos anos 1950 e nunca editado antes. Uma edição com todos os textos de Raduan trará ainda uma lista bibliográfica da fortuna crítica sobre sua obra.

Terça-feira, 02/08

>>> Brasil: Obra emblemática do movimento modernista no Brasil, Cobra Norato, de Raul Boop ganha reedição

O poema reconta a lenda amazônica cujo mote é a história de uma índia que engravida do Cobra Grande ao se banhar entre o rio Amazonas e o Trombetas. Este é um livro essencial para o que crítica literária considera a primeira fase do modernismo brasileiro. Raul Bopp morreu 1984. Entre 1926 e 1929, junto com Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral, entre outros, fez parte do movimento antropofágico, vertente do modernismo que marcou para sempre a história da cultura nacional.

>>> Brasil: Entre os encantos de uma novidade chamada bicicleta; tradução inédita recoloca obra do italiano Edmondo de Amicis entre os leitores brasileiros

Ele foi um dos escritores italianos mais lidos no final do século XIX - sobretudo pelo título Coração e Sobre o oceano, obra na qual reflete sobre a imigração italiana para a América Latina. O livro agora publicado chama-se "A tentação da bicicleta”; trata-se um divertido e didático relato em que investiga os efeitos da popularização da bicicleta entre seus contemporâneos, nas relações amorosas, na literatura e, claro, nele mesmo e em seu inconsciente. De Amicis escreveu este texto logo depois da febre da bicicleta nos anos 1890; o título vem numa hora que poderia talvez ser considerada um retorno ao tempo, numa época em que os carros são já insuficientes para o bem-estar da comunidade humana. Parte dos exemplares trazem um pôster feito pela ilustradora da obra, Larissa Ribeiro.

Quarta-feira, 03/08

>>> Brasil: Nova tradução do russo para uma novela satírica de Fiódor Dostoiévski 

A apresentação de Uma história desagradável, integra parte da extensa programação dedicada à cultura russa que acontece entre os dias 4 e 20 de agosto na Biblioteca Mário de Andrade (leia programa aqui). A novela narra a história de um funcionário público chamado Ivan Illitch Pralinski. Depois de beber demais com dois colegas funcionários públicos, o protagonista descreve a sua vontade de abraçar uma filosofia baseada na bondade com pessoas de baixo estatuto social. A edição da Editora 34 tem tradução de Priscila Marques e ensaio de Aleksei Riémizov.

>>> Argentina: Leitores de língua espanhola ganham edição de inéditos Jorge Luis Borges em setembro

Trata-se de um delicioso livrinho sobre o tango. “Estudar o tango não é inútil; é estudar as diversas vicissitudes da alma”, escreve. São quatro conferências inéditas que Borges ditou em 1965. A história da descoberta é bem curiosa: em 2002, o escritor Bernardo Atxaga encontrou algumas gravações por acaso. Elas haviam sido feitas por imigrante espanhol que estava na Argentina. As falas foram digitalizadas em 2012 e cedidas a César Antonio Molina para que preservação na Casa del Lector, onde se encontram até hoje. Nós publicamos sobre isso aqui.

Quinta-feira, 04/08

>>> Romance vencedor do Goncourt, principal prêmio literário da França, O caso Meursault, do jornalista e escritor argelino Kamel Daoud, é lançado no Brasil pela Biblioteca Azul

O romance tem como ponto de partida um dos maiores clássicos da literatura francesa no século XX, O estrangeiro, de Albert Camus, cuja trama é reconstruída sob o ponto de vista do homem assassinado por Meursault, o personagem central da obra camusiana. Sem voz nem nome no livro do escritor francês, o árabe morto recupera a identidade na narrativa de Kamel Daoud. Em um bar em Orã, na Argélia, Haroun, irmão mais novo do assassinado, fala a um universitário parisiense interessado em ouvir o que foi oculto no romance de Camus. O foco da conversa é a cena decisiva de O estrangeiro, na qual o narrador Meursault, ao se sentir ameaçado por desconhecidos em uma praia deserta, atira em um homem, sob um sol escaldante. Em O caso Meursault, a vítima ganha o nome de Moussa, um homem simples e cheio de vida, conforme a lembrança de Haroun. O personagem relata sua infância marcada pelo assassinato do irmão e pela busca desesperada da mãe pelo corpo do filho. Mas o autor não se limita a isso e surpreende quando, fazendo bom uso da ficção, retira Moussa, o árabe ignorado, do lugar do injustiçado.

>>> Brasil: Dois nomes da poesia brasileira apresentam seus novos livros este mês

Os dois títulos são publicados pela martelo editorial. Em A hora e vez de Candy Darling, Horácio Costa renova sua ousadia poética: são 39 poemas que reconstroem paisagens e reflexões críticas que reafirmam sua objetividade lírica. Este é o décimo terceiro livro do poeta publicado no Brasil. E em desilluminismo, Glauco Mattoso amplia seu projeto de ultrapassar sentido óbvio das coisas: a não visão, a cegueira, é tomada como maneira de se relacionar com o mundo sobre a qual se apoia a voz lírica dos poemas, respondendo ao mundo a partir do paradigma da não iluminação das ideias que o circundam – que, de fato, não é o inverso da iluminação (iluminismo/esclarecimento), mas um outro ponto de partida para a compreensão das coisas e situações mundanas, cuja síntese se dá na tradição a que há muito se associa sua poética, na linha de Bocage, Gregório de Matos e Laurindo Rabello. As duas obras integram a coleção cabeça de poeta, que contempla a poesia brasileira novecentista em diante. Mais detalhes em aqui.

Sexta-feira, 05/08

>>> Brasil: Balzac, olho atento a todas as nuances sociais do seu tempo. Antologia reúne ensaios do escritor sobre moda e costumes

Antes de se dedicar ao projeto titânico de A comédia humana, monumento literário de noventa títulos e quase 2.500 personagens produzidos em pouco mais de vinte anos, Honoré de Balzac escreveu um sem-número de artigos em jornais e revistas, sobre política, filosofia, livros e também boas maneiras, moda e culinária. Esta seleção de textos sobre a chamada vida elegante traz o olhar do escritor francês sobre temas como a moda, a cozinha, o uso de luvas e gravatas, além de observações sobre charutos e bebidas alcoólicas. Observações e prescrições deliciosamente antiquadas e reveladoras da vida europeia do século XIX a cargo de um dos maiores escritores de todos os tempos.

>>> Brasil: Noites do sertão, de Guimarães Rosa ganha edição especial

As duas novelas que formam a obra têm como traço comum a sexualidade como força arrebatadora que se sobrepõe a convenções e preconceitos, e pode levar homens e mulheres tanto à plenitude do prazer quanto ao encontro de si mesmos. A primeira, "Dão-Lalalão", é a estória de Soropita, vaqueiro valentão, responsável por várias mortes, que se apaixona totalmente pela faceirice sensual de Doralda, mulher que é "o estado de um perfume. Respirar que forma uma alegria." Surupita a tira de um bordel de Montes Claros para fazer dela sua esposa, mas, apesar da felicidade que experimenta ao seu lado, se ressente ainda de que algum de seus companheiros a reconheçam. A segunda,"Buriti", narra o envolvimento de quatro pessoas que vivem numa fazenda, num clima de extrema sensualidade que os vai envolvendo pouco a pouco e provoca as mais inesperadas aproximações. A Editora Nova Fronteira dedica uma edição em capa dura no âmbito do projeto de reedição da obra de Rosa.

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