Boletim Letras 360º #166
Há um aviso fixado no topo do mural do nosso Facebook que convida leitores que escrevem e simpatizam com espaço do Letras para enviar contribuições com textos de natureza diversa; sobretudo resenhas sobre livros. Aproveitamos a ocasião para reforçar o convite tão essencial à subsistência de espaços como este. Para saber como preparar e enviar o seu texto, basta ir aqui. Aviso repassado, vamos às notícias que listamos, como já é de costume aos sábados, na página do blog no Facebook.
Anne Frank: em breve todos terão acesso virtual ao espaço onde se escondeu a menina judia autora de um dos textos sobre a memória do Holocausto dos mais lidos no mundo. Mais detalhes ao longo deste Boletim. |
Segunda-feira,
09/05
>>> Holanda: A história
da menina judia que compôs uma das obras mais lidas sobre o tema do holocausto
ganhará forma através da realidade virtual (VR)
O museu Casa
de Anne Frank, localizado em Amsterdã, fará isso para ganhar o mundo.
Um projeto prevê a digitalização do esconderijo da garota, de maneira que ele
possa ser visitado por qualquer pessoa utilizando um gadget de VR. O projeto
Anne é desenvolvido por Jonas Hirsch e pelo cineasta Danny Abrahms, e por meio
da tecnologia VR a história de Anne Frank será contada desde o início dos
anos 1940, quando os nazistas invadiram os Países Baixos. Na ocasião, Anne
Frank, sua família e outras quatro pessoas judias permaneceram escondidas em um
edifício em Amsterdã, onde desde 1960 funciona o museu em sua homenagem. Apesar
de ainda não haver detalhes sobre como o projeto em realidade virtual irá
funcionar, algumas informações apontam para que o público possa ter uma
experiência imersiva, sentindo-se dentro e participante do esconderijo de
Frank.
>>> Brasil: Um dos
poemas mais importantes para o modernismo na Inglaterra chega aos leitores brasileiros
Pela Editora
Topbooks. Trata-se do longo poema "Briggflatts", do inglês Basil
Bunting; autor citado três vezes em Os Cantos de Ezra Pound e quem,
segundo o estadunidense, descobriu uma das mais famosas fórmulas literárias
para a poesia: Dichten = condensare, poesia = condensar. A obra do poeta
exerceu notável influência entre os nomes da sua geração.
"Briggflatts" foi publicada em 1966. Entre nós, poetas e críticos
como Nelson Ascher e Gerardo Mello Mourão situam o poema de 717 versos entre os
mais importantes da literatura mundial – como de resto o fazem numerosos especialistas
em relação a essa obra. A tradução é de Felipe Fortuna.
>>> Espanha: Descoberto
cartas e poemas de Camilo José Cela
O leitor que
gostar de ter acesso às inseguranças de Prêmio Nobel de Literatura iniciante
tem aí a oportunidade: os textos agora revelados estavam no sótão da última
residência do escritor e foram achados entre 2002 e 2003, pouco depois da morte
de Cela e sua primeira companheira, Charo Conde. São cerca de quatrocentas
páginas de manuscritos, entre as quais estão poemas inéditos, duas obras de teatro
e artigos. Há também quase mil cartas trocadas entre Cela e Conde e revelam,
segundo o filho do escritor, “um Cela inseguro, emotivo, cheio de dúvidas, que
busca companhia e amparo”, além é, claro de revelar um escritor em embate com
suas próprias obsessões.
Terça-feira,
10/05
>>> Espanha:Uma
fotografia inédita de Federico García Lorca entre os papéis de seu namorado
Rodríguez Rapún
A família de
Rapún sempre guardou com reservas a vida dos dois homens que se conheceram em
1933. Rafael Rodríguez Rapún não foi mais um na agitada vida amorosa do poeta;
foi o nome a quem devotou os versos de Onze sonetos do amor
obscuro. O envolvimento dos dois é relembrado agora pela família de
Rapún, que, depois das recentes descobertas sobre a biografia de Lorca,
decidiram tornar público alguns materiais que marcam o enlace amoroso: são
fotografias, algumas inéditas (como a desta post), dedicatórias. Falamos sobreos dois numa post em '14 e agora atualizamos com esse material revelado.
