Boletim Letras 360º #176
Depois de longa espera, leitores de Philip Roth no Brasil começam a receber os livros que ainda faltam ser traduzidos por aqui. O primeiro dos últimos está disponível. Mais detalhes ao longo deste Boletim. |
Eis a cópia das notícias que divulgamos durante esta semana em nossa página no Facebook e no Twitter @Letrasinverso. Boas leituras!
Segunda-feira,
18/07
>>> Brasil: Os afetos da
filha de João Cabral de Melo Neto um a um se revelam em antologias dedicadas a
revisitação da obra do pai
Desde sempre
Inez Cabral tem estado à frente da obra do pai e desde há alguns dedicada à
criação de antologias com retalhos temáticos da obra do poeta. Foi assim com a
edição de O rio, com poemas cuja evocação são os rios; e é agora com
poemas que registram o olhar de João Cabral de Melo Neto sobre os diversos
lugares onde morou e pelos quais tinha predileção na antologia A
literatura como turismo. Sabe-se que o brasileiro ao longo de seus quase
cinquenta anos de carreira diplomática, morou em países como Espanha,
Inglaterra, Senegal, Equador e Honduras. A cultura e a paisagem desses lugares
marcaram sua poesia de forma expressiva. Sevilha talvez tenha sido a cidade
mais cantada pelo poeta, mas não foi, de modo algum, a única. No Equador, por
exemplo, o fascínio pela natureza e os índios dos Andes produziu joias como “O
corredor de vulcões” e “O índio da Cordilheira”. Os poemas aí reunidos são
entrelaçadas com os relatos memorialistas de Inez Cabral e revelam ao leitor
aspectos cotidianos da vida do pai: seus hábitos, opiniões e gostos.
>>> Vaticano: Uma das mais
antigas edições e, logo, uma das mais valiosas, da Eneida está online
A
organização Digita Vaticana, uma associação sem fins lucrativos filiada à
Biblioteca do Vaticano, concluiu, depois de vários anos de trabalho, a
digitalização do arquivo. A edição data de aproximadamente 400 d.C. e foi
composta por um escriba e três pintores, que buscaram ilustrar o trajeto do
herói Eneas desde Tróia a Itália. O manuscrito conhecido como o “Vergilius Vaticanus”,
é uma das versões mais antigas do mundo da epopeia de Virgílio; está composto
de 76 páginas com 50 ilustrações, mas se trata não de uma edição completa do
manuscrito já que as primeiras páginas se perderam; estima-se que o arquivo
contemplava toda a obra do poeta e teria algo em torno de 440 folhas e 280
ilustrações. Mais detalhes, aqui.
Terça-feira,
19/07
>>> Brasil: O novo livro
de Richard Ford sai no início de 2017
Dificilmente
um editor sabe se um livro quando publicado ou traduzido se converterá numa
surpresa entre os leitores com força suficiente de levar ao fim dos estoques
muito rapidamente da tal obra. É raro, mas aconteceu com a publicação de
Canadá, de Richard Ford. E quando acontece, os leitores
cobram para outros livros do autor descoberto cheguem logo. E é que acontecerá
no início de 2017; Com toda franqueza, título ainda provisório já
foi traduzido está em revisão; sairá pela mesma casa editorial, a Estação
Liberdade. A obra retoma o alterego do escritor - Frank Bascombe.
>>> Brasil: Mais poesia
e livros na caixa postal dos leitores
Uma parceria
entre as editoras Azougue e Cozinha Experimental preparam uma coleção de livros
artesanais com um panorama da poesia brasileira contemporânea, com autores
nascidos entre os anos 1930 e 1960. A coleção será vendida por um sistema de
assinaturas, com um livro entregue por mês. São antologias de nomes como
Roberto Piva, Glauco Mattoso, Alberto Pucheu, Paulo Henriques Britto e Torquato
Neto, entre outros. Cada volume trará uma longa entrevista inédita com
cada um dos autores. Outra parceria, agora entre o projeto TAG - Experiências
Literárias e a editora Dublinense farão o gosto dos leitores: juntos vão editar
uma seleta de livros há muito querido pelos assinantes, mas fora de catálogo.
Só que tudo é surpresa: os leitores só saberão qual livro foi editado quando
receberem um de seus Kits. As edições terão tiragem limitadíssima e só para os
assinantes do projeto.