Quarta-feira,
11/05
>>> Brasil: As
bibliotecas nacionais do Brasil e de Portugal se associaram para o
desenvolvimento do portal da Biblioteca Digital Luso-Brasileira
O objetivo
principal da iniciativa é disponibilizar, a partir de um único ponto de acesso,
os acervos digitais das duas instituições. Trata-se de um esforço conjunto para
dar nova dimensão, relevância e visibilidade aos conteúdos culturais em língua
portuguesa na internet. Além dos acervos digitais das duas instituições e dos
repositórios digitais nacionais gerenciados por elas – RNOD por Portugal e Rede
Memória Virtual Brasileira –, integram a Biblioteca Digital Luso-Brasileira
preciosidades como os manuscritos dos séculos XVI e XVIII, pertencentes ao
Arquivo Histórico Ultramarino, levantados pelo projeto Resgate Barão do Rio
Branco. Esse acervo trata da vida pública e privada dos habitantes das 18
capitanias, que atualmente correspondem a 22 estados brasileiros, entre outros
itens.A Biblioteca Digital Luso-Brasileira – como dispositivo de difusão
cultural – se posiciona junto a iniciativas colaborativas plurinacionais como a
Biblioteca Digital Mundial e a Europeana. Além dos registros de arquivos
digitais o portal disponibilizará conteúdos textuais criados para
contextualizar as coleções digitais. Tudo está aqui.
>>> Brasil: Haverá,
enfim um fim da Cosac Naify?
Não se fecha
uma editora do dia para noite, assim disse Charles Cosac numa das várias
entrevistas desde quando anunciou no final do ano passado o fim das atividades
da Cosac Naify. Não mesmo. A fim de cumprir todos os acordos contratuais
firmados de longa data, a editora transferiu todo estoque para Amazon, que tem
praticamente aberto uma loja dentro da loja para dar cabo da quantidade de
livros por vender, e agora anuncia a reimpressão de 14 títulos. Dentre
eles, estão obras que não passaram ainda para outras editoras ou estão em
domínio público, como David Copperfield, de Charles Dickens;
Guerra e paz (este já anunciado que fará parte do catálogo do grupo
Companhia das Letras); a caixa especial com toda contística de Liev Tolstói;
e Pais e filhos, de Ivan Turguêniev. A editora também anunciou a
expansão dos títulos no catálogo digital da Amazon.
Quinta-feira,
12/05
>>> Brasil: Exposição
sobre Ferreira Gullar
A primeira
edição de Um pouco acima do chão, o livro de estreia de Ferreira Gullar é o
ponto de partida para uma exposição na Galeria BNDES, no centro do Rio de
Janeiro. A mostra reúne parte do trabalho de organização da companheira do
poeta, Claudia Ahimsa. Além da obra rara, estão fotografias, pinturas, colagem
e objetos como a máquina de escrever em que datilografou o “Poema sujo”, texto
que também está na exposição. Outra novidade no evento é a aparição ao público
pela primeira vez do famoso “Poema enterrado”, uma instalação composta por
Gullar em 1959 e reproduzida por Hélio Oiticica na casa de seu pai na Gávea. E,
o exercício preferido do poeta nos últimos anos, as colagens.
Sexta-feira,
13/05
>>> Brasil: Novos livros
de Afonso Cruz
O escritor
português ainda é pouco conhecido no Brasil; prolífica e inventiva, sua obra é
representada aqui por textos como Jesus Cristo bebia cerveja (Alfaguara) e Os livros que devoraram meu pai (LeYa). Agora, chegam
ao país dois outros títulos para reforçar entre os leitores a necessidade de
conhecer sua obra: Flores, que sai pela Companhia das Letras e O pintor debaixo do lava-louças, pela Editora Peirópolis. O
primeiro é a história de um homem que sofre muito com as notícias que lê
nos jornais, com todas as tragédias humanas a que assiste. Um dia ele se depara
com o fato de não se lembrar do seu primeiro beijo, dos jogos de bola nas ruas
da aldeia ou de ver uma mulher nua. Outro homem, seu vizinho, passa bem com as
desgraças do mundo, mas perde a cabeça quando vê um chapéu pousado no lugar
errado. Contudo, talvez por se lembrar bem da magia do primeiro beijo — e
constatar o quanto a sua vida se afastou dela —, o homem decide ajudar o
vizinho a recuperar todas as recordações perdidas. O segundo acompanha a
trajetória de Jozef Sors, através de quem reflete o poder transformador da
literatura e possibilitando outros olhares sobre as relações entre o coletivo e
o individual em meio ao ambiente de conflito e perseguição que marcou o século
XX, com suas duas guerras mundiais.
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