Quarta-feira,
20/07
>>> Brasil: Não para a
febre Elena Ferrante. Até 2017 grande parte de toda sua obra estará
ao alcance dos leitores
Não, a
autora italiana não é mais exclusiva da Biblioteca Azul, selo da Globo Livros
que traduziu os primeiros livros de Elena no país: o título de abertura da
série napolitana. Os próximos quatro livros seus a serem publicados no país
foram comprados pela Intrínseca. Entre eles, está La Frantumaglia,
com crônicas de Ferrante sobre assuntos como o fazer literário e a razão de seu
o anonimato. O livro saiu na Itália em 2003, mas uma edição atualizada está
sendo preparada para sair nos EUA. Por aqui, só ano que vem. Em outubro, já saem
o romance A filha perdida e Na praia à noite. Este é um
infantil que tem como protagonista uma "personagem" que aparece aqui
e ali na obra da autora: a boneca perdida. ara 2017, está previsto
L'Amore Molesto (O amor perturbador), sobre uma mulher que
investiga a história de sua família. Bom, muito recentemente a Biblioteca Azul
publicou o segundo volume da série napolitana e, agora, o romance Dias de
abandono. O terceiro da famosa série sai em novembro e demais continuam
com o selo da Globo Livros. Até lá toda obra de Ferrante estará em língua
portuguesa no Brasil.
>>> Portugal: Novo número
da Revista Blimunda está disponível na web
É verão na
Europa e muita gente daquele continente está em férias. A edição deste mês do
mensário da Fundação José Saramago veste a toalha, toma um livro e vai ao
encontro dos leitores com o tema "viagem", motivada, claro está, pelo
já famoso itinerário saramaguiano de Viagem a Portugal. «O viajante
viajou no seu país. Isto significa que viajou por dentro de si mesmo, pela
cultura que o formou e está formando», aponta o escritor português no
livro publicado em 1981, uma viagem em que ele se coloca na pele de quem
percorre o seu país a fim de descobri-lo e descobrir-se. Na Blimunda, as
palavras de Pilar del Río, revisita esse título de José Saramago. Há um
passeio pelo universo das feiras de edição independentes e alternativas, dá a
conhecer traço de Eduardo Fonseca, jovem pintor brasileiro que neste mês de
julho expõe o seu trabalho no Centro Cultural de Belém, e vai conhecer os
livros de António Mega Ferreira, entre outros destaques. Basta acessar aqui.
>>> Inglaterra: Obra pouco
conhecida de Jane Austen ganha adaptação para as grandes telas
Orgulho
e preconceito deve ser a obra mais adaptada da escritora. Mas não Lady
Susan, obra de quando Austen teria 19 ou 20 anos quando a escreveu e que só
foi publicada postumamente. É um livro atípico, atrevido e maliciosamente
“subversivo”; escrita sob forma epistolar, tal como uma primeira versão de Razão e sensibilidade, Lady Susan, é uma narrativa curta e diferente de outras
obras de Austen porque contraria as convenções literárias da época: sua
heroína, Lady Susan Vernon, uma aristocrata, viúva recente, é manipuladora,
alcoviteira e estraga-vidas; além de altiva, bonita, inteligente e espirituosa,
mal vista pelas mulheres e admirada pelos homens. Love and
friendship (algo como "Amor e amizade") é a adaptação dessa
obra por Whit Stillman. O filme tem estreia para o próximo mês de agosto de
2016.
Quinta-feira,
21/07
>>> Brasil: Sonhos,
uma antologia de poemas sobre o universo dos sonhos e a suposta realidade que
nos delineia
Entre 1950 e
1963 Cecília Meireles escreveu uma série de poemas marcados pelo fértil campo
dos devaneios, das aspirações e das frustrações no qual toda alma humana
transita. Os poemas dessa obra fizeram parte de uma edição da poesia completa
da poeta, organizada por Antonio Carlos Secchin, em 2001 e agora são publicados
pela primeira numa obra separada. O livro traz uma apresentação analítica e
detalhada feita por Rodrigo Petronio e integra o amplo projeto de reedição da
obra da poeta realizado pela Global Editora.
>>> Brasil: Uma coleção
de clássicos que, em todos os sentidos, cabem no bolso do leitor
Chama-se
"Clássico para todos"; e é uma publicação da editora Nova Fronteira
cujo interesse é oferecer importantes obras da literatura brasileira e
estrangeira a preços populares. Até agora foram apresentados títulos de
Guimarães Rosa (Sagarana), Caio Fernando Abreu (Morangos mofados), Carlos
Drummond de Andrade (Amar, verbo intransitivo), Ariano Suassuna (O auto da
Compadecida), Nelson Rodrigues (A vida como ela é), Machado de Assis
(Esaú e Jacó; Dom Casmurro; Memórias póstumas de Brás Cubas), Lima
Barreto (Triste fim de Policarpo Quaresma), Mário de Andrade (Macunaíma),
Maquiavel (O príncipe), Shakespeare (Romeu e Julieta), Jane Austen
(Razão e sensibilidade), Edgar Allan Poe (Histórias extraordinárias), Saint-Exupéry
(Terra dos homens), José de Alencar (Til; Iracema), Aluísio Azevedo (O
cortiço).
>>> Estados Unidos: Uma nova
adaptação de A redoma de vidro, de Sylvia Plath
Será
dirigida pela atriz Kirsten Dunst, que estreará como diretora de um
longa-metragem. Ela já escreveu o roteiro com Nellie Kim, contará com Dakota
Fanning como protagonista do filme. A história de A redoma de
vidro mostra uma jovem estudante que, após ganhar um prêmio em Nova York
nos anos 1950, retorna para casa e começa a sofrer problemas mentais. O livro
de Plath já ganhou adaptação para o cinema em 1979, com o filme homônimo do
cineasta Larry Peerce, protagonizado por Marilyn Hassett. O novo longa deve
começar a ser filmado no primeiro trimestre de 2017.
Sexta-feira,
22/07
>>> Chega às
livrarias o primeiro dos últimos títulos de Philip Roth em tradução no Brasil
Os
fatos. A autobiografia de um romancista é a narrativa sobre um romancista
que remodelou a maneira como encaramos a ficção. Livro de irresistível candura
e inventividade, é especialmente instrutivo em sua revelação sobre as conexões
entre arte e vida. Philip Roth foca em cinco episódios de sua trajetória: a
infância em Nova Jersey; a formação universitária; o envolvimento com a pessoa
mais ríspida que conheceu; o embate com a comunidade judaica por conta de seu
livro Adeus, Columbus; e a descoberta do lado adormecido de seu
talento que o levou a escrever O complexo de Portnoy. Ao final, um
ataque do próprio autor às suas habilidades como biógrafo encerra de forma
surpreendente o novo livro de um dos principais escritores contemporâneos.
>>> Estados Unidos: John
Crowley, o diretor que adaptou Brooklyn, obra de Colm Tóibín, está
à frente da direção de O pintassilgo, de Donna Tartt
O roteiro é
Peter Straughan. A obra de Tartt é a história Theo Decker, um nova-iorquino que
sobrevive milagrosamente a um acidente que mata sua mãe. Abandonado pelo pai,
Theo é levado pela família de um amigo rico. Desnorteado em seu novo e estranho
apartamento na Park Avenue, perseguido por colegas de escola com quem não
consegue se comunicar e, acima de tudo, atormentado pela ausência da mãe, Theo
se apega a uma importante lembrança dela - uma pequena, misteriosa e cativante
pintura que acabará por arrastá-lo ao submundo da arte.
>>> Brasil: É preciso conhecer a obra-prima
de China Miéville, um dos mais cultuados da literatura britânica contemporânea
Para o bem
ou para o mal, o escritor apelidado como o "Žižek da literatura
contemporânea", Miéville é formado em Antropologia Social pela
Universidade de Cambridge, com Doutorado em marxismo e direito pela London
School of Economics e Professor de escrita criativa da Warwick University. Sua
obra mescla cultura pop com literatura fantástica e elementos da crítica à
sociedade capitalista presentes nas obras de Karl Marx, Walter Benjamin, Kafka
e os surrealistas. Em Estação perdido o leitor é levado para Nova
Crobuzon, no planeta Bas-Lag, uma cidade imaginária cuja semelhança com o real
provoca uma assustadora intuição: a de que a verdadeira distopia seja o mundo
em que vivemos. Nele, Miéville cria um universo instigante que expõe a
realidade das relações trabalhistas, sociais e raciais que marcam a vida nas
grandes metrópoles contemporâneas e comprova a força da imaginação crítica
literária para pensar e construir uma verdadeira utopia anti-capitalista à
altura da alienação e do fetichismo em que estamos imersos. A edição é da Boitempo Editorial.
